Todas as mudanças na mobilidade exigem novos conhecimentos, atenção dos motoristas e geram muitas dúvidas. Por isso, a equipe da Frota News esteve no Palácio dos Transportes, na Vila Maria, em São Paulo, para acompanhar o Seminário Free Flow: Nova Modalidade do Pedágio Eletrônico. O evento, realizado ontem (20/02) pela Fetcesp (Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de São Paulo), reuniu empresários, executivos e representantes de órgãos públicos, como a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), e do setor privado, ligados à gestão de rodovias paulistas.
O principal objetivo do evento foi ampliar o conhecimento sobre o sistema Free Flow, que atualmente opera com três pórticos e tem previsão de expansão ao longo de 2025, mas ainda é pouco conhecido pelo público. Saímos de lá com muitas dúvidas esclarecidas e outras ainda em aberto, mas que serão respondidas em breve. Pelo que apuramos, há muitas notícias boas e algumas ruins. Continue lendo este artigo para entender melhor.
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Antes de tudo, vamos entender o que é o Free Flow
O sistema de pedágio eletrônico Free Flow foi aprovado no Brasil em outubro de 2024 pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A nova regulamentação entrou em vigor em janeiro de 2025, com o objetivo de modernizar a cobrança de pedágios e melhorar a fluidez do tráfego.
O Free Flow permite a cobrança de pedágio sem a necessidade de parar em praças de pedágio. Os pórticos instalados nas rodovias utilizam sensores e câmeras para identificar a placa dos veículos que passam por eles a velocidades de até 140 km/h. A cobrança é feita com base na distância percorrida na rodovia pedagiada, tornando o processo mais eficiente e justo.
Os principais benefícios do Free Flow são:
- Redução de congestionamentos: sem a necessidade de parar, o fluxo de tráfego é mais contínuo.
- Maior eficiência: a cobrança eletrônica agiliza o processo e reduz os custos operacionais.
- Justiça na cobrança: os motoristas pagam apenas pela distância percorrida, e não por uma tarifa fixa.
O Free Flow é uma demanda antiga do setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), pois proporciona mais eficiência e justiça na cobrança de pedágio.
Regulamentação e expansão do sistema
O seminário contou com a palestra Regulamentação do Sistema Free Flow, ministrada por Fernando Barbelli, gerente de Regulação da ANTT. Ele explicou os aspectos contratuais das concessões rodoviárias e os impactos do sistema na segurança viária. Segundo Barbelli, entre 2012 e 2020, foram registradas 11 mil ocorrências de acidentes em praças de pedágio convencionais. Nos trechos onde o Free Flow já foi implementado, houve apenas um incidente.
Na sequência, Carla Fornasaro, diretora-presidente da CCR RioSP, abordou a evolução do pedágio eletrônico e o gerenciamento de tráfego na Via Dutra. Segundo Fornasaro, a CCR investirará R$ 25,8 bilhões nos próximos 30 anos na rodovia e já administra três pórticos de Free Flow na Rio-Santos.
Rodrigo Hirata, gerente de projetos da ARTESP, detalhou o planejamento da expansão do sistema: “Nos próximos lotes cedidos às concessões, teremos cinco pórticos em Paranapanema, dois no Túnel Imerso Santos-Guarujá, 37 no Circuito das Águas e 18 na Rota Mogiana”.
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Formas de pagamento e impactos para o usuário
André Turquetto, CEO da Veloe, apresentou as opções de pagamento para o Free Flow e as expectativas futuras. Segundo ele, o sistema trará segurança ao planejamento do setor e benefícios diretos aos usuários.

As concessionárias terão redução significativa de custos com a nova tecnologia. Atualmente, segundo a ANTT, o Brasil tem cerca de 200 praças de pedágio, que empregam milhares de funcionários. Essas praças serão gradativamente substituídas à medida que o pedágio eletrônico for implantado. Segundo Cleber Chinelato, gerente de desenvolvimento da CCR RioSP, o sistema entrará em funcionamento na Rodovia Presidente Dutra até meados deste ano.
No final do evento, houve um debate. Alguns transportadores reclamaram dos altos preços dos pedágios e questionaram se os ganhos das concessionárias serão repassados à sociedade em forma de redução de tarifas. As respostas dos representantes foram vagas e não convenceram a plateia. O melhor argumento foi o de que a redução no tempo de viagem compensaria os custos. A conclusão é que dificilmente haverá redução nas tarifas.
O que acontecerá com os trabalhadores das praças de pedágio?
Segundo Carla Fornasaro, essas pessoas serão requalificadas para exercer outras funções na concessionária.
Fala dos presidentes das entidades
Carlos Panzan, presidente da Fetcesp, destacou que o seminário teve como objetivo esclarecer dúvidas sobre o Free Flow. Vander Costa ressaltou que a tecnologia reduzirá custos logísticos e impactará o preço final dos produtos. Eduardo Rebuzzi complementou dizendo que o Free Flow trará mais justiça, cobrando conforme a quilometragem percorrida e melhorando a eficiência logística e a mobilidade.