terça-feira, julho 15, 2025

Scania vai produzir caminhões elétricos no Brasil até 2027

A solidão da Volkswagen Caminhões e Ônibus como única montadora de caminhão elétrico no Brasil está com os dias contatos. A Scania, que faz parte do TRATON Group com a Volkswagen, MAN Truck & Bus e International, anunciou que irá produzir caminhões elétricos no Brasil, em sua fábrica de São Bernardo do Campo, SP. A iniciativa, que faz parte do ciclo de investimentos de R$ 2 bilhões até 2028, começa com a montagem de ônibus a bateria em 2025, como já noticiado pela Frota News no ano passado, e, agora, segue na montagem de caminhões elétricos em 2027.

A estratégia reflete a visão do presidente e CEO da Scania para a América Latina, Christopher Podgorski, que defende um futuro eclético, com diversas fontes de energia coexistindo. Para viabilizar o projeto, a empresa está estruturando a produção em três fases, iniciando com baixos volumes e estrutura flexível, e podendo expandir conforme a demanda do mercado.

Investimentos e nacionalização

Desde 2022, a Scania testa seus ônibus elétricos na própria fábrica, e a partir de setembro de 2025 eles começam a ser montados em série. O projeto é parte de um pacote de R$ 2 bilhões anunciado pela marca em 2024, que se soma a um ciclo anterior de R$ 1,4 bilhão (2019-2024), totalizando R$ 3,4 bilhões em investimentos recentes no Brasil.

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O executivo planeja pleitear junto à matriz na Suécia um novo aporte específico para iniciar a montagem de caminhões elétricos em 2027. O plano é que a montagem seja feita localmente, mesmo com parte dos componentes ainda importada. A Scania pretende nacionalizar progressivamente diversos sistemas, como os chicotes de alta voltagem, o que permitirá enquadrar os produtos em programas como o Finame e o recém-lançado Mover (Mobilidade Verde e Inovação).

Rentabilidade sacrificada, mas estratégia clara

Nos primeiros anos, a rentabilidade será renunciada. A ideia é manter os preços dos caminhões e ônibus elétricos similares aos que seriam praticados com produção local, mesmo enquanto as unidades são importadas com imposto de 35%. Com isso, a Scania pretende acelerar a aceitação dos modelos e ganhar tráfego de dados operacionais com os clientes.

Para isso, a produção seguirá o modelo modular, em que a mesma linha da planta de São Bernardo do Campo será capaz de montar veículos a diesel, a gás e elétricos. Essa versatilidade evita a ociosidade da fábrica e reduz custos iniciais.

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Infraestrutura e operação

No momento, a operação dos veículos elétricos da Scania será restrita a rotas onde há infraestrutura de recarga, como os eixos Rio de Janeiro-São Paulo e São Paulo-Campinas. A empresa também criou uma divisão, chamada Erinion, dedicada a desenvolver soluções de recarga em bases privadas, com previsão de instalar 40 mil pontos de carregamento globalmente.

Comparativo e concorrência

O mercado brasileiro de veículos comerciais elétricos tem crescido e ganhado novos competidores. A Volkswagen Caminhões e Ônibus já produz o e-Delivery no Rio de Janeiro; a Mercedes-Benz produz o ônibus elétrico eO500U; a BYD produz ônibus elétricos em Campinas e planeja caminhões em Camaçari, BA. Montadoras como Volvo, Iveco e novas entrantes chinesas como XCMG também começam a disputar o mercado, inicialmente, com veículos importados e com planos de montagem localmente no futuro.

A Scania, no entanto, foca em um nicho de alto valor: caminhões pesados para rota mista e regional. Modelos como o 30G 4×2, com preço estimado de R$ 2,5 milhões, são voltados a grandes transportadoras que buscam sustentabilidade e eficiência operacional.

O Scania 30G foi lançado na última Fenatran, no ano passado, e teve a primeira e única unidade vendida, até o momento, para o Reiter Log, operadora de logística que já conta com 55 caminhões elétricos, sendo 5 Volvo FM Electric, 10 XCMG E7-49T e 40 JAC iEV1200T.

caminhões elétricos no Brasil
Elétricos da XCMG

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Projeção e futuro

A capacidade inicial da linha de montagem em São Bernardo do Campo será de 250 caminhões elétricos por ano, frente a um potencial de 30 mil veículos/ano da planta. Mas o objetivo é crescer conforme a demanda aumentar. A partir de 2028, a expectativa é que a linha esteja integrada e produzindo todos os tipos de motorização de forma flexível.

Em um momento de forte mobilização da indústria em torno da descarbonização e da inovação tecnológica, a decisão da Scania posiciona o Brasil entre os protagonistas da eletrificação pesada global, gerando empregos, conhecimento e infraestrutura para um novo ciclo industrial.

ITOY
Jornalista Marcos Villela é membro associado desde 2018

 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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