sexta-feira, julho 11, 2025

Até no Tio Sam: biometano ganha preferência no caminhão pesado

Indústria americana amplia rapidamente estrutura de RNG (Gás Natural Renovável), enquanto motoristas e transportadoras destacam viabilidade técnica e econômica do biometano em veículos pesados. E até no Tio Sam seguem a tendência brasileira.

Enquanto o futuro dos caminhões elétricos a bateria de longa distância ainda enfrenta incertezas, cresce nos Estados Unidos — e ecoa no Brasil — uma preferência cada vez mais consolidada entre transportadores: o uso de caminhões movidos a gás natural renovável, o chamado RNG ou biometano.

Na ACT Expo 2025, o maior evento de tecnologia limpa para transporte da América do Norte, ficou claro que o biometano vem ganhando destaque como solução energética viável para o transporte pesado. Líderes da Cummins e da Hexagon Agility — duas gigantes globais de motores e sistemas de combustível — ressaltaram a densidade energética, a disponibilidade de componentes, a viabilidade econômica e a praticidade do RNG em relação aos modelos elétricos.

O gás natural é a próxima melhor solução quando se observa a densidade de energia volumétrica. A molécula de metano é extremamente eficiente para transporte pesado”, afirmou Eric Bicpus, CCO da Hexagon Agility.

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Jennifer Rumsey, presidente e CEO da Cummins, foi enfática: “Sempre soubemos que a transição energética seria dinâmica, mas está claro agora que será ainda mais incerta e divergente do que imaginávamos. Isso exige múltiplas soluções – e o RNG tem se mostrado uma das mais promissoras”.

Infraestrutura em ritmo acelerado

O crescimento dessa alternativa energética tem respaldo em investimentos robustos. Na última semana, a RNG Coalition anunciou a operação de sua 500ª planta de produção de gás natural renovável na América do Norte — atingindo antecipadamente a meta estabelecida para 2025 no âmbito da iniciativa SMART (Sustainable Methane Abatement & Recycling Timeline), lançada em 2019.

Quando a entidade foi criada, em 2011, existiam apenas 31 instalações em funcionamento. Agora, além das 500 operacionais, há outras 153 em construção e 293 em licenciamento. O novo objetivo da coalizão é atingir mil unidades operacionais até 2030, mirando a captura de metano e CO₂ em 43 mil locais de resíduos até 2050.

A produção de biometano parte de resíduos orgânicos — como restos de alimentos, resíduos agrícolas ou águas residuais — que são convertidos em combustível limpo e renovável. Essa cadeia circular de energia é apontada como uma solução de baixíssimo carbono e com potencial significativo de redução de emissões no setor de transporte.

Brasil acompanha tendência

No Brasil, o biometano também tem ganhado espaço entre transportadoras, especialmente em corredores logísticos com acesso a usinas de produção do combustível. A opção por caminhões movidos a gás renovável se torna especialmente atrativa diante de gargalos na infraestrutura de recarga elétrica e dos custos elevados de aquisição de veículos a bateria de longa autonomia.

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Somente a Scania já conta com mais de 1.700 caminhões a gás em operação no Brasil, e com meta ambiciosa de entregar chega cerca de 1.000 unidades este ano. A Iveco, apesar de não divulgar seus números de vendas, também está investindo no segmento. Outra marca que já conta com um modelo desenvolvido para o segmento de coleta de resíduos é a Volkswagen Caminhões e Ônibus.

A favor do biometano também está a familiaridade com a tecnologia por parte das oficinas mecânicas e operadores logísticos, além da crescente disponibilidade de motores pesados como o Cummins X15N, já adaptado para operação com gás natural renovável e disponível em configurações para caminhões de longa distância. No Brasil, Scania, Cummins e FPT Industrial também já contam com motores a gás em ritmo acelerado de nacionalização.

Caminhões elétricos: promessas e desafios

Enquanto isso, o mercado de caminhões elétricos de Classe 8 (uso pesado e longa distância) continua em compasso de espera. Montadoras tradicionais e novos players, como Tesla e Windrose, enfrentam desafios tanto de escala produtiva quanto de aceitação comercial.

A instabilidade nos custos de baterias, a complexidade das redes de recarga e a imprevisibilidade regulatória têm adiado decisões de compra por parte de frotistas. Em contrapartida, essa mesma incerteza tem alimentado a confiança no RNG, que se beneficia de uma cadeia de suprimento mais madura e de soluções já testadas em campo.

Um caminho possível — e mais imediato

Para Johannes Escudero, CEO da RNG Coalition, o momento é de celebração, mas também de ação estratégica. “Realizamos algo que poucos acreditavam ser possível. Mas ainda há muito trabalho a fazer. Nossa liderança coletiva está transformando a indústria, a economia e o meio ambiente”, afirmou.

Diante da urgência climática e da busca por soluções viáveis na realidade operacional do transporte pesado, o biometano emerge como um caminho concreto — e imediato — para a descarbonização.

Transportadores brasileiros atentos às movimentações internacionais já reconhecem: o gás natural renovável pode ser a ponte mais segura e sustentável entre o presente e o futuro da mobilidade de cargas. Ele oferece uma vantagem competitiva em relação às outras fontes de energia limpa, que passivos ambientais, como os aterros sanitários, em ativos energéticos.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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