sábado, abril 26, 2025

Indústria paulista cresce em janeiro, mas dados precisam de análise mais profunda 

Segundo a Agência Brasil, órgão público de notícias, a jndústria paulista tem crescimento expressivo em janeiro, impulsionada pelo setor automotivo e metalúrgico. Será? Temos que analisar os dados com mais bases de comparação. É verdada de que quem vendeu 12 unidades, duas a mais, teve um crescimento “expressivo” de 20%? Também é verdade que, quem vendeu 120.000 undidades, sendo 12.000 mil a mais, cresceu “apenas” 10%. 

A indústria de transformação é tão importante quanto a do agronegócio, a do serviço, e todas as outras. Novamente, segundo a Agência Brasil, as vendas da indústria de transformação do estado de São Paulo registraram um crescimento significativo de 18,4% em janeiro de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em relação a dezembro de 2024, a alta foi de 15,7%. Os dados foram divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apontam um desempenho atípico para o primeiro mês do ano. 

De qualquer forma, é uma notícia positiva. No entanto, qual é a necessidade de crescimento da indústria de transformação para criar empregos e importância no comércio internacional. O Brasil é bom em exportar commodities para paraísos fiscais e, desses países, para países que têm verdadeiras indústrias de transformação, como a China que está dominando as indústrias de automóveis elétricos, celulares, computadores, trens etc.

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Setores automotivo e metalurgia 

Segundo a entidade, o crescimento expressivo foi impulsionado principalmente pelos setores de veículos, produtos de metal e metalurgia, que apresentaram desempenho destacado no período. Vamos fazer um comparativo com base em dados checados e acumulados, em vez de usar só percentuais que, sozinhos, são enganosos. 

Vamos usar os dados de produção de 2023, pois é o que temos consolidados no mundo pela OICA (associação que representa os fabricantes de veículos automotores). Nos 12 meses, produzimos 1.781.612 veículos leves e pesados. Tudo bem que 2023 foi um ano pós-pandemia, mas a base de comparação é igual para todos os países. No mesmo período, usando apenas como referência países com população e dimensão territorial menores do que o Brasil. 

Segundo a OICA, o Japão produziu, no mesmo período, 7.765.428 veículos. A Coreia do Sul produziu  3.908.747 veículos. Na Alemanha, 4.109.371 veículos saíram das linhas de montagem e, até a Espanha produziu mais que o Brasil: 1.907.050 unidades. 

Entendemos que é de interesse de órgãos públicos mostrar uma realidade melhor do que ela é por interesses eleitorais, mas também é responsabilidade mostrar uma perspectiva que gere desafios para crescer e melhorarmos, pois a taxa de natalidade e de jovens que chegam ao mercado são maiores em números absolutos do que só percentuais.  

Produção de aço

O Instituto do Aço Brasil também colocam a perspectiva da Agência Brasil e Fiespe em dúvida. Segundo a entidade, é verdade que a produção brasileira de aço cresceu 5,3% em 2024, mas… 

… ainda somos dependentes de importação, dependência que cresceu, e ainda estamos no nono lugar no ranking mundial de produção de aço com um market share de 1,8%, atrás da Turquia, Alemanha, Coréia do Sul, Rússia, Estados Unidos, Japão, Índia e China. E a notícia pior não é esta. É que esses países produzem aço e criam empregos em seus países com o nosso minério, com o custo das vidas em Mariana (MG) e Brumadinho (MG). O Brasil e Austrália são os dois maiores exportadores de minério do mundo, com quase 80% da produção mundial. Onde há vantagem nessas estatísticas? Será que não temos o que melhorar? 

A Agência Brasil segue fornececendo dados sem base de comparação: “Além das vendas, outros indicadores também apresentaram resultados positivos. As horas trabalhadas na produção cresceram 0,7% em janeiro na comparação com dezembro e 3,6% em relação a janeiro de 2024. No entanto, os salários na indústria paulista mantiveram-se estáveis em relação a dezembro, com uma leve alta de 0,7% no comparativo anual.” 

O que fazemos com esses dados? Nada, exceto termos que lembrar que precisam ser melhores. De que temos uma das piores rendas per capita em comparação com o nosso PIB, Custo Brasil e custo do Estado? 

Os dados reforçam a retomada da atividade industrial no estado precisam melhorar, mesmo que positivos, mas não suficientemente positivos. e indicam um início de ano promissor para o setor. A evolução dos próximos meses dependerá de fatores como demanda interna, exportações e políticas econômicas que possam influenciar o desempenho industrial. 

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam, necessariamente, a visão deste veículo.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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