A Iveco tem 50 anos e a divisão Iveco Bus foi criada somente em 2013, após a aquisição total da Iribus. E os 100 anos? A resposta vem a seguir: junto com as diversas aquisições e fusões das últimas cinco décadas, veio a histórica fábrica de Annonay, na França, que comemora seu centenário.
Fundada em 1925 por Joseph Besset, a unidade que hoje opera sob a marca Iveco Bus é símbolo de inovação, resistência e excelência industrial, desempenhando papel central na mobilidade urbana sustentável ao longo de um século.
Desde suas origens, a planta de Annonay destacou-se por sua capacidade de adaptação e reinvenção. A trajetória começou com a construção artesanal de carrocerias sobre chassis de caminhões e culmina, hoje, com a produção de veículos elétricos e movidos a hidrogênio — símbolos da transição energética do setor de transportes.
Uma história moldada pela visão de um pioneiro
Joseph Besset, nascido em Vanosc, em 1890, é reconhecido como o pai dos ônibus modernos na França. Em 1938, ele apresentou ao mundo o revolucionário Isobloc — o primeiro ônibus europeu com estrutura autoportante e motor traseiro. Essa inovação representou um divisor de águas, sendo posteriormente adotada por fabricantes de todo o continente.
Com espírito visionário, Besset também foi pioneiro ao substituir as carrocerias de madeira por estruturas metálicas soldadas, aumentando a segurança e a durabilidade dos veículos. Sua filosofia de engenharia à frente de seu tempo ainda inspira a operação da planta de Annonay.
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De Saca a Iveco: uma história de evoluções
Ao longo do século, a fábrica passou por diversas transformações. Em 1951, foi adquirida por Sylvain Floirat e rebatizada como Saca. Anos depois, tornou-se parte da Saviem, uma subsidiária da Renault, e, posteriormente, da Renault Véhicules Industriels (RVI). A virada para o século 21 foi marcada pela fusão com a Iveco, dando origem à Iribus, que, desde 2013, passou a atuar sob a marca Iveco Bus.

Hoje, com mais de 1.200 colaboradores e 118 mil metros quadrados de área construída, Annonay é uma das duas principais unidades industriais da Iveco na França, sendo líder na fabricação de ônibus com baixa e zero emissão.
Oito marcos tecnológicos que moldaram a indústria
A história de Annonay é também a história de grandes marcos da engenharia de transporte:
- 1934: Início da fabricação com estruturas de aço, substituindo a madeira.
- 1938: Lançamento do Isobloc, com carroceria autoportante e motor traseiro.
- 1947: Reconstrução do transporte público francês no pós-guerra, com produção recorde de 1.628 veículos em um ano.
- 1983: Implementação do primeiro banho de cataforese do mundo para proteção anticorrosiva em ônibus.
- 1997: Produção do Agora GNC, antecipando tendências em energia limpa com gás natural.
- 2005: Introdução do BRT Crealis, elevando o conceito de mobilidade urbana integrada.
- 2025: Consolidação da eletromobilidade com produção das linhas E-WAY e GX ELEC, além de ônibus movidos a célula de combustível (hidrogênio).
- Exportação de expertise: Contratos emblemáticos com países como Argentina, Arábia Saudita, Cazaquistão, Azerbaijão e Costa do Marfim.

Um legado industrial com alcance global
Os ônibus nascidos em Annonay cruzaram fronteiras e oceanos. Desde os Isoblocs enviados à Argentina em 1949 até os ônibus movidos a gás natural encomendados por cidades do Cáucaso e da África Ocidental, a fábrica sempre demonstrou sua capacidade de atender às necessidades de transporte urbano e interurbano nos mais diversos contextos internacionais.
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Uma galeria de ícones da mobilidade
A fábrica foi berço de modelos que marcaram gerações, como os lendários S 45 e SC 10, os rodoviários FR1 e Iliade, os urbanos Agora e Citelis, e os premiados Magelys e Urbanway. Cada um desses modelos reflete uma fase tecnológica distinta, acompanhando — e muitas vezes liderando — a evolução do setor.
O S 45, por exemplo, produzido entre 1964 e 1993, com mais de 35 mil unidades vendidas, é considerado o maior sucesso industrial da planta. Já o Magelys, eleito “Ônibus do Ano 2016”, simboliza a sofisticação e o desempenho de alto nível que caracterizam a produção da unidade no século XXI.