quinta-feira, novembro 6, 2025

Como a Renault está usando a IA para tornar a logística de suas fábricas mais lucrativa e sustentável

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Em um mundo que há práticas de “greenwashing” para o marketing em favor da agenda ESG, mostrar resultados passou a ser fundamental, e a Renault decidiu reinventar o papel da logística dentro de seu grupo global. O que antes era visto como uma operação de bastidor, o “balé invisível” que garante a entrega de milhões de veículos, hoje é um centro estratégico de inovação.

A montadora francesa, que vendeu mais de 2,264 milhões de veículos em 2024, colocou a Inteligência Artificial (IA) e os dados no coração de sua cadeia de suprimentos — uma rede que conecta 100 mil peças, 4 mil fornecedores e 25 fábricas em 11 países, entre elas a unidade de São José dos Pinhais (PR), parcialmente (26,4%) vendida à chinesa Geely Auto.

Nas redes sociais, a Renault compartilhou alguns dos resultados concretos, as ferramentas utilizadas e os desafios dessa transformação digital:

  • €20 milhões (cerca de R$ 106 milhões) economizados entre 2020 e 2024;
  • 7.500 toneladas de CO₂ a menos emitidas no mesmo período.

Esses números mostram que eficiência logística e sustentabilidade caminham juntas — e, mais que isso, que a agenda ESG pode gerar lucro.

Na Renault, a IA é tratada como uma ferramenta de resolução de problemas reais, não como um projeto de laboratório. A missão é traduzir a complexidade operacional em clareza — do carregamento de caminhões à previsão de riscos globais.

OPTIM3D: Otimização do espaço (e do carbono)

Um dos projetos mais emblemáticos dessa jornada é o OPTIM3D.

  • Desafio: maximizar o uso do espaço nos caminhões sem aumentar o número de viagens.
  • Solução: um algoritmo de IA que calcula automaticamente a melhor forma de carregar os veículos, aproveitando cada centímetro cúbico disponível.
  • Impacto: menos caminhões nas estradas, mais eficiência logística e redução direta das emissões de carbono.

O OPTIM3D transforma algo aparentemente banal — o empilhamento de caixas e componentes — em uma equação de sustentabilidade e custo-benefício.

OPTIMROUTE: o GPS estratégico da Renault

Outra ferramenta inovadora é o OPTIMROUTE, o “planejador inteligente” de rotas.

  • Desafio: o tempo e o esforço envolvidos no planejamento manual de trajetos complexos.
  • Solução: um sistema que calcula em segundos as melhores rotas, equilibrando distância, custo e tempo.
  • Impacto: decisões ágeis e uma malha de transporte otimizada, o que reduz atrasos e custos de combustível.

O resultado é uma operação mais ágil, flexível e adaptável a eventos imprevistos — algo essencial num cenário global de crises logísticas.

Torre de controle: da reação à previsão

A Renault também opera uma torre de controle logística, equipada com ferramentas como o U-PREDICT e o MEDIA SCREENING.

  • O U-PREDICT antecipa custos logísticos em tempo real.
  • O MEDIA SCREENING monitora acontecimentos mundiais que possam afetar o fornecimento de peças.

Essa infraestrutura de dados transforma a cadeia de suprimentos reativa em um sistema preditivo, capaz de agir antes que os problemas ocorram.

Colaboração entre humanos e máquinas

O segredo do sucesso, segundo o grupo, não está apenas na tecnologia, mas na colaboração sinérgica entre humanos e IA. Cientistas de dados, especialistas em logística, equipes de TI e universidades trabalham juntos para desenvolver algoritmos sob medida que unem machine learning, pesquisa operacional e IA generativa.

A filosofia é clara: a IA não substitui, mas potencializa as pessoas. Ela fornece as respostas para que as equipes possam tomar decisões mais rápidas, inteligentes e sustentáveis, disse Sébastien Liorzou, VP de Processos e Digital Supplay Chain.

O futuro: agentes autônomos e decisões em tempo real

A Renault já vislumbra o próximo passo: a adoção de agentes de IA autônomos, capazes de orquestrar tarefas logísticas, aprender com a experiência e sugerir ações em tempo real.

Ao colocar a inteligência artificial no centro de sua logística, a Renault demonstra que inovação e sustentabilidade podem andar lado a lado — e que cada caixa otimizada, cada rota recalculada e cada decisão antecipada compõem um movimento estratégico que vai muito além da tecnologia.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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