quinta-feira, novembro 6, 2025

Entrevista: A gestão de segurança da frota de 11 mil veículos da Coca-Cola Femsa Brasil

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Com cerca de 11 mil veículos no Brasil e uma operação que combina frota própria e terceirizada, a Coca-Cola Femsa vem investindo fortemente em tecnologia, segurança e sustentabilidade. Nesta entrevista à Frota News, Murilo Cesar Ramos, gerente sênior de Segurança no Trabalho da empresa, fala sobre o equilíbrio entre frota própria e contratada, as especificações dos caminhões, o avanço da descarbonização da frota e os desafios de formar motoristas para operações de alta exigência.

Frota News – Como está estruturada hoje a frota da Coca-Cola Femsa no Brasil?

Murilo Cesar Ramos – Trabalhamos com um modelo equilibrado: cerca de 50% da frota é própria e 50% terceirizada. No caso da frota primária, 100% é terceirizada. Essa divisão é estratégica, porque garante segurança operacional e flexibilidade contratual. Se algum contrato com transportadora expira ou uma região apresenta restrições, conseguimos reagir rapidamente com a frota própria sem comprometer o abastecimento. No total, são aproximadamente 11 mil veículos, com 280 transportadores parceiros.

A área de Segurança no Trabalho impacta as decisões sobre as especificação dos veículos?

Totalmente. A área de Segurança participa da escolha dos caminhões, tanto da frota própria quanto dos parceiros. Fazemos análises ergonômicas e técnicas antes de aprovar modelos. Há caminhões em que itens de segurança são opcionais, mas nós exigimos sua inclusão. Também pedimos controle de tração, suspensão a ar e sistemas de frenagem autônoma quando disponíveis, porque reduzem o risco e o desgaste físico do motorista.

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Vocês também influenciam as montadoras nesse processo?

Sim. Temos parcerias muito próximas com fabricantes como Mercedes-Benz e Volkswagen e os pressionamos por melhorias. Um exemplo é um caminhão Mercedes com suspensão a ar e recursos de segurança ampliados que surgiu de uma necessidade nossa. Pedimos que fosse disponibilizado para todo o mercado, não só para a Femsa.

A Coca-Cola Femsa já tem quantos caminhões elétricos em operação?

Temos mais de 400 caminhões elétricos, todos usados em entregas urbanas de curta distância (last mile). São veículos Volkswagen e-Delivery, com manutenção feita pela própria montadora. O índice de falhas é baixo e a operação é limpa, mas há desafios: a capacidade de carga e a infraestrutura de energia ainda limitam a expansão. Em alguns locais, a concessionária de energia elétrica não consegue fornecer a potência necessária.

Coca-Cola Femsa
Além do Brasil, o VW e-Delivery é adotado pela Coca-Cola Femsa em outros países da América Latina
Vocês também avaliam o uso de biogás e biometano?

Sim. Já utilizamos biometano em caldeiras e temos caminhões Scania a gás na frota primária. Onde há biometano disponível, usamos; onde não há, operamos com GNV. Falta infraestrutura — ainda são poucos postos —, mas há centenas de projetos em andamento no país, o que deve mudar o cenário em breve.

E quanto à escassez de motoristas? Como lidam com isso?

Esse é um dos maiores desafios. No Brasil já se fala em “apagão” de motoristas. No nosso caso, a dificuldade é ainda maior no last mile, onde o motorista atua também como entregador. Ele descarrega, movimenta peso, lida com clientes — é um trabalho de alta exigência física. Perdemos profissionais para vagas onde só dirigem. Por isso, investimos pesado em formação, com treinamentos, simuladores e acompanhamento gradual até que estejam prontos para operações críticas.

Quantos motoristas trabalham hoje na operação?

São cerca de 4 mil motoristas próprios e outros 4 mil terceirizados no last mile, além de mais 4 mil na frota primária. Os transportadores parceiros seguem programas de capacitação semelhantes aos nossos.

Como funciona a manutenção dos veículos?

Temos estrutura interna para manutenção básica — pneus, elétrica, inspeções — e trabalhamos à noite, quando os caminhões retornam aos armazéns. O que exige mais especialização vai para oficinas credenciadas pelas montadoras ou bancos de leasing. Mantemos 10% de frota reserva de motoristas para substituições imediatas.

O que esperar da próxima renovação de frota?

Não teremos uma grande troca de uma vez, pois a renovação é contínua: entra 15% e sai 5% ao ano. A maioria dos veículos já é Euro 6, e esperamos que os próximos tragam ainda mais tecnologia embarcada — sistemas ADAS, frenagem automática e controle eletrônico de peso.

Gostaria de ver uma tecnologia que impeça a saída de caminhões com excesso de carga, como travas eletrônicas integradas à balança do veículo. Isso reduziria riscos e custos. Já levantei essa ideia junto às montadoras — seria um avanço importante.

E o futuro da frota da Femsa?

O futuro é claramente elétrico, mas talvez com novas soluções de geração embarcada de energia. A tecnologia de baterias ainda evoluirá muito, e estamos atentos a cada passo da transição energética — seja elétrica ou por biometano. O importante é garantir segurança, sustentabilidade e continuidade operacional.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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