Quem imaginaria que um garoto nascido em Guaçuí, no interior do Espírito Santo, se tornaria uma figura chave na revolução da indústria automotiva brasileira? Flávio Figueiredo Assis, formado em Direito e Contabilidade, decidiu trilhar um caminho diferente ao vender sua empresa do setor financeiro para embarcar no desafio de criar a primeira montadora de carros elétricos no Brasil, a Lecar. E o primeiro carro elétrico brasileiro está previsto para ser lançado em dezembro deste ano.
Sua trajetória lembra a do bilionário norte-americano Elon Musk, que também vendeu uma empresa para investir na Tesla. Flávio, no entanto, busca não apenas inovar na mobilidade elétrica, mas também mudar a imagem do Brasil no cenário global.
A Lecar, fundada em 2022, tem sua sede em Alphaville, São Paulo, e uma planta industrial em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. O projeto começou a ganhar forma quando Flávio deparou-se com a Lei 8.723, que estabelece a redução de emissões de CO₂ de veículos, inspirando-o a criar uma montadora de carros elétricos totalmente brasileira.
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Eletrificação no mundo
A transição energética tem permitido aparecer dezenas de novos fabricantes de veículos elétricos em todo o mundo. Na China, 100 novos fabricantes surgiram nos últimos anos. No Brasil, no segmento de ônibus, já há mais fabricantes de ônibus elétricos do que, até então, existiam de ônibus a diesel.
A equipe de engenharia automobilística da Lecar, composta por profissionais com experiência em empresas renomadas do setor, como Gurgel, Troller, JPX, Ford, Toyota, Nissan e Marcopolo, está focada em desenvolver o primeiro modelo da empresa, o Lecar Model 459.
A escolha de Caxias do Sul como local para a fábrica foi estratégica, considerando a presença de vários fornecedores do ecossistema de mobilidade na região. O empresário revela ter desmontado um Tesla para entender profundamente a engenharia concorrente.
Com 35% das peças importadas da China, incluindo motores e baterias fornecidos pela Wiston, a Lecar planeja ser autossuficiente na produção de carros elétricos. Os contratos com fornecedores preveem transferência de tecnologia, abrindo caminho para a criação de uma fábrica de células de bateria e motores elétricos no Brasil.
O Lecar Model 459, cujo protótipo está em desenvolvimento, será submetido a uma série de homologações em Londres, na Inglaterra, antes de entrar em produção. A previsão é que o veículo esteja disponível no mercado a partir de dezembro de 2024, com um preço estimado de R$ 279 mil e autonomia de 400 km por carga.
Flávio destaca a importância de políticas de incentivo do governo para tornar os carros elétricos mais acessíveis no Brasil. A empresa planeja também lançar uma versão popular, o Lecar POP, com o custo estimado de R$ 100 mil e autonomia de 200 km por carga.
Infraestrutura para carregamento das baterias
Para os veículos elétricos popularizarem, certamente, é necessário que as concessionárias públicas de energia melhorem a infraestrutura. As populações e autoridades de São Paulo e do Rio de Janeiro estão em “guerra” com Enel devido aos recentes apagões e sérios prejuízos causados. Em Minas Gerais, sob responsabilidade da Cemig, os apagões também têm sido recorrentes.
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Veículos por assinatura
A Lecar tem grandes planos, estimando a produção de 300 veículos por mês no primeiro ano. Além disso, a criação de 600 empregos diretos e R$ 1 bilhão de faturamento. Ademais, expansão inclui a criação de uma rede de recarregamento própria ao longo da BR 101 e a internacionalização para países como EUA, França, Itália e Mônaco até 2025.
Flávio Figueiredo Assis acredita, por certo, que a Lecar não é apenas uma montadora de carros elétricos. A empresa quer mudar a cultura de aquisição para locação, a fim de aumentar o acesso por meio de planos de assinaturas para seus veículos. Com um olhar otimista para o futuro, a Lecar planeja ser uma referência global na produção de veículos elétricos, impulsionando não apenas a mobilidade sustentável, mas também a imagem do Brasil no cenário automotivo mundial.
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