sexta-feira, junho 20, 2025

A violência nas estradas e o impacto sobre os motoristas profissionais

A violência nas estradas brasileiras é um problema grave, que afeta diretamente a segurança de motoristas, passageiros e, sobretudo, dos caminhoneiros — profissionais que passam a maior parte de suas vidas nas rodovias. Os crimes vão desde roubos de carga, assaltos e sequestros até homicídios. Essa é a dura realidade enfrentada por trabalhadores que desempenham um papel essencial no funcionamento da economia do país.

O roubo de cargas, por exemplo, é um dos principais crimes que atingem os caminhoneiros. Segundo dados do fechamento de 2024, a região Sudeste concentra a maior parte dessas ocorrências, especialmente em áreas metropolitanas. Somente naquele ano, 83,6% dos prejuízos foram registrados nessa região, com destaque para São Paulo (45,8%), Rio de Janeiro (25%) e Minas Gerais (12,1%). Esses crimes geram perdas financeiras para as empresas de transporte e para os segurados, além de colocarem em risco a integridade física e emocional dos condutores.

De acordo com o levantamento “Análise de Roubo de Cargas 2024”, da nstech — empresa líder em software para supply chain na América Latina —, a maioria dos roubos ocorre às segundas-feiras, sendo as noites e madrugadas os períodos mais perigosos (57,4%).

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Acidentes rodoviários: vidas perdidas e alto custo para o país

Além da criminalidade, os acidentes de trânsito também têm causado impactos alarmantes nas rodovias. Segundo o Painel CNT de Acidentes Rodoviários de 2024, o Brasil registrou 73.114 acidentes no ano, resultando em 6.153 mortes — uma média de 16 vidas perdidas por dia —, além de um impacto econômico superior a R$ 16 bilhões. Em 20% dos sinistros registrados, caminhões estavam envolvidos.

No mesmo período, um estudo da empresa apontou 1.437 acidentes envolvendo veículos de transporte de cargas. A companhia lançou esse relatório como parte das ações do Maio Amarel. O levantamento reúne informações de importantes gerenciadoras de risco (BRK, Buonny e Opentech), além de dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

A análise mostra que a região Sudeste concentrou 53% das incidências. As operações com cargas fracionadas e alimentos foram as mais sinistradas em 2024, somando 631 acidentes — número cinco vezes superior ao registrado por outros tipos de carga (135 ocorrências). São Paulo liderou o ranking de estados com mais acidentes (388), seguido por Minas Gerais (208), Rio de Janeiro (142) e Paraná (137). Todos apresentaram aumento em comparação com o ano anterior, com destaque para os crescimentos de 41% em São Paulo, 17% em Minas e impressionantes 84% no Rio.

Colisões foram o tipo de ocorrência mais comum, totalizando 490 sinistros — um aumento de 50,3% em relação a 2023. Já as saídas de pista subiram 58,1%, com 117 casos em 2024, contra 74 no ano anterior.

Trechos urbanos e horários críticos

Os trechos urbanos concentraram o maior número de acidentes, com 219 sinistros, sendo 45 deles às terças-feiras. Nesse tipo de trajeto, as operações com cargas alimentícias foram as mais afetadas (113 ocorrências). As rodovias com mais registros foram a BR-116 (208 acidentes) e a BR-101 (106), considerando apenas operações monitoradas pela Nstech.

Quanto ao período do dia, as manhãs continuam sendo as mais críticas: foram registradas 34 saídas de pista, 189 colisões e 178 tombamentos nesse intervalo. Também houve aumento de 51,1% nos acidentes noturnos. Já a quinta-feira foi o dia com mais ocorrências, enquanto o domingo foi o menos crítico — embora ainda tenha registrado 129 acidentes.

Causas: infraestrutura precária e comportamentos de risco

As causas dos acidentes estão relacionadas tanto à infraestrutura das rodovias quanto ao comportamento dos motoristas. A CNT identificou, em 2024, 2.446 ocorrências graves nas estradas, como buracos, erosões, quedas de barreiras, pontes danificadas e outros problemas estruturais. No entanto, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, nove em cada dez acidentes são causados por falhas humanas.

Dados da Onisys mostram que os principais comportamentos de risco em 2024 foram excesso de velocidade, uso de celular ao volante, fadiga e o não uso do cinto de segurança. As longas jornadas de trabalho, comuns entre caminhoneiros, também contribuem significativamente para o aumento do risco. A fadiga extrema reduz os reflexos e a capacidade de reação, aumentando a chance de acidentes.

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“Prevenção de acidentes vai além de uma preocupação com prazos ou ativos: trata-se de preservar vidas e promover a sustentabilidade no setor. Por isso, a prevenção deve ser encarada como estratégia fundamental — e não como um custo adicional”, reforça Thiago Azevedo, diretor executivo do Onisys.

Uma análise feita pela Frota News com base nos relatórios da PRF dos últimos 17 anos, comprovam que a ocorrência de acidentes já foram muito maiores. Devido a diferentes fatores, houve uma significativa redução, o que pode ser conferido na reportagem abaixo:

Entenda as razões para a redução de 53% nas rodovias federais

Valorização do caminhoneiro é parte da solução

Além de tecnologia e infraestrutura, é essencial reconhecer e valorizar o papel do motorista profissional. A ausência de políticas públicas eficazes, o medo constante e a pressão por produtividade afetam diretamente sua saúde mental e física. A combinação de insegurança, jornadas exaustivas e riscos operacionais torna essa profissão uma das mais desafiadoras do país.

Diante desse cenário, é urgente que se adotem políticas de valorização do profissional, melhorias estruturais nas rodovias, reforço no policiamento e estratégias inteligentes de prevenção. Sem transporte seguro, todo o país sofre as consequências.

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Bruna de Mello
Bruna de Mellohttps://www.frotanews.com.br
Bruna de Mello, é uma profissional da área de educação que ao longo dos anos vem se dedicando ao estudo de política, comportamento e economia. Tem sólida experiência na análise de dados da mobilidade.
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