Segundo a Agência Brasil, órgão público de notícias, a jndústria paulista tem crescimento expressivo em janeiro, impulsionada pelo setor automotivo e metalúrgico. Será? Temos que analisar os dados com mais bases de comparação. É verdada de que quem vendeu 12 unidades, duas a mais, teve um crescimento “expressivo” de 20%? Também é verdade que, quem vendeu 120.000 undidades, sendo 12.000 mil a mais, cresceu “apenas” 10%.
A indústria de transformação é tão importante quanto a do agronegócio, a do serviço, e todas as outras. Novamente, segundo a Agência Brasil, as vendas da indústria de transformação do estado de São Paulo registraram um crescimento significativo de 18,4% em janeiro de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em relação a dezembro de 2024, a alta foi de 15,7%. Os dados foram divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e apontam um desempenho atípico para o primeiro mês do ano.
De qualquer forma, é uma notícia positiva. No entanto, qual é a necessidade de crescimento da indústria de transformação para criar empregos e importância no comércio internacional. O Brasil é bom em exportar commodities para paraísos fiscais e, desses países, para países que têm verdadeiras indústrias de transformação, como a China que está dominando as indústrias de automóveis elétricos, celulares, computadores, trens etc.
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Setores automotivo e metalurgia
Segundo a entidade, o crescimento expressivo foi impulsionado principalmente pelos setores de veículos, produtos de metal e metalurgia, que apresentaram desempenho destacado no período. Vamos fazer um comparativo com base em dados checados e acumulados, em vez de usar só percentuais que, sozinhos, são enganosos.
Vamos usar os dados de produção de 2023, pois é o que temos consolidados no mundo pela OICA (associação que representa os fabricantes de veículos automotores). Nos 12 meses, produzimos 1.781.612 veículos leves e pesados. Tudo bem que 2023 foi um ano pós-pandemia, mas a base de comparação é igual para todos os países. No mesmo período, usando apenas como referência países com população e dimensão territorial menores do que o Brasil.
Segundo a OICA, o Japão produziu, no mesmo período, 7.765.428 veículos. A Coreia do Sul produziu 3.908.747 veículos. Na Alemanha, 4.109.371 veículos saíram das linhas de montagem e, até a Espanha produziu mais que o Brasil: 1.907.050 unidades.
Entendemos que é de interesse de órgãos públicos mostrar uma realidade melhor do que ela é por interesses eleitorais, mas também é responsabilidade mostrar uma perspectiva que gere desafios para crescer e melhorarmos, pois a taxa de natalidade e de jovens que chegam ao mercado são maiores em números absolutos do que só percentuais.
Produção de aço
O Instituto do Aço Brasil também colocam a perspectiva da Agência Brasil e Fiespe em dúvida. Segundo a entidade, é verdade que a produção brasileira de aço cresceu 5,3% em 2024, mas…
… ainda somos dependentes de importação, dependência que cresceu, e ainda estamos no nono lugar no ranking mundial de produção de aço com um market share de 1,8%, atrás da Turquia, Alemanha, Coréia do Sul, Rússia, Estados Unidos, Japão, Índia e China. E a notícia pior não é esta. É que esses países produzem aço e criam empregos em seus países com o nosso minério, com o custo das vidas em Mariana (MG) e Brumadinho (MG). O Brasil e Austrália são os dois maiores exportadores de minério do mundo, com quase 80% da produção mundial. Onde há vantagem nessas estatísticas? Será que não temos o que melhorar?
A Agência Brasil segue fornececendo dados sem base de comparação: “Além das vendas, outros indicadores também apresentaram resultados positivos. As horas trabalhadas na produção cresceram 0,7% em janeiro na comparação com dezembro e 3,6% em relação a janeiro de 2024. No entanto, os salários na indústria paulista mantiveram-se estáveis em relação a dezembro, com uma leve alta de 0,7% no comparativo anual.”
O que fazemos com esses dados? Nada, exceto termos que lembrar que precisam ser melhores. De que temos uma das piores rendas per capita em comparação com o nosso PIB, Custo Brasil e custo do Estado?
Os dados reforçam a retomada da atividade industrial no estado precisam melhorar, mesmo que positivos, mas não suficientemente positivos. e indicam um início de ano promissor para o setor. A evolução dos próximos meses dependerá de fatores como demanda interna, exportações e políticas econômicas que possam influenciar o desempenho industrial.