A capacitação de motoristas e melhoria das condições de trabalho continuam a ser prioridades na missão de evitar sinistros nas rodovias, a falta de motoristas qualificados e atrair os jovens e as mulheres para a profissão. É um desafio que exige atenção constante e ação proativa das empresas de transporte rodoviário de cargas e as instituições do setor e do poder público.
Os Estados Unidos e os países europeus já estão pagando um preço alto pela dificuldade de atrair novas pessoas para a carreira de motorista de caminhões.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a A.D. Transport Express oferece vagas para motoristas para transporte regional um salário que pode chegar ao equivalente a R$ 39.360 por mês, mais benefícios. Achou muito?
A MB Global Logistics está oferecendo ao equivalente R$ 49.800 por mês. No site Truckers Report há 416 anúncios nesta data para contratação de motoristas profissionais com condições e benefícios similares. Há dezenas de outros sites com ofertas de vagas.
Consequências no Brasil
Há empresas especializadas em imigração que já divulga vagas para motoristas brasileiros e oferece o serviço de assessoria para o motorista profissional brasileiro conseguir as documentações e visto necessários para trabalhar nos Estados Unidos. O mesmo ocorre com a Comunidade Europeia e com a Inglaterra.
Será que está conta, ou parte dela, terá que fazer parte do frete brasileiro? Pelo andar da carruagem, podemos dizer que sim.
Ter bons motoristas vai exigir investimento em capacitação, salários, condições de trabalhos atrativos e caminhões mais seguros e confortáveis. E só isso não basta. É preciso melhor comportamento nos locais de carga e descarga humanizados, estradas mais seguras, proteção contra assaltos, entre outras melhorias necessárias.
Falta de oportunidade para iniciantes
A idade média dos motoristas no Brasil é mais elevada. Soma-se ao elevado número de condutores que aposentam anualmente.
A predominância masculina no setor de transporte rodoviário de cargas naturalmente reflete-se nos números de sinistros. O maior erro que muitas transportadoras cometem é não dar oportunidade para motoristas habilitados, mas sem experiência, principalmente para jovens e mulheres. É consequência da falta de visão de longo prazo e imediatista para não ter que investir em capacitação.
Se esta visão imediatista não mudar, a conta será bastante alta em breve. Decerto, cresce o número de transportadoras que já investem na capacitação de condutores e condutoras sem experiência, como já mostrado aqui no Frota News.
A Fabet São Paulo, fundação de educação no transporte, realiza a capacitação de dezenas de profissionais por ano para esta empresas, de motoristas a gestores.
ENTIDADES GLOBAIS CRIAM PLANO PARA REDUZIR A ESCASSEZ DE MOTORISTAS PROFISSIONAIS
Pesquisa IPTC
No entanto, chama a atenção a faixa etária dos motoristas envolvidos em acidentes. De acordo com um relatório recente do Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), homens com idades entre 36 e 50 anos lideram as estatísticas de acidentes, representando impressionantes 90,2% dos casos.
Por fim, a elevada idade média dos motoristas no transporte rodoviário de cargas resulta da escassez de mão de obra e do desinteresse dos jovens pela carreira de motorista. Certamente, as empresas estão buscando soluções para manter os motoristas mais experientes. Porém, esses motoristas estão aposentando ou vão se aposentar em breve.