sexta-feira, dezembro 5, 2025

Estudo revela: mulheres no transporte querem crescer, mas sentem barreiras 

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A nova edição do estudo “Mulheres no TRC”, encomendada pelo SETCESP ao IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Cargas) para o Movimento Vez & Voz, revela um retrato atualizado da presença feminina no transporte rodoviário de cargas. Realizado no final de 2024, o estudo reuniu 411 respostas válidas e mostrou um perfil altamente qualificado, mas que ainda enfrenta obstáculos para avançar na carreira. 

A maioria das participantes tem entre 35 e 44 anos (40%) e possui formação além do nível superior: 44% cursaram MBA, mestrado ou pós-graduação. “Percebe-se que são mulheres jovens, com conhecimento especializado e potencial de entrega de resultados”, comenta Ana Jarrouge, idealizadora do Vez & Voz. 

Apesar das credenciais acadêmicas e da crescente inserção no setor — que teve um aumento de 73,3% na participação feminina entre 2023 e 2024 —, a nova edição da pesquisa aponta uma queda na confiança das mulheres quanto à ascensão profissional. 

Em 2020, 91% das entrevistadas desejavam ocupar cargos mais altos. Em 2024, esse número caiu para 82%. A crença na viabilidade dessa conquista também diminuiu: de 77% para 73%. Já as que se consideram preparadas para avançar passaram de 79% para 70%. 

Menos da metade acredita que o setor oferece igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Para Jarrouge, o cenário econômico desafiador contribui para esse sentimento de insegurança. “Essa instabilidade afeta a todos, mas especialmente quem já enfrenta barreiras estruturais. Com a retomada da economia, acredito que esse otimismo será recuperado”, afirma. 

Outro dado relevante é que 45% das entrevistadas estão no TRC há menos de cinco anos — o que reforça a entrada recente de novas profissionais com grande potencial de crescimento. E há sinais de esperança: 69% relataram ter acesso a oportunidades de capacitação, o que pode contribuir para maior equidade no futuro. 

Perfil em transformação

O levantamento também traz um recorte detalhado sobre o perfil das profissionais. Entre elas, 40% têm ensino superior, 23% concluíram pós-graduação e 20% cursaram MBA. A faixa etária entre 26 e 34 anos aparece com 22%. Além disso, 42% não têm filhos, o que pode refletir decisões influenciadas pela falta de políticas de apoio à maternidade no setor. 

Presença crescente, mas liderança ainda limitada

A maioria das mulheres atua em funções administrativas ou de apoio (51%). Apenas 18% ocupam cargos de liderança intermediária, e 24% estão em posições de alta liderança, como gerentes, diretoras ou presidentes — números que indicam progresso, mas ainda longe da paridade. 

As ocupações mais comuns incluem analistas (22,6%), assistentes (16,3%) e coordenadoras (11,2%). No topo da hierarquia, a presença feminina ainda é tímida: 0,7% ocupam a presidência e apenas 0,2% estão na vice-presidência de empresas do setor. 

Além disso, a chefia imediata de mulheres segue predominantemente masculina, o que dificulta o espelhamento e a ascensão de novas lideranças femininas. 

Assédio e desigualdade persistem

A pesquisa também abordou temas sensíveis, como assédio moral e sexual. Embora os dados específicos não tenham sido divulgados no sumário executivo, a inclusão desses tópicos indica que tais problemas continuam presentes no ambiente de trabalho. 

A percepção de desigualdade entre homens e mulheres no reconhecimento profissional e nas oportunidades de crescimento também permanece alta, mesmo entre aquelas que ocupam funções semelhantes. 

Ambições e reconhecimento

Apesar dos entraves, a maioria das participantes demonstra ambição e busca ativa por valorização profissional — seja por meio de promoções, seja pelo envolvimento em processos decisórios e de inovação dentro das empresas. 

Iniciativa pelo avanço

Idealizada por Ana Jarrouge e coordenada por Camila Florencio, a pesquisa conta com apoio de lideranças como Adriano Depentor e Marcelo Rodrigues, além de entidades parceiras do setor. A proposta é fornecer dados que sirvam de base para políticas mais inclusivas e eficazes. 

O Movimento Vez & Voz, responsável pela iniciativa, também atua com eventos, conteúdos e ações voltadas à equidade de gênero. Um exemplo foi o 4º Encontro Vez & Voz, realizado em março de 2024, que premiou iniciativas de transportadoras que promovem a inclusão e a diversidade. 

Conclusão

Apesar dos avanços na qualificação e da presença crescente em cargos de gestão, as mulheres no transporte rodoviário de cargas ainda enfrentam desafios estruturais relacionados à equidade, reconhecimento e segurança no ambiente de trabalho. A pesquisa “Mulheres no TRC 2024” oferece um panorama valioso para que empresas e entidades do setor desenvolvam estratégias mais eficazes de inclusão, desenvolvimento e valorização da força de trabalho feminina. 

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Sula Miranda
Sula Mirandahttps://www.frotanews.com.br
Conhecida como cantora, Sula Miranda é engajada nas causas do transporte e, por isso, colunista do Frota News. Atua também como, apresentadora de eventos, presença VIP, mestre de cerimônia para eventos corporativos, palestras para profissionais do volante, e campanhas publicitárias para todos os segmentos.
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