segunda-feira, maio 20, 2024

Hidrogênio sustentável, a eterna energia do universo

O Brasil detém características que o colocam em posição privilegiada para se inserir competitivamente na cadeia do hidrogênio sustentável. “Uma vantagem estratégica fundamental para geração de hidrogênio verde.”

Do lado da oferta, o país dispõe de variados recursos renováveis (energia eólica, solar, etanol e hidráulica) para produção de hidrogênio via eletrólise e reforma a vapor de gás natural, podendo ambas as rotas ser usadas para impulsionar seu desenvolvimento industrial. “A obtenção do hidrogênio pela reforma a vapor do etanol (CHOH), aparece como uma vantagem estratégica e logística para o Brasil, pois essa molécula já está distribuída pelo país.”

Ao lado da demanda, a posição geográfica e a dimensão continental do Brasil ampliam as possibilidades de o hidrogênio ser explorado tanto no mercado interno. Tanto para a cadeia industrial, como a de transporte. E para exportações, especialmente à Europa. Fortaleza aparece no cenário mundial como um potencial exportado de hidrogênio verde via Pecém, localizado de forma logisticamente favorável para exportar para a Europa via Roterdã.

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Este estudo apresenta um mapeamento e a avaliação de políticas, iniciativas e programas de hidrogênio sustentável em desenvolvimento, nos âmbitos nacional e internacional, com foco no hidrogênio verde (H₂V). O trabalho avaliou, em especial, as iniciativas de inserção do hidrogênio sustentável no setor industrial. “Avaliar potencias usuários do hidrogênio verde é fundamental para a descarbonização das emissões de carbono mitigando o efeito estufa.”

A análise da experiência internacional apontou uma aceleração dos esforços para desenvolvimento do hidrogênio verde, com forte apoio de políticas públicas. Atualmente, existem 67 países com pelo menos um projeto na temática do hidrogênio. No entanto, 2/3 desses projetos estão situados em 10 países, sendo 7 deles europeus, a saber: Alemanha (139), Espanha (81), Estados Unidos (74), Holanda e Austrália (65 cada), Grã-Bretanha (53), França (51), China (48), Dinamarca (43) e Noruega (33). “ A guerra entre Rússia e Ucrânia com o cessar de envio do gás da Rússia para a Europa foi um fator acelerador para dar foco no hidrogênio.” 

No Brasil

As iniciativas para estruturar projetos de hidrogênio verde também se aceleraram no Brasil, principalmente por meio de hubs de produção de hidrogênio verde em portos, visando à exportação e aproveitando a competitividade do país na produção de energia elétrica renovável. Ao mesmo tempo, o governo federal lançou o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH₂), que estabelece as diretrizes e principais estratégias para a política pública setorial. “A participação do governo federal para dar as linhas mestras para o hidrogênio é fundamental para sua regulamentação.”

Dado o avanço célere do processo de desenvolvimento da indústria de hidrogênio sustentável, são significativas as oportunidades para a indústria brasileira promover a descarbonização dos seus processos e a CNI pode ter um papel catalisador no engajamento da indústria para a descarbonização via hidrogênio. Para isso, seria recomendável o monitoramento das ações para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio e a criação de ferramentas de divulgação de informações e análises sobre o setor. “Tanto o setor industrial como o automotivo são clientes potenciais dessa nova energia que surge.”

Nesse sentido, sugere-se a criação de uma plataforma de divulgação de informações e análises sobre tecnologias, projetos e políticas públicas voltada para a indústria nacional, nominada neste estudo como “Observatório do Hidrogênio Sustentável para a Indústria”. “Ação que deve ter o envolvimento de centros de pesquisas, usuários e sociedade de forma geral.”

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Das análises contidas neste relatório, é possível apontar as seguintes propostas para acelerar o desenvolvimento da indústria do hidrogênio sustentável no país, visando não somente à exportação, mas também à descarbonização da indústria nacional:

  • Articulação e promoção do envolvimento de diferentes instâncias governamentais (CNPE, MMA, MME, EPE, ANP, ANEEL, Petrobras, BNDES, Ministério da Economia, Ministério da Infraestrutura, Ministério da Agricultura) e de instituições não governamentais (CNI e associações empresariais) no esforço de elaboração de metas e estratégias como desdobramento do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH₂);
  • Promoção da integração do hidrogênio (H₂) no planejamento de longo prazo, por meio de estudos elaborados pela EPE. Dessa forma, englobando a demanda e a oferta existente e potencial, para aprimorar sua representação e modelagem do planejamento energético nacional;
  • Elaboração de uma política industrial para estruturação competitiva de uma cadeia de fornecedores de hidrogênio no país. Ademais, com seleção de setores e segmentos potencialmente competitivos, envolvendo a produção de equipamentos e a prestação de serviços de engenharia e projetos. O BNDES poderia ser um catalisador dessa iniciativa por meio do financiamento de estudos sobre os gargalos para a produção de bens e serviços da cadeia do H₂. Sobretudo, com a identificação de uma estratégia para desenvolvimento do setor no país;
  • Implementação do mercado de crédito de carbono como pilar para incentivar a descarbonização dos segmentos hard to abate na indústria;
  • Promoção da capacitação de pessoas para trabalhar na cadeia do H2 no país. Isso, por meio de incentivos e mobilização das escolas técnicas federais e do SENAI. Além disso, pelas instituições de financiamento de pesquisa e formação de recursos humanos (CNPq, CAPES e fundações estaduais de amparo à pesquisa, PRH — ANP);
  • Elaboração de um Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento em Hidrogênio Sustentável. Isso, por meio da criação de projetos estratégicos com a participação voluntária de empresas. Pelas que disponham de verbas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) geridas pela ANEEL e pela ANP;
  • Elaboração de uma política nacional para produção de fertilizantes descarbonizados. Isso, a partir do H₂ sustentável como estratégia para reduzir a vulnerabilidade nacional no abastecimento de fertilizantes; e
  • Promoção da organização do mercado interno para H₂ sustentável.

Estudo elaborado por: Confederação Nacional da Indústria — CNI

Comentários: Eustáquio Sirolli

Eustáquio Sirolli
Eustáquio Sirolli é engenheiro, com de mais de 47 anos de atuação na indústria automobilística. São 39 anos na Mercedes-Benz do Brasil, onde chegou ao cargo de gerente de Marketing do Produto e depois de Treinamento. Além de oito anos como diretor de Engenharia da Foton caminhões. Graduado em Engenharia de Produção e Automobilística pela FEI, fez MBA em Automotive Business pela FGV e mestrado em Ciência dos Materiais pelo IPEN/USP. Além disso, está focando no estudo sobre hidrogênio em aplicações veiculares

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