O setor siderúrgico mundial está passando por uma transformação significativa em direção à sustentabilidade, e de acordo com o relatório “15 Insights on the Global Steel Transformation,” desenvolvido pelas empresas alemãs Agora Industry e Wuppertal Institute for Climate, Environment and Energy, o caminho para emissões líquidas zero pode ser alcançado até 2040. As estratégias delineadas visam a eficiência no uso de materiais, o aumento da reciclagem, a produção de aço com base no hidrogênio verde, bem como a incorporação de bioenergia e outras abordagens inovadoras.
Brasil: 2º maior exportador de ferro e potencial hub para hidrogênio
No cenário global, o Brasil destaca-se como o segundo maior exportador de ferro, contribuindo com 22% das exportações, ficando atrás apenas da Austrália, que detém uma fatia de 53%. Esses números têm repercussões diretas no transporte rodoviário de cargas (TRC), responsável por 9,3% dos fretes relacionados à indústria no primeiro semestre de 2022, segundo a 8ª edição do Relatório Fretebras.
Franco Gonçalves, gerente administrativo da TKE Logística, empresa especializada no transporte de materiais siderúrgicos, ressalta as oportunidades apresentadas pelo mercado brasileiro: “somos um país em desenvolvimento, com diversas áreas que demandam esses produtos para produzirem. Basta pensarmos o quanto de ligas metálicas temos ao nosso redor: telas e vergalhões nas paredes, fios nos pneus, dentre outros. Com uma economia em movimento, teremos ferro e aço sendo transportados.”
Além disso, o Brasil se destaca como o país com a maior capacidade de produção de hidrogênio verde, uma vez que a obtenção desse gás depende da disponibilidade de energia solar renovável. Esse fenômeno está correlacionado ao crescimento da energia solar e eólica no país, impulsionado pelos equipamentos siderúrgicos.
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As indústrias siderúrgicas brasileiras têm buscado ativamente reduzir seu impacto ambiental. O Grupo ArcelorMittal é um exemplo notável, já produzindo aço neutro em CO² por meio da reciclagem de materiais e do uso de plantas que empregam energia renovável, conforme destaca o executivo.
No entanto, apesar dos avanços da indústria, as transportadoras enfrentam desafios significativos. Franco Gonçalves pondera sobre o futuro: “os produtos fabricados têm tanta qualidade quanto os tradicionais, mas qual será o próximo passo se a indústria conseguir neutralizar a parte deles? Creio que será o cuidado com os veículos que transportam a matéria-prima e que levam o produto.”
O momento exige que o transporte rodoviário de cargas (TRC) se adapte aos novos critérios. Além disso, tendo iniciativas voltadas para a sustentabilidade. Sobretudo, uma vez que projetos de leis implementados pelo governo pressionam o setor a se tornar cada vez mais sustentável. As organizações do segmento estão mapeando os próximos passos para continuar contribuindo com um mundo mais limpo.
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Franco enfatiza a importância da constância na manutenção de bons hábitos: “no nosso mundo não há recursos ilimitados. Mapeamos continuamente onde podemos melhorar. Além dos caminhões, seja nas possibilidades de geração de energia, seja no tratamento da água utilizada na lavagem dos veículos, dentre outras atitudes.”
Diante desses desafios, a indústria brasileira e as transportadoras estão trabalhando em conjunto. Isso a fim de garantir que o setor siderúrgico contribua efetivamente para um futuro mais sustentável e com emissões zero até 2040. A transformação está em curso, e o Brasil se destaca como um protagonista nesse cenário de mudanças ambientais.