segunda-feira, maio 20, 2024

Retrofit: o desafio em custos e autonomia na transformação de caminhão diesel em elétrico

Retrofit é um processo de modernização e reforma aplicado a máquinas, veículos ou equipamentos que estão ultrapassados, fora de linha ou inadequados às normas técnicas da indústria. No contexto de caminhões, o retrofit de caminhão envolve transformar um caminhão a diesel em um veículo elétrico, contribuindo para a mobilidade sustentável. A prática não é novidade nos Estados Unidos e na Europa, porém, no Brasil, há algumas experiências e grandes desafios.

A Tegma Gestão Logística, em parceria com a Plug.in fez a conversão de um VW Constellation de diesel para uma propulsão totalmente elétrica. Este projeto-piloto, utilizando baterias de veículo elétrico (BEV), está sendo testado para o transporte de veículos zero quilômetro.

O gerente de Transportes da Tegma, Sandro Torres, destacou que o veículo convertido representa um avanço tecnológico, mas como um “laboratório” crucial para o desenvolvimento de uma infraestrutura de recarga e para testes de autonomia. O objetivo é que a autonomia do caminhão seja superior a 500 km e que os custos do retrofit sejam reduzidos.

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Para superar os desafios de infraestrutura, a Tegma está desenvolvendo uma rede de recarga ao longo da rota com destino ao Paraguai, além de buscar parcerias para expandir testes em rotas adicionais, abrangendo territórios nacionais e internacionais. Essas rotas incluem países do Mercosul como Uruguai, Chile, Argentina e Bolívia, onde a empresa já possui operações. A expansão da rede de fornecedores para recarga de caminhões elétricos enfrenta obstáculos, especialmente devido à escassez de pontos de apoio e ao investimento necessário na adaptação das redes elétricas de parceiros e filiais.

Este caminhão elétrico é o primeiro no Brasil adaptado para cobrir longas distâncias. Sua customização e preparação contam com o apoio de clientes-chave da Tegma, muitos dos quais são empresas globais sob pressão para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.

Um ponto crucial na transição para veículos elétricos é a questão das baterias de lítio, conhecidas por seus extremos impactos na produção e potenciais impactos ambientais no descarte. No entanto, a Tegma, em parceria com uma startup, associou-se à Energy Source para desenvolver um processo de reciclagem de baterias de íon de lítio. Esse processo, que utiliza métodos mecânicos e hidrometalúrgicos, promete emissão zero de CO² e uma destinação adequada dos resíduos ao final de sua vida útil.

Aliás, as baterias de veículos podem ter uma segunda vida útil, como Power Bank de usinas solares em indústrias, residências e fazendas.

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Nos Estados Unidos, retrofit, geralmente, é realizado com caminhões mais usados, o que justificaria os custos para ampliar a vida útil de um caminhão a diesel que já prestou serviços por muitos anos. O custo do retrofit é equivalente ao preço de um zero quilômetro a diesel.

No Brasil, as experiências estão sendo realizadas com caminhão zero quilômetro ou seminovos. Desta forma, se é o retrofit é feito com um caminhão de R$ 1 milhão, o custo final é de R$ 2 milhões. Por outro lado, se a conversão é feita, por exemplo, em um VW Constellation 19.320 ano 2006, por exemplo, contato pela Fipe em R$ 115.050,00, o custo final é de R$ 1.115.050, e a empresa ainda realiza o benefício de reciclar um caminhão com 18 anos de uso.

Outra questão, é que, pode ser um mercado promissor recente, ainda há poucas empresas especializadas no tema, e poucos fornecedores de componentes para o processo de retrofit, portanto, baixa escala de produção ou dependência de importação, envolvendo os altos custos da logística internacional e carga tributária.

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A ZF é uma das fabricantes de componentes que também aposta no retrofit. Ela vem desenvolvendo sistemas para retrofit de caminhões e ônibus. Um exemplo é o motor elétrico CeTrax lite. Com uma potência máxima de 150 kW (equivalente a 201 cv) e posicionado centralmente na estrutura do veículo.

retrofit
O motor elétrico CeTrax desenvolvido pela ZF para retrofit

Segundo Kebler Vinhas, vice-presidente regional da divisão de veículos comerciais da ZF, o CeTrax lite é a solução para a eletrificação de veículos comerciais já existentes, permitindo aos fabricantes uma transição suave para a produção de veículos puramente elétricos sem necessidade de revisões significativas em suas plataformas de design.

Desde 2020, a produção em massa do CeTrax tem sido um marco para a ZF. Certamente, entre os ônibus urbanos e veículos especiais que operam em portos e centros logísticos. A versão lite do CeTrax se destaca como uma alternativa igualmente atraente para caminhões de entrega de pequeno porte, ônibus urbanos e veículos especiais. Dessa forma, para operações de entrega de “última milha” em zonas urbanas de baixa emissão.

A ZF não está apenas colhendo os frutos do sucesso do CeTrax lite. Certamente, a empresa também está de olho no futuro com o CeTrax 2 dual. Por certo, uma nova geração de acionamento central elétrico para veículos comerciais pesados a fim de entrar em produção em breve. Esse novo acionamento promete expandir ainda mais as possibilidades de eletrificação para uma variedade de veículos comerciais.

Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Sou jornalista no setor da mobilidade desde 1988, com atuações em jornais, nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, como editor da revista Transporte Mundial entre 2002 e maio de 2023, e com experiência em cobertura na área de transporte no Brasil e em cerca de 30 países. Representante do Brasil como membro associado do ITOY (International Truck of the Year), para troca de experiências e conteúdos jornalísticos. Mais, recente começou como colaborador do corpo docente na Fabet (entidade educacional sem fins lucrativos).
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