A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, recentemente, afirmou, com todas as letras, que nunca viu um momento econômico tão bom. Segundo ela, todos os números da macroeconomia caminham bem. No entanto, essa declaração parece estar completamente desconectada da realidade da maioria dos brasileiros. Enquanto, os preços dos alimentos disparam e o poder de compra diminui, o governo amplia suas despesas, sem que isso se traduza em melhorias para a população.
Talvez a ministra mudasse sua percepção se tivesse que ir ao mercado com o orçamento apertado de um trabalhador comum. Sentindo na pele o impacto da alta nos preços dos itens básicos. Mas como essa não é sua realidade, vale destacar como os brasileiros estão lidando com esse cenário econômico.
Da picanha à carcaça de frango
A promessa de campanha do atual mandatário do país era que o pobre voltaria a comer picanha e tomar cervejinha. Esse que poderia ter sido um slogan de campanha, tornou-se viral ao longo do período eleitoral, e gerou expectativa entre muitos eleitores. Entretanto, a realidade se impôs e se antes o pobre substituía cortes bovinos por ovos, hoje a alternativa tem sido a carcaça do frango e a espinha do porco. Segundo o IPCA-15 (Índice Nacional de Preço Amplo 15), o preço do ovo subiu quase 20% em março, tornando até essa substituição um desafio para muitas famílias. O custo da cesta básica, por exemplo, ultrapassa R$ 800, em diversas capitais, elevando ainda mais o custo de vida dos brasileiros.
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Outro vilão quando o assunto é mercado é o café. Antes, sinônimo de hospitalidade e reuniões matinais, o café tornou-se artigo de luxo, chegando até mesmo virar meme na internet, tornando-se símbolo de ostentação. O valor da segunda bebida mais consumida no Brasil foi o mais alto em 28 anos e segue aumentando, inviabilizando o consumo por grande parte das famílias brasileiras.
A realidade se sobrepõe às narrativas
Enquanto a dívida pública federal cresce, as estatais fecham com o pior déficit da história, o Banco Central reduz a projeção de crescimento do PIB em 2025, a confiança do consumidor cai para o menor nível desde 2022 e o mercado financeiro aumenta a previsão de inflação para este e os próximos anos, os brasileiros seguem sendo pressionados a contentar-se com o pouco, submetendo-se a endividamentos cada vez maiores para suprirem o básico.
A exemplo disso, temos acompanhado o crescimento vertiginoso dos brasileiros que têm recorrido a jogos de azar como meio para angariar dinheiro. Segundo uma pesquisa, por exemplo, cerca de 12% dos lares brasileiros fazem apostas para tentar aumentar a renda; outros têm optado por cortar até mesmo gastos essenciais como forma de amenizar o impacto da inflação.
“Cansei de falar”, fala de Simone Tebet ao jornalão “Estadão” de 27 de março deste ano”.
Como discutido ao longo do texto, o momento econômico não tem sido o melhor, pelo contrário, a contragosto da ministra Simone Tebet, os brasileiros têm enfrentado um cenário de economia volátil e redução cada vez mais crescente de sua qualidade de vida. Assim, enquanto uns acumulam ovos de ouro e outros ao menos encontram ovos de ema, ao brasileiro sobra apenas a casca ressecada – quebradiça como suas esperanças em um país que já não alimenta seus próprios filhos.