quarta-feira, abril 16, 2025

Atvos consegue licença para construir fábrica de biometano no MS

A Atvos, empresa do setor de biocombustíveis, acaba de conquistar a Licença de Instalação (LI) para a construção de sua primeira fábrica de biometano. A nova planta será erguida em Nova Alvorada do Sul (MS), no complexo da Unidade Santa Luzia (USL). Aliás, já conhecida por sua produção de etanol e energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar.

A autorização, concedida pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (IMASUL), órgão ambiental do governo estadual, abre caminho para o início das obras. A expectativa é que a terraplanagem do terreno comece já em abril, gerando cerca de 100 empregos diretos na região. No auge da construção, esse número deve ultrapassar 300, impulsionando a economia local.

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“Este é um passo crucial para consolidarmos nossa liderança na transição energética, ampliando nosso portfólio com o biometano”, celebrou Bruno Serapião, CEO da Atvos, durante a Expocanas. A saber, evento do setor sucroenergético que reuniu autoridades como o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e o prefeito de Nova Alvorada do Sul, José Paleari.

A nova fábrica, que ocupará uma área de 320 mil metros quadrados, tem previsão de entrar em operação até o final de 2026. A matéria-prima será proveniente dos resíduos da produção de cana-de-açúcar, como torta de filtro e vinhaça.

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Com capacidade para produzir 28,3 milhões de metros cúbicos de biometano por ano. A planta contribuirá significativamente para a redução da emissão de gases de efeito estufa. Já que o biometano emite até 90% menos poluentes que o diesel, segundo a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás).

“Agradeço aos governos de Mato Grosso do Sul e Nova Alvorada do Sul por criarem um ambiente favorável a este projeto, que impulsionará o desenvolvimento da região”, destacou Serapião. O governador Riedel, por sua vez, ressaltou a importância do investimento: “Este anúncio demonstra a confiança na nossa gestão, que tem criado um ambiente propício para o crescimento e desenvolvimento de Mato Grosso do Sul”.

Atvos: um motor para a economia de MS

A nova fábrica de biometano se soma às outras três unidades da Atvos em Mato Grosso do Sul: Eldorado, em Rio Brilhante, e Costa Rica, na cidade homônima. Juntas, elas respondem por 4.300 empregos diretos e 11 mil indiretos, com capacidade para processar mais de 13 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

A expectativa é que a produção de biometano no Brasil cresça 600% até 2029, segundo a Abiogás. E certamente, a Atvos se posiciona como um player estratégico neste mercado em expansão.

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MME aprova isenção fiscal para projetos de biometano

O Ministério de Minas e Energia (MME) aprovou o enquadramento de dois projetos de biometano no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi). Que concede assim, isenção de PIS/Cofins para investimentos em fontes renováveis de energia. A medida faz parte do programa Metano Zero do MME, lançado em 2021, que visa estimular a produção e o consumo de biometano no país.

O biometano é um combustível renovável e limpo, que pode substituir o gás natural em diversos setores, como indústria, transporte, geração de eletricidade e aquecimento. Ele é produzido a partir da purificação do biogás, gerado pela decomposição de resíduos orgânicos. Assim como os provenientes da atividade agropecuária, do tratamento de esgoto e dos aterros sanitários. O biometano promove uma economia circular, ao transformar um passivo ambiental em um ativo econômico, e contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Um dos projetos beneficiados pelo Reidi é da BP Bunge Bioenergia. Aliás, que prevê a construção de uma planta de biometano anexa à Usina Tropical, em Edéia (GO). A planta terá capacidade para produzir 66,5 mil metros cúbicos por dia do combustível, a partir do aproveitamento do biogás gerado na vinhaça, subproduto da produção de etanol. O investimento total estimado é de R$ 500 milhões, dos quais R$ 260 milhões teriam a incidência de PIS/Cofins. A planta recebeu autorização para construção em fevereiro de 2023 e deve entrar em operação em julho de 2024. A BP Bunge Bioenergia é uma das maiores empresas do setor sucroenergético do Brasil. Além disso, com 11 unidades produtoras de etanol, açúcar e energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar.

SCBIO Energias Renováveis

O outro projeto contemplado pelo Reidi é da SCBIO Energias Renováveis, que planeja instalar uma planta de biometano em São Carlos (SP). A planta utilizará resíduos orgânicos como matéria-prima e terá capacidade para produzir 4,8 mil metros cúbicos por dia do combustível. O investimento previsto é de R$ 8 milhões, dos quais R$ 4 milhões teriam a incidência dos impostos. A previsão inicial da SCBIO era entregar a nova planta em dezembro de 2023, mas a empresa enfrentou dificuldades para obter as licenças ambientais necessárias. A expectativa é que o empreendimento seja concluído até o final de 2024. A SCBIO é uma empresa que atua na produção de biogás e biometano a partir de resíduos agroindustriais, como bagaço de cana, casca de café, casca de arroz, entre outros.

Os dois projetos de biometano fazem parte de um cenário de expansão desse mercado no Brasil, que tem um grande potencial de produção, estimado em 80 bilhões de metros cúbicos por ano. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), o Brasil deve se tornar um dos cinco maiores produtores de biometano do mundo até 2026, representando mais de 10% do fornecimento global. Para isso, é preciso superar alguns desafios, bem como a falta de uma regulamentação específica, a necessidade de incentivos fiscais e financeiros, a integração com a infraestrutura de gás existente e a conscientização dos consumidores sobre os benefícios do biometano.

Biometano vs GNV

O Frota News defende o biometano em vez do GNV no sentido de orientar muitos transportadores que estão comprando caminhão Scania movido a gás. Os motores a gás de hoje são muito mais modernos e funcionam com os dois tipos de gás. No entanto, não faz sentido o transportador pagar cerca 44% a mais em um caminhão a gás em relação ao diesel fóssil para utilizar o GNV, também um combustível fóssil. O biometano é um combustível renovável que faz parte da economia circular. É o mesmo que comprar um automóvel flex e abastecê-lo com gasolina em vez de etanol.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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