A expectativa era de economia de até 5% em relação ao diesel convencional, mas os testes mostraram empate técnico — e, em alguns casos, custo até maior. Mesmo assim, a Amaggi decidiu manter e expandir o ousado projeto de descarbonização com o uso de biodiesel B100 em caminhões, máquinas agrícolas e embarcações. Outras empresas seguem o mesmo caminho, como a Binatural, que lançou em Goiás uma rota 100% sustentável em parceria com a Catto Transportes.
A Amaggi, gigante do agronegócio brasileiro, surpreendeu o mercado ao anunciar que manterá firme sua estratégia de substituir o diesel tradicional pelo biodiesel puro (B100) em suas operações, mesmo sem a economia financeira inicialmente prevista.
Após meses de testes com mais de 100 caminhões Scania movidos exclusivamente a B100 — além de máquinas agrícolas e embarcações fluviais —, a empresa concluiu que o custo operacional do biocombustível está tecnicamente empatado com o do diesel B14 (com 14% de biodiesel misturado ao combustível fóssil), podendo até ser superior em determinados contextos. Ainda assim, o projeto segue em ritmo acelerado.
“Mesmo sem a economia esperada, entendemos que o B100 é um investimento estratégico de longo prazo. E, para nós, a conta já fecha”, afirmou Ricardo Tomczyk, diretor de Relações Institucionais da Amaggi, durante evento promovido pela Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
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Binatural e Catto criam rota 100% sustentável no interior de Goiás
A Binatural, indústria referência na produção de biodiesel, também deu um passo importante ao lançar um projeto inédito de descarbonização em parceria com a Catto Transportes. Juntas, as empresas implantaram uma das primeiras rotas logísticas 100% sustentáveis do país, no interior de Goiás — desde o biocombustível utilizado no caminhão até a carga transportada, que são insumos recicláveis utilizados na fabricação do próprio biodiesel.
O caminhão utilizado é um modelo híbrido DAF XF 530, recentemente integrado à frota da transportadora. O veículo opera exclusivamente com biodiesel B100 e deve evitar a emissão de aproximadamente 396 toneladas de CO₂ em três anos de operação.
“Essa união mostra, na prática, que a descarbonização do transporte rodoviário é uma realidade e está acontecendo. Colocamos na estrada um caminhão B100 que transporta material reciclável, uma das matérias-primas do nosso próprio biodiesel. Da origem ao destino, essa é uma rota completamente sustentável”, afirma André Lavor, CEO e cofundador da Binatural.
“Criamos um dos primeiros trajetos 100% sustentáveis do país. Isso é o tipo de solução que nos move”, completa.
Para Michel Catto, diretor comercial da Catto Transportes, o projeto é estratégico e reposiciona a empresa para o futuro. “Estamos muito orgulhosos dessa parceria com a Binatural. Mostramos que é possível unir eficiência logística à preservação ambiental com inovação e compromisso com o futuro.”
Frota pioneira da Amaggi
Em 2023, a Amaggi recebeu da Scania mais de 100 unidades do modelo R 500 6×4 Super, configurados de fábrica para rodar com biodiesel 100%. Com isso, passou a operar a maior frota do mundo com esse tipo de combustível. Os caminhões transportam grãos entre o norte de Mato Grosso e o Pará, sendo abastecidos com biodiesel produzido pela própria Amaggi em sua usina em Lucas do Rio Verde (MT).
Integração vertical e autossuficiência
A Amaggi controla toda a cadeia produtiva do biocombustível. O B100 é fabricado a partir do óleo degomado de soja proveniente das esmagadoras da própria empresa. Isso garante autossuficiência, evita custos com impostos sobre combustíveis e fortalece a competitividade da operação.
A usina tem capacidade para 368 mil m³ por ano — volume suficiente para abastecer suas frotas rodoviária, agrícola e fluvial.
Sustentabilidade do campo aos rios
Além da frota de caminhões, a Amaggi também expande o uso do B100 para máquinas agrícolas (em parceria com a John Deere) e para navegação fluvial. A empresa se tornou a primeira no Brasil a utilizar biodiesel puro em embarcações, com testes bem-sucedidos no empurrador “Arlindo Cavalca”. A meta agora é estender a operação para todos os 11 empurradores da subsidiária Hermasa, que operam nos rios Madeira e Amazonas.
Muito além da economia: é estratégia
Tanto Amaggi quanto Binatural apontam que o uso do B100 é, antes de tudo, uma decisão estratégica. A Amaggi persegue a meta de zerar suas emissões líquidas até 2050, investindo em soluções como agricultura regenerativa e energia limpa. A Binatural, por sua vez, fortalece sua atuação como agente de transformação da matriz energética brasileira, com respeito à vida e ao meio ambiente, como reforça o seu slogan: “Energia Boa”.
Conclusão: um novo momento para os biocombustíveis no Brasil
O avanço do biodiesel puro no Brasil, com projetos robustos e comprometidos como os da Amaggi e da Binatural, mostra que a transição energética não é mais uma tendência: é uma realidade em construção. Mesmo com desafios técnicos e financeiros, o B100 começa a ganhar espaço como combustível viável, limpo e estratégico.
Se o futuro do transporte passa pela sustentabilidade, o biodiesel puro está no centro dessa estrada — e as empresas que saem na frente terão vantagem competitiva e reputacional.
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O caminhão que aparece na imagem acima junto do CEO da BiNatural não pertence a Amaggi conforme consta na legenda. O caminhão pertence a Catto Transportes que fechou uma grande parceria com a BiNatural. Nada a ver com a Amaggi. Peço ajustar a informação.
Olá Fabiano. Você leu só o título ou leu todo o artigo? O artigo fala da Amaggi e também da Binatural.