A inauguração da fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus em Resende (RJ), em 1º de novembro de 1996, marcou uma das viradas mais emblemáticas da indústria automotiva brasileira. A unidade introduziu o conceito de Consórcio Modular, modelo em que fornecedores participam ativamente da linha de montagem, reduzindo custos e aumentando a flexibilidade de produção.
Os números de emplacamentos mostram claramente o impacto dessa mudança. Em 1996, ano da inauguração, a VWCO registrou 8.737 unidades emplacadas (7.417 caminhões e 1.320 ônibus). Já no ano seguinte, 1997, o total subiu para 10.638 veículos, um crescimento de 21,8%. A partir daí, a curva ascendente consolidou a montadora como uma das principais fabricantes de veículos comerciais do país.
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Crescimento acelerado nos anos 2000
O início dos anos 2000 foi um período de expansão industrial e tecnológica para a VWCO. Com a estabilização econômica e o fortalecimento do agronegócio, a demanda por transporte de carga aumentou significativamente.
- 2000: 17.111 unidades emplacadas.
- 2004: 28.148 unidades — crescimento de 64,5% em quatro anos.
- 2013: pico histórico até então, com 49.859 unidades.
Crises e retomadas
O desempenho da VWCO reflete também as oscilações da economia brasileira. A crise financeira global de 2008 e a retração econômica de 2015–2016 impactaram fortemente o setor de transporte:
- Em 2009, os emplacamentos caíram para 39.522 unidades (queda de 11% frente a 2008).
- Em 2015, o volume recuou para 23.202 unidades, refletindo a recessão e a queda na demanda por transporte.
- O fundo do poço veio em 2016, com apenas 15.488 veículos, menor nível desde o início dos anos 2000.
Mesmo assim, a VWCO demonstrou resiliência, aproveitando sua estrutura modular em Resende para ajustar a produção, reduzir custos e manter presença no mercado doméstico e de exportação.

Nova era: eletrificação, eficiência e retomada
A partir de 2018, a VWCO iniciou uma nova fase de crescimento, impulsionada pela modernização de sua linha e pela ampliação de produtos de baixo consumo e menor emissão.
- 2018: 24.971 unidades
- 2019: 35.746 unidades (alta de 43%)
- 2021: 44.702 unidades — nível semelhante ao recorde de 2013.
Mesmo com os impactos da pandemia em 2020, a empresa conseguiu sustentar volumes acima de 30 mil unidades anuais, consolidando-se entre as líderes nacionais. O desempenho recente também reflete a chegada do e-Delivery, o primeiro caminhão elétrico produzido no Brasil, fruto direto do avanço tecnológico iniciado em Resende.
Balanço de 1996 a 2024 (anos completos)
Nos 28 anos de operação da fábrica de Resende, os números apontam um crescimento de 348% nos emplacamentos totais — de 8.737 unidades em 1996 para 39.115 em 2024.
| Ano | Caminhões | Ônibus | Total |
|---|---|---|---|
| 1996 | 7.417 | 1.320 | 8.737 |
| 2004 | 23.753 | 4.395 | 28.148 |
| 2014 | 36.157 | 6.481 | 42.638 |
| 2024 | 31.328 | 5.856 | 39.115 |
Mesmo com oscilações, a média de crescimento anual desde 1996 é de aproximadamente 5,7% ao ano. O maior salto absoluto ocorreu entre 2006 e 2008, quando o total de emplacamentos subiu de 27 mil para 44 mil unidades.
Em 2025, a montadora não ficou imune a retração do mercado de caminhões, mas vem garantindo a liderança. A marca registrou 22.300 emplacamentos de caminhões, uma queda de 4,3%, mesmo assim, uma retração menor do que o mercado total, que foi de 7,7%. Em ônibus, a empresa registra crescimento de 11,5%, com 4.506 unidades licenciadas. Esses números são do período entre janeiro e setembro, conforme dados da Carta da Anfavea.
De Resende para o mundo
A fábrica de Resende consolidou-se como símbolo de inovação e produtividade. O modelo modular, a capacidade de adaptação às demandas do transporte e o investimento em novas tecnologias transformaram a VWCO em referência no setor de veículos comerciais na América Latina.
Hoje, ao completar 29 anos de operação, a unidade fluminense não é apenas um polo de montagem, mas um centro de inovação industrial, que conecta o Brasil à estratégia global do Grupo TRATON.


