Existem muitos mitos associados à direção autônoma. Neste artigo especial, Joanna Buttler, chefe do Global Autonomous Technology Group, analisa alguns desses mitos e explica como a direção autônoma pode trazer melhorias significativas e benefícios, especialmente no transporte rodoviário. Esses avanços não impactam apenas a Daimler Truck, mas também os motoristas, empresas de logística e a sociedade como um todo.
A Frota News fez a tradução e acrescenta algumas observações sobre outros aspectos que devemos considerar, principalmente, para a realidade brasileira.
Mito nº 1: A tecnologia autônoma é imatura e insegura
Fato: O estágio atual de maturidade da direção autônoma é fruto de décadas de desenvolvimento, sempre com a segurança como prioridade.
No desenvolvimento de direção autônoma, nenhum detalhe é negligenciado. Nossos engenheiros examinam cada aspecto com precisão, criando produtos seguros por meio de testes rigorosos em pistas de simulação e validação em estradas. O trabalho da Daimler Truck com veículos autônomos começou na década de 1980, e desde 2019, avançamos significativamente com a Torc Robotics para tornar os caminhões autônomos uma realidade.
Nossos caminhões já demonstraram sua capacidade de lidar com situações complexas, como rodovias, rampas e cruzamentos. O centro dessa inovação está na “plataforma de veículo redundante”, que combina o Freightliner Cascadia “Autonomous-Ready” com o software de direção autônoma “Virtual Driver” da Torc.
Essa plataforma foi projetada com sistemas de segurança duplicados para direção, frenagem e rede elétrica. Assim, se um sistema falhar, o outro assume imediatamente. O software integrado analisa o ambiente com câmeras, radares e sensores LiDAR, planejando e executando manobras, como mudanças de faixa e frenagens. Por não depender de emoções, fadiga ou distrações, esses sistemas mantêm um nível de desempenho excepcional.
Resumo: Já avançamos muito no desenvolvimento de caminhões autônomos, mas ainda há testes e aprimoramentos necessários antes da introdução no mercado dos EUA. Segurança continuará sendo o principal guia do cronograma.
Nota do editor: os caminhões autônomos estão sendo autorizados a rodar em alguns países em determinadas estradas com infraestrutura preparada para isso. Nos EUA, inclusive, já há postos de parada e abastecimento desenvolvidas especialmente para caminhões autônomos. E cada modelo é homologado por órgãos governamentais, incluindo os percursos que podem realizar.
Mito nº 2: A direção autônoma beneficia apenas a indústria, não a sociedade
Fatos: A direção autônoma impulsiona o crescimento econômico e aumenta a segurança.
Caminhões autônomos podem operar quase 24 horas por dia, aumentando a produtividade das empresas e garantindo o fornecimento ininterrupto de bens essenciais, como alimentos e medicamentos. Essa eficiência beneficia a sociedade ao atender à crescente demanda por frete.
Além disso, o uso de tecnologias avançadas, como sistemas combinados de câmeras, radares e sensores LiDAR, ajuda a reduzir acidentes graves, protegendo todos os usuários das estradas.
Nota do editor: O uso de caminhão autônomo já é realidade no Brasil em ambiente privados e controlados, como indústrias, mineradoras e fazendas do agronegócio. Devido aos problemas que temos de infraestrutura nas estradas e o compartilhamento do espaço com excesso de veículos antigos, ainda há previsão de realização de testes em rodovias públicas.
Mito nº 3: A direção autônoma vai substituir os motoristas
Fatos: A escassez de motoristas, que deve dobrar até 2030, torna os caminhões autônomos uma solução necessária.
O foco inicial do caminhão autônomo será operar em rodovias para percorrer longas rotas monótonas, enquanto os humanos continuam desempenhando papéis essenciais na cadeia logística, como na gestão de frotas e interação nas operações locais. Novos perfis profissionais surgirão, transformando tarefas sem eliminar empregos.
Nota do editor: Realmente é fato que o caminhão autônomo vai ajudar na minimização da falta de motoristas. Porém, a previsão é que ainda continuará faltando motoristas. No caso do Brasil, os caminhões em uso liberam os motoristas que faziam atividade internas nas empresas para assumirem operações externas. Além disso, o uso de caminhão autônomo precisa de aprovação do legislativo e dos órgãos públicos de trânsito. Na Califórnia e outros, por exemplo, os legisladores estão debatendo a necessidade da presença de um motorista humano para maior segurança.
Mito nº 4: A direção autônoma só reduz custos com motoristas, sem outros benefícios econômicos
Fatos: Caminhões autônomos oferecem maior eficiência ao operar continuamente, com pausas apenas para reabastecimento e manutenção.
Estima-se que o volume de cargas nos EUA aumentará de aproximadamente 16 bilhões de toneladas (2019) para 21 bilhões de toneladas (2030). Caminhões autônomos ajudam a atender a essa demanda crescente enquanto neutralizam a escassez de motoristas, aumentando o tempo de atividade das frotas.
Nota do editor: Os caminhões convencionais são acessíveis, do ponto de vista econômico, para poucos transportadores, bastando ver a idade média de nossa frota. O caminhão autônomo custa o dobro ou até mais do que um convencional, o que significa que será caminhão de nicho de mercado. Porém, vão contribuir para maior eficiência dos grandes operadores logísticos.
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Mito nº 5: Caminhões autônomos operam 24h às custas do meio ambiente
Fatos: Com tecnologias de emissão zero e planejamento eficiente, caminhões autônomos podem reduzir significativamente as emissões de CO₂.
Ao operar fora dos horários de pico e otimizar rotas, os caminhões autônomos diminuem o consumo de combustível. A Daimler Truck já demonstrou o potencial dessa tecnologia com o Freightliner eCascadia, que combina direção autônoma e acionamento elétrico a bateria para operações contínuas e sustentáveis.
Sobre a autora
Joanna Buttler lidera o Global Autonomous Technology Group na Daimler Truck. Ela é responsável pela estratégia global de tecnologia autônoma da empresa, abrangendo programas de veículos, parcerias estratégicas e implementação global. Joanna supervisiona colaborações com empresas como Waymo e Torc Robotics, coordenando atividades de engenharia e estratégia de produtos.