sexta-feira, maio 16, 2025

Caminhões a gás urbano: Scania P 280 vs. Iveco NG vs. VW Constellation 26.280 

O mercado brasileiro de caminhões a gás urbano começa a ganhar corpo com a chegada de modelos voltados especialmente para operações urbanas e regionais. A corrida pela descarbonização do transporte pesado mobiliza montadoras e gestores de frota, que observam com atenção os ganhos em emissões, ruído e economia operacional. Além disso, o crescimento de interesse pelas empresas por frotas a gás cresce exponencialmente, visto que a meta da Scania para este ano é maior do a soma das vendas dos últimos quatro anos. 

Entre os semipesados, três modelos despontam como os protagonistas dessa nova fase do transporte sustentável no Brasil: Scania P 280 6×2, Iveco Tector NG, e o Volkswagen Constellation 26.280 — este último ainda em fase de testes com clientes estratégicos. A Frota News apresenta um comparativo técnico e estratégico exclusivo entre esses modelos para ajudar frotistas a tomar decisões mais seguras na transição energética. 

Tecnologia de motorização e desempenho 

Os três caminhões utilizam motores a ciclo Otto, com ignição por centelha, preparados para rodar com biometano e, na falta deste, com GNV (Gás Natural Veicular). Veja os dados técnicos: 

Característica  Scania P 280 6×2  Iveco Tector NG  VW Constellation 26.280 
Motor  Scania 9L ciclo Otto  FPT NEF 6, 5.9L ciclo Otto  Cummins B6.7N ciclo Otto 
Potência  280 cv  204 cv  280 cv 
Torque  1.400 Nm  750 Nm  1.100 Nm 
Transmissão  Opticruise (automatizada)  Manual de 6 marchas  Allison (automática) 
Capacidade de gás (m³)  Até 226 m³  120 m³  Até 240 m³ 
Autonomia estimada  400 a 500 km  Até 350 km  Até 300 km 

 

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Scania P 280 

O Scania P 280 é reconhecido pela sua potência de 280 cv e torque elevado de 1.400 Nm, características que conferem desempenho superior para demandas de operações urbanas pesadas e trechos regionais. Um de seus principais diferenciais é a transmissão automatizada Opticruise, amplamente testada e consagrada em aplicações de alta severidade, que garante trocas de marcha precisas, menor desgaste dos componentes e maior conforto para o motorista. O modelo também inclui suspensão pneumática de série, que proporciona um rodar mais suave mesmo em condições adversas, além de um chassi reforçado que assegura durabilidade e resistência em operações mais exigentes. 

caminhões a gás urbano
Scania P 280

Além disso, o Scania P 280 é projetado com foco em eficiência operacional. Com capacidade de armazenamento de gás de até 226 m³, sua autonomia pode chegar a 500 km, dependendo da configuração de tanques. Isso representa uma vantagem significativa para transportadoras que operam em trechos mistos ou rotas urbanas com menor infraestrutura de abastecimento. Essa configuração técnica o posiciona como uma solução robusta e versátil dentro do segmento de caminhões a gás. 

No contexto da transição energética no Brasil, a Scania demonstra liderança e pioneirismo no desenvolvimento de caminhões a gás, acumulando anos de experiência no enfrentamento dos desafios da cadeia de suprimentos e logística de abastecimento no mercado brasileiro. Essa maturidade tecnológica reflete-se tanto na confiabilidade dos seus produtos quanto no suporte oferecido aos frotistas que optam pela adoção de combustíveis mais limpos e sustentáveis. 

Além das características de um produto mais robusto, a Scania tem maior maturidade no projeto de caminhões a gás no Brasil, pois ela é pioneira e já conhece todos os desafios, além de toda a cadeia de fornecimento de gás para frotistas.  

Iveco Tector NG 

A Iveco tem longa tradição em caminhões a gás na Europa, com mais de 8 mil unidades entregues aos frotistas europeus. No Brasil, ela iniciou sua jornada no ano passado. O Iveco Tector NG é equipado com o motor FPT NEF 6, ciclo Otto, de 5.9 litros, desenvolvido para operar com combustíveis como biometano e GNV (Gás Natural Veicular). Com uma potência de 204 cv e torque de 750 Nm, ele se posiciona como uma solução de entrada neste segmento e mais indicado para operações urbanas leves e médias, incluindo entregas de carga fracionada e serviços municipais. Apesar de ser o mais modesto em termos de desempenho, o modelo atende com excelência às necessidades de aplicações menos severas, com foco na economia e na sustentabilidade. 

caminhões a gás urbano
Iveco Tector NG

Sua transmissão manual de 6 marchas garante simplicidade e facilidade de manutenção, sendo uma escolha especialmente prática para empresas que estão em fase inicial da transição energética. O caminhão também se destaca pelo conforto interno, que inclui ergonomia avançada e sistemas que proporcionam maior comodidade ao motorista durante longas jornadas em áreas urbanas. 

Com capacidade de armazenamento de gás de até 120 m³, o Tector NG oferece uma autonomia estimada de até 350 km, o que o torna uma opção atrativa para rotas urbanas que permitem reabastecimento frequente. Sua construção robusta e sua compatibilidade com combustíveis renováveis refletem o compromisso da Iveco em oferecer soluções sustentáveis no transporte de cargas. 

Além disso, a Iveco traz sua expertise na tecnologia de gás natural, incorporando anos de experiência em mercados internacionais.  

VW Constellation 26.280 

O Volkswagen Constellation 26.280 apresenta um conjunto mecânico robusto graças ao motor Cummins B6.7N ciclo Otto, de 6.7 litros, projetado para operar com biometano e GNV (Gás Natural Veicular). Esse motor entrega uma potência de 280 cv e um torque de 1.100 Nm,  300 Nm menos do que o Scania P 280, mas ainda suficientes para atender às demandas de operações urbanas pesadas, como coleta de resíduos sólidos e outras atividades municipais de alta intensidade. 

caminhões a gás urbano
VW Constellation 280

Um dos principais destaques do modelo é a transmissão automática Allison, conhecida pela sua confiabilidade e desempenho em aplicações severas. Essa transmissão proporciona trocas de marcha suaves e precisas, reduzindo o esforço do motorista e aumentando a produtividade nas operações. O sistema também contribui para a durabilidade dos componentes mecânicos, especialmente em condições de uso frequente e pesado. 

Com capacidade de armazenamento de gás de até 240 m³, o modelo promete uma autonomia de cerca de 300 km, suficiente para duas jornadas completas em aplicações como a coleta de resíduos em grandes cidades.  

A infraestrutura para abastecimento 

O uso de gás ainda exige planejamento logístico por parte das empresas, já que a infraestrutura de abastecimento no Brasil segue concentrada em regiões metropolitanas. 

Para viabilizar a operação em larga escala dos veículos a gás, a Scania está investindo em parcerias para que a indústria de gás faça a ampliação da rede de abastecimento. Segundo a fabricante sueca, já são mais de 130 postos com bombas de alta pressão para veículos pesados, cobrindo corredores estratégicos com raio de atuação de até 400 km. 

Principais rotas cobertas: 

  • Nordeste: BR 101 (do Ceará à Bahia); 
  • Centro-Oeste: BR 262 (Mato Grosso do Sul); 
  • Sudeste: BRs 040, 381, 116, SP 348; 
  • Sul: BR 116 e BR 101. 

Sem muitas informações, a Iveco comunicou no final de março deste que que havia feito uma parceria com a Gasmig (distribuidora de gás) para promover o gás natural e o biometano no setor de transportes em Minas Gerais. Segundo presidente da Gasmig, Carlos Camargo de Colón, “por meio do programa ‘Corredores GNV’ estamos empenhados em construir no estado a melhor infraestrutura de gás no país. O principal objetivo é garantir, ao menos, um posto GNV a cada 400km de distância nas principais rodovias que ligam Minas Gerais ao Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Bahia, permitindo o alcance de regiões estratégicas”. 

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Visão do mercado e perspectiva futura

A aposta das montadoras nos caminhões a gás urbanos é estratégica. A Scania foi pioneira e lidera em volume de vendas no Brasil. A Iveco traz know-how europeu com o Tector Natural Power e quer brigar por espaço entre frotistas de médio porte. Já a Volkswagen, que aposta em parcerias com empresas de resíduos, está validando o desempenho do Constellation em condições reais antes de escalar a produção. 

Segundo especialistas, o uso de biometano deve se consolidar como o verdadeiro diferencial competitivo, por ser mais limpo e, em algumas regiões, mais barato que o diesel. No entanto, ainda há desafios logísticos, fiscais e de infraestrutura. 

 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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