sexta-feira, junho 20, 2025

Entenda as razões para a redução de 53% nas rodovias federais

Quando analisamos estatísticas em curto espaço de tempo, podemos ter análises pontuais. Já ao observarmos os dados ao longo de um período maior, é possível identificar tendências e compreender os fatores que influenciam os resultados. Isso fica evidente em um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que revela uma expressiva queda no número de sinistros de trânsito nas rodovias federais brasileiras entre 2007 e 2024. O total de ocorrências caiu de 136.400, em 2007, para 63.468, em 2024 — uma redução superior a 53% ao longo de 17 anos. Lógico que o ideal deve ser o zero acidentes, o que é objetivo de muitas empresas com frotas, principalmente, transportadoras.  

Essa evolução positiva é reflexo de uma série de melhorias implantadas no país. Novas tecnologias que ampliaram a segurança dos veículos, investimentos em infraestrutura viária e o reforço na fiscalização — tanto eletrônica quanto presencial — contribuíram para transformar o cenário nas estradas brasileiras. 

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A série histórica da PRF mostra que o pico de sinistros ocorreu em 2012, com 191.398 registros. A partir desse ano, os números passaram a cair de forma progressiva, com destaque para o período entre 2014 e 2019, quando as ocorrências diminuíram de 168.593 para 62.402. Nos anos seguintes, a tendência de queda se manteve, com pequenas oscilações, mas sempre em patamares inferiores aos do início da série. 

Outro dado relevante é a redução nos números de feridos e mortos. Em 2007, foram registrados 84.549 feridos e 8.428 mortes nas rodovias federais. Já em 2024, esses números caíram para 66.502 feridos e 4.580 vítimas fatais. Isso representa uma redução de aproximadamente 21% nos feridos e de 45% nos óbitos no período analisado. 

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Entre os fatores que explicam essa melhora, destaca-se o aumento dos investimentos públicos em infraestrutura viária. A partir de 2007, o governo federal passou a direcionar recursos mais robustos para obras de duplicação de rodovias, correção de traçados perigosos, instalação de passarelas e melhorias na sinalização. Somam-se a isso os programas de concessões rodoviárias, que elevaram o padrão das estradas administradas pela iniciativa privada. 

Na fiscalização, a PRF ampliou sua presença com a instalação de radares fixos, lombadas eletrônicas e barreiras móveis. O uso de tecnologias como etilômetro, videomonitoramento e sistemas integrados de inteligência também tornou as operações mais precisas e eficazes no combate às infrações. 

No campo da segurança veicular, avanços importantes ocorreram entre 2007 e 2014. Nesse período, o Brasil tornou obrigatórios equipamentos que hoje são padrão em qualquer automóvel novo. Em 2014, por exemplo, passou a vigorar a obrigatoriedade do sistema de freios ABS e dos airbags frontais para todos os veículos leves produzidos ou comercializados no país. Além disso, desde 2010, normas mais rígidas de crash test e controle estrutural foram adotadas, exigindo mais resistência das carrocerias e maior proteção aos ocupantes. 

A combinação de todos esses fatores — infraestrutura mais segura, veículos mais bem equipados, fiscalização mais inteligente e campanhas de conscientização — compõe o cenário de queda sustentada dos índices de sinistros. 

O gráfico apresentado no relatório da PRF confirma essa trajetória, com destaque para a inflexão acentuada a partir de 2014. Embora a partir de 2020 os dados apresentem certa estabilidade, os índices se mantêm consistentemente abaixo da média registrada entre 2007 e 2013. 

Especialistas em segurança viária destacam que os resultados reforçam a importância de políticas públicas contínuas e integradas, voltadas à prevenção e à fiscalização. Segundo eles, o fortalecimento das ações da PRF, aliado à conscientização dos motoristas e aos avanços da indústria automotiva, tem sido decisivo para preservar vidas nas rodovias do país. 

Próximos passos para manter a redução

Apesar dos avanços, especialistas alertam que ainda há desafios a enfrentar. A renovação da frota de veículos pesados, a ampliação da cobertura de infraestrutura de qualidade nas regiões Norte e Centro-Oeste e a expansão de tecnologias avançadas de assistência à condução (ADAS) são caminhos estratégicos para manter e aprofundar a queda nos índices de acidentes. 

Outro ponto de atenção é o comportamento dos condutores. Campanhas educativas constantes, fiscalização do uso de celular ao volante e combate à embriaguez são medidas que precisam ser fortalecidas. O investimento contínuo em educação para o trânsito, desde a formação dos motoristas até ações escolares, também é apontado como fator essencial para consolidar uma cultura de segurança no tráfego rodoviário. 

O Brasil já demonstrou que é possível salvar vidas com políticas bem estruturadas. O desafio agora é manter o foco, ampliar os esforços e garantir que os avanços se transformem em uma realidade permanente para todos os que transitam pelas rodovias federais. 

Instagram: estou sempre trocando ideias por lá também. Me segue no Instagram, e vamos continuar essa conversa.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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