sexta-feira, julho 11, 2025

Michelin fecha fábrica em meio ao boom de motos e bicicletas no Brasil

A Michelin anunciou que encerrará as atividades de sua unidade industrial em Guarulhos (SP) até o final de 2025. A empresa alega que a medida é reflexo da crescente pressão da concorrência com produtos importados, especialmente da Ásia, que têm chegado ao mercado brasileiro com preços significativamente mais baixos. Segundo a empresa, a operação tornou-se economicamente inviável diante desse cenário desafiador.

A fábrica de Guarulhos atualmente é responsável pela produção de câmaras de ar para motos e bicicletas, pneus industriais e componentes utilizados por outras unidades da Michelin. O pior para indústria nacional é de que são segmentos de mercado em franco crescimento.

Por outro lado, o setor de duas rodas no Brasil segue em trajetória de crescimento e deve manter o ritmo em 2025. Após um desempenho recorde em 2024 — com produção de mais de 1,7 milhão de motocicletas e vendas no varejo superando 1,87 milhão de unidades — a expectativa é que o mercado continue aquecido. As projeções apontam para 2,02 milhões de motos emplacadas em 2025, um avanço de 7,7% em relação ao ano anterior, além de crescimento de 13% nas exportações. O desempenho reflete uma tendência consistente nos últimos anos, impulsionada pela praticidade na mobilidade urbana e por fatores econômicos que favorecem o uso de motos.

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O mercado de bicicletas também acompanha esse movimento positivo, com destaque para o avanço das elétricas. No primeiro trimestre de 2025, a produção de e-bikes atingiu 6.800 unidades — um salto de 89% na comparação anual. As bicicletas convencionais também mantêm bom desempenho, especialmente no Polo Industrial de Manaus, que concentra a maior parte da produção nacional e tem capacidade instalada para mais de 2,5 milhões de unidades somando bicicletas e motocicletas. A tendência é de consolidação desse segmento, com o aumento da demanda por soluções sustentáveis e alternativas de mobilidade.

E o desafio para Michelin não é apenas a importação de pneus. No segmento de duas rodas, a marca enfrenta uma concorrência da indústria nacional crescente, como a da Levorin, que produz mais de 28 milhões de pneus por ano para bicicletas e motos, além de outros fabricantes que têm investimento no aumento de produção e qualidade de seus produtos, e com preços mais competitivos.

As outras unidades Michelin no Brasil

A Michelin possui sete unidades industriais operacionais distribuídas em diferentes regiões do Brasil. O complexo de Campo Grande (RJ) é um dos mais relevantes da companhia no mundo, com produção voltada para pneus de ônibus, caminhões, máquinas agrícolas e da mineração. Já a planta de Resende (RJ) é dedicada a pneus para veículos de passeio e caminhonetes, além de reforços metálicos.

Na região Norte, a unidade de Manaus (AM) aproveita os benefícios fiscais da Zona Franca para produzir pneus voltados aos segmentos de motos e bicicletas. Essas vantagens tornam mais interessante para a empresa transferir a produção de Guarulhos (SP) para o Norte. Além dessas, a Michelin atua com operações de logística, pesquisa e sustentabilidade em estados como Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais.

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Reestruturação diante de um mercado desaquecido

O anúncio do fechamento da unidade de Guarulhos ocorre em um momento delicado para o setor de pneus no Brasil. De acordo com dados mais recentes da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), o volume de vendas no primeiro quadrimestre de 2025 caiu 4,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 15,99 milhões de pneus negociados entre montadoras e o mercado de reposição.

No acumulado de 2024, o setor registrou uma retração de 2,7% nas vendas — o menor nível desde 2013. O desempenho reflete o impacto de uma série de fatores, incluindo a desaceleração da indústria automotiva, a alta dos custos de produção e a ampliação da participação de produtos estrangeiros, que têm minado a competitividade da produção nacional devido ao “Custo Brasil” com a desafiadora e complexa legislação tributária.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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