O Renault Kardian chegou no final de 2023 como uma aposta da marca francesa para o disputado segmento dos SUVs compactos. Produzido na fábrica de São José dos Pinhais (PR), ele fez a estreia da nova plataforma modular da Renault na América Latina e entrega um pacote técnico que surpreende em vários aspectos. Rodamos com o modelo para avaliar o comportamento dinâmico, desempenho, conforto e consumo, e adiantamos: o Kardian não é só design moderno — ele tem substância.
Coração novo: motor turbo e câmbio de dupla embreagem
O principal destaque do Kardian está sob o capô: o motor 1.0 TCe turbo flex de três cilindros entrega até 120 cv de potência e torque de 22,4 kgfm com etanol (20,4 kgfm com gasolina), atingido a baixos 2.000/2.250 rpm. Isso garante respostas rápidas e agilidade no trânsito urbano — mesmo com o ar-condicionado ligado e ocupantes a bordo.
Associado ao motor está o inédito câmbio automático EDC de dupla embreagem, banhado a óleo, com seis marchas e opção de trocas sequenciais por aletas (paddle shifts) atrás do volante — uma exclusividade no segmento nessa faixa de preço. As trocas são rápidas e suaves, com boa inteligência eletrônica para manter o motor em rotações ideais, tanto na cidade quanto na estrada.
Desempenho: números que empolgam

Na prática, o Kardian acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos com etanol — um dos melhores tempos entre os SUVs 1.0 turbo no Brasil. Com gasolina, o tempo sobe para 10,7 segundos, ainda assim bastante competitivo. Na estrada, a sexta marcha longa (0,561:1) favorece o silêncio a bordo e reduz o consumo, que ficou em 13,9 km/l com gasolina em nosso percurso rodoviário, segundo dados do Inmetro.
Dirigibilidade e conforto: acerto surpreendente
Com direção elétrica precisa, o Kardian transmite leveza e segurança ao volante. Seu diâmetro de giro de 10,5 metros facilita manobras em vagas apertadas. A suspensão dianteira tipo McPherson e o eixo de torção traseiro garantem equilíbrio entre conforto e firmeza, mesmo em pisos irregulares.
A altura livre do solo, de 209 mm, e os ângulos de entrada (20°) e saída (36°) dão ao Kardian capacidade para encarar rampas, valetas e trechos de terra leve com tranquilidade — características fundamentais para o público brasileiro.
Design e espaço interno: compacto com bom porta-malas
Por fora, o Kardian segue o novo padrão visual da Renault, com faróis afilados em LED e linhas musculosas. Apesar dos 4.119 mm de comprimento, o SUV oferece bom espaço interno para quatro adultos e porta-malas de 358 litros, volume superior ao de alguns concorrentes diretos.

As rodas aro 16 ou 17 polegadas, dependendo da versão, calçam pneus 205/60 ou 205/55, ajudando no visual mais parrudo e na boa aderência nas curvas.
Veredito
O Renault Kardian pode ser um dos lançamentos mais importantes da marca francesa em décadas no Brasil até a data desta avaliação (outubro de 2024), havia 16.186 unidades emplacadas neste ano, sendo 6.494 Kardian para frotas.
O Renault Kardian entrega mais do que o visual sugere: bom desempenho, câmbio moderno, consumo eficiente e robustez para o uso urbano e rodoviário. Ele preenche um espaço estratégico no portfólio da marca, mirando consumidores que buscam estilo, mas não renunciam a dirigibilidade e conteúdo técnico.
Para quem procura um SUV compacto com pegada moderna, o Kardian vale o test drive. E promete esquentar ainda mais a briga entre os turbinados nacionais.
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Renault Master é eleita “Van do Ano 2025” e anuncia lançamento da versão a hidrogênio

O novo Renault Master conquistou o título de “Van do Ano 2025”, concedido pelo júri do International Van of the Year (IVOTY). Este reconhecimento acontece no mesmo dia em que a fabricante francesa anuncia o lançamento da versão a hidrogênio começará a ser produzido em 2025, solidificando ainda mais sua posição no mercado de veículos comerciais.
Plataforma de três energias
O Renault Master premiado está em geração mais avançada em relação ao modelo comercializado no Brasil. A geração atual europeia se destaca pelo seu design batizado de “Aerovan”, e pela nova plataforma com versões disponíveis em motor diesel, elétrico ou a hidrogênio
Entre as grandes inovações, o Renault Master H2-Tech foi desenvolvida em colaboração com a HYVIA, uma joint venture entre o Grupo Renault e a Plug, focada em soluções de mobilidade a hidrogênio. O furgão a hidrogênio será comercializado a partir do final de 2025, na Europa.
Vila Galvão adota hidrogênio em motor diesel para descarbonização
No IAA Transportation em Hannover, na Alemanha, o protótipo do Renault Master H2-Tech foi apresentado como um grande avanço tecnológico, antecipando a versão de produção que estará disponível no próximo ano. Com uma autonomia de 700 km em cada abastecimento. Para a sua operação, haverá estações de abastecimento que faz a eletrólise e a produção do hidrogênio.
Um dos grandes trunfos do Renault Master H2-Tech é seu tempo de recarga. Com uma recarga de hidrogênio em apenas 5 minutos, o veículo oferece uma experiência equivalente a um veículo a combustão. A rede de estações de hidrogênio na Europa, em fase de expansão, será um posto-chave para o sucesso dessa tecnologia.
Análise
Os valores do veículo, estações de abastecimento e do kg do hidrogênio ainda não foram revelados. No entanto, já há estimativas de outras empresas. A Raízen e a Shell estão fazendo pesquisa e desenvolvimento no Brasil para a produção de hidrogênio a partir do uso de etanol, e o kg do hidrogênio com esta fonte pode custar R$ 44 o kg, bem mais barato se for utilizado eletricidade da rede pública, fonte que faz o preço subir para R$ 115. Esses valores são o custo de produção do hidrogênio, pois o preço de uma estação de abastecimento pode ultrapassar os R$ 20 milhões.
Para se ter ideia, um Toyota Mirai, como exemplo por ser o veículo movido a hidrogênio que está há mais tempo no mercado, roda 100 km com um kg de hidrogênio e, estima-se, que uma van deve rodar uns 60 km com a mesma quantidade. O Toyota Mirai começou a ser vendido em outubro de 2015 e nesses nove anos, vendeu 14.105 unidades nos Estados Unidos. Considerando a mesma base de comparação (país e período), o Corolla a gasolina teve 2,8 milhões de unidades comercializada nos Estados Unidos. E o preço do MIrai é apenas 2,29 vezes maior do que o Corolla. No entanto, a indústria de veículos comerciais acredita que os operadores de transportes estão mais dispostos a investir na transição energética do que o consumidor pessoa física e por isso continuam a investir em diversas soluções, como veículos elétricos, a gás, biodiesel, biometano e HVO.
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