IBGE E CNT: AGRONEGÓCIO, TRANSPORTE E RODOVIAS NO CENTRO-OESTE

IBGE
Transportadora Bom Jesus

O Centro-Oeste do Brasil constatou ter consolidado o transporte rodoviário como sua posição como peça fundamental na economia da região, conforme a Pesquisa Anual de Serviços (PAS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último dia 31 de agosto. A pesquisa foi realizada em 2021 e revela que o setor de transporte rodoviário contribuiu com 25,6% da receita bruta gerada pelas empresas de serviços na região.

A influência da agropecuária foi um dos principais motores desse crescimento. A analista do IBGE Synthia Kariny Silva de Santana, responsável pela pesquisa, destaca a interligação do transporte rodoviário com a agroindústria na região. Ela afirma: “A gente vê um desenvolvimento do modal rodoviário nessa região. No Centro-Oeste, é um modal muito atrelado a outras atividades, como a agroindustrial. É o escoamento dessa produção que está ligado ao desenvolvimento do modal rodoviário no Centro-Oeste.”

Das quatro unidades da federação que compõem o Centro-Oeste, três têm o transporte rodoviário como líder na geração de receita: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Vale ressaltar que o transporte rodoviário engloba tanto o transporte de cargas quanto o de passageiros.

Eixo de transporte

Além disso, a pesquisa revela a existência de um “eixo de transporte” nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde o setor de transportes é significativamente desenvolvido. No Estado do Amazonas, por exemplo, a maior contribuição para a receita de serviços vem da atividade de outros transportes, que inclui modais como aquaviário e dutoviário.

Ao considerar o setor de transportes de forma mais ampla, englobando transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, ele se destaca como o principal segmento em receita bruta de serviços em três das cinco grandes Regiões do Brasil: Norte (39,8%), Centro-Oeste (36,0%) e Sul (34,7%). O transporte rodoviário também desempenha um papel crucial nesses números, sendo responsável por 15,2%, 25,6% e 22,6% das receitas nessas respectivas regiões.

As principais cargas

A soja lidera como a principal commodity agropecuária produzida no Centro-Oeste, seguida pelo milho, algodão e carne bovina. O transporte rodoviário se mostra essencial para o escoamento dessas commodities, beneficiando-se de um relevo plano e de uma malha rodoviária bem desenvolvida na região.

Em 2021, o transporte rodoviário representou 25,6% da receita bruta de serviços no Centro-Oeste, um aumento notável em relação aos 21,2% registrados em 2020. Esse aumento é reflexo direto do crescimento da produção agropecuária na região.

Embora o transporte rodoviário seja importante em outras regiões do Brasil, sua participação na receita bruta de serviços é menor. No Nordeste, por exemplo, o transporte rodoviário representou 17,2% da receita bruta de serviços em 2021.

A tendência de crescimento da demanda por transporte rodoviário no Centro-Oeste deve se manter nos próximos anos, impulsionada pelo crescimento contínuo da produção agropecuária e pelo desenvolvimento de outras atividades econômicas, como o turismo. A agropecuária continua a pavimentar o caminho para o sucesso do setor de transporte rodoviário na região.

Na foto de destaque deste artigo, alguns caminhões da transportadora do Grupo Bom Jesus, uma das maiores do Centro-Oeste. Leia também:

As rodovias do Centro-Oeste

A Pesquisa CNT (Confederação Nacional do Transporte) de Rodovias avalia toda a malha pavimentada das rodovias federais e os principais trechos estaduais. Em 2022, foram analisados 18.084 km na região Centro-Oeste, que representam 16,4% do total pesquisado no Brasil.

1. Estado Geral: 65,0% da malha rodoviária pavimentada avaliada da região apresenta algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima. 35,0% da malha é considerada ótima ou boa.

2. Pavimento: 52,9% da extensão da malha rodoviária da região avaliada apresenta problemas. 47,1% estão em condição satisfatória.

3. Sinalização: 57,1% da extensão da malha rodoviária da região é considerada regular, ruim ou péssima.

42,9%, ótima ou boa. 6,1% da extensão está sem faixa central e 10,8% não tem faixas laterais.

4. Geometria da Via (traçado): dessa forma, 57,7% da extensão da malha rodoviária da região apresenta algum tipo de problema. Assim, 42,3% estão ótimas ou boas. As pistas simples predominam em 87,6%. Falta acostamento em 44,9% dos trechos avaliados. Certamente, 9,0% dos trechos com curvas perigosas não têm sinalização.

5. Pontos críticos: a Pesquisa identificou 74 na região.

6. Custo operacional: as condições do pavimento no estado geram um aumento de custo operacional do transporte de 30,4%. Ademais, isso reflete na competitividade do Brasil e no preço dos produtos.

7. Investimentos necessários: para recuperar as rodovias no Centro-Oeste, com ações emergenciais, de restauração e de reconstrução, enfim, são necessários R$ 11,94 bilhões.

8. Meio ambiente: em 2022, por fim, estima-se que haverá um consumo desnecessário de 167,5 milhões de litros de diesel devido à má qualidade do pavimento da malha rodoviária na região. Esse desperdício custará R$ 764,24 milhões aos transportadores.

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