domingo, fevereiro 9, 2025

Emplacamentos: Entenda as diferenças dos rankings da Anfavea e Fenabrave 

No último dia 9 de janeiro, a Frota News divulgou os números de emplacamentos de caminhões e automóveis relacionados às vendas corporativas, com base nos dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) interpretados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Hoje, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) também apresentou seus dados, utilizando o Renavam como fonte, mas com suas próprias interpretações. 

Existem razões que explicam essas diferenças. Muitos veículos recebem um novo número de Renavam por diversos motivos, como mudança de atividade, recuperação após furto, reforma, entre outros. A Anfavea considera em suas estatísticas apenas modelos zero-quilômetro, o que, por vezes, pode causar confusão ao leitor. 

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Abaixo, apresentamos os números divulgados por ambas as entidades. Vale destacar que, na maioria das marcas, as divergências entre os dados são mínimas. 

Ranking por marca segundo a Fenabrave e a Anfavea 

Posição  Marca  Unidades, fonte Fenabrave  Unidades, fonte Anfavea 
  Volkswagen Caminhões  31.287  31.328 
  Mercedes-Benz  28.847  25.512 
  Volvo do Brasil  23.180  23.185 
  Scania Brasil  19.134  19.142 
  DAF Caminhões Brasil    9.624  9.624¹ 
  Iveco Brasil    8.798  8.767 
  Ram  Não disponível (5)  3.614 (5) 
  Mercedes-Benz Cars & Vans  Não disponível  2.419 (6) 
  Foton        673  Não disponível² 
10ª  JAC Motors Brasil        156  Não disponível² 
11ª  Hyundai        154  154¹ 
12ª  Agrale          91  91¹ 
13ª  Ninking          29  Não disponível² 
14ª  Peugeot         Não disponível  29 (6) 
15ª  Ford Brasil          28  186³ 
16ª  Citroën  Não disponível  18 (6) 
17ª  Tesla         18  Não disponível² 
18ª  International           4  Não disponível² 
19ª  JMC           2  Não disponível² 
20ª  BYD           1  Não disponível² 
21ª  Giaffone           1  Não disponível (4) 
22ª  GM           1  Não disponível (4) 
23ª  Navistar           1  Não disponível (4) 

 

As razões das divergências nos números

Na introdução, explicamos brevemente as divergências na interpretação dos dados do Renavam. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais, com base nos números apresentados no quadro acima. Não temos a pretensão de esgotar o assunto neste artigo, mas buscamos lançar mais luz sobre esses dados. A Frota News já entrevistou os estatísticos de ambas as entidades para compreender essas diferenças, e, com base no que apuramos, vamos tentar esclarecer o que entendemos. 

Nº da observação  Explicação 
1  Observe que as marcas quem menor volume de vendas e são mais recentes no mercado, não divergência de números, pois a frota, além de ser mais nova, não passou por processo de renovação de Renavam. 
2  São marcas que não são associadas da Anfavea, portanto, na Carta da Anfavea entra na categoria de “Outros”. No entanto, a rede de concessionária é associada da Fenabrave. 
3  O caso da Ford é bem particular. Na estatística da Fenabrave por ser qualquer veículo comercial, o que inclui picapes e SUV. Na estatística da Anfavea podem ser os Ford Transit Chassi com PBT acima de 3.500 kg, além de modelos da Ford Caminhões que podem ter recebido novo Renavam. 
4  São modelos pré-série emplacados pelos fabricantes para testes em rua ou com clientes. 
5  O caso das Ram 2500 e 3500 é um Jabuti do Código Trânsito Brasileiro (CTB). Pela legislação, esses modelos da Ram são caminhões por causa do PBT acima de 3.500 kg, e devem seguir a legislação de caminhões, como CNH a partir da categoria C, restrições de circulação de caminhão, limite de caminhão, estacionamento limitado na vaga de caminhão etc. Porém, visualmente e tecnologicamente, são picapes mais luxuosas do que uma Mercedes-Benz GLS.  
6  Refere-se aos furgões e chassi da Mercedes-Benz, Citroën e Peugeot que também são classificados pelo CTB como caminhões.  

 

Os emplacamentos de caminhões e ônibus em 2024 

Emplacamentos
Fonte: Carta da Anfavea

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Produção total de veículos

A produção total de 2,55 milhões de autoveículos em 2024 representou um aumento de 9,7% em relação a 2023. 

Nos emplacamentos gerais, o total foi de 2,635 milhões de unidades, volume 14,1% superior ao do ano anterior e significativamente maior que a média global, que ficou em +2%. Nenhum grande mercado mundial cresceu tanto quanto o brasileiro em 2024. Esse foi, inclusive, o maior incremento no ritmo de vendas internas desde 2007. 

Outro fato marcante de 2024 foi a soma das vendas de veículos novos e usados, que alcançou 14,4 milhões de unidades leves, o maior número já registrado na história do país. “Claramente, há uma demanda reprimida por transporte individual que está sendo progressivamente atendida, graças às melhores condições de crédito. Se essas condições continuarem a melhorar e houver uma política de renovação de frota, mais pessoas poderão optar por veículos 0 km”, afirmou o presidente Márcio de Lima Leite. No ano passado, houve um aumento de 36% nas concessões de crédito para financiamento de veículos novos e usados. 

Exportações

As exportações de dezembro reforçaram a tendência de alta observada no segundo semestre, compensando o desempenho fraco do início do ano. O volume total exportado, de 398,5 mil autoveículos, praticamente igualou o resultado de 2023, sinalizando um 2025 promissor para os embarques. Argentina e Uruguai foram os grandes destaques em crescimento, conseguindo compensar as quedas nas exportações para outros países da América Latina. 

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Por outro lado, as importações registraram o melhor desempenho dos últimos 10 anos, com 466,5 mil emplacamentos – um crescimento de 33% impulsionado pela entrada maciça de veículos eletrificados, principalmente vindos da China. “É necessário reequilibrar os volumes de exportações e importações este ano para evitar um novo déficit na balança comercial, como ocorreu em 2024. Nosso Imposto de Importação para elétricos e híbridos é muito baixo, o menor entre os países fabricantes de veículos, o que nos torna alvo preferencial de empresas importadoras, em detrimento do parque industrial nacional e dos empregos locais”, explicou o presidente da ANFAVEA. 

Agenda prioritária Anfavea 2025

Além de consolidar os resultados da indústria em 2024, a Anafavea apresentou à imprensa seus principais focos de atuação para 2025, em parceria com o governo, a academia, a sociedade e outros stakeholders. As prioridades são: 

  • Ampliar o mercado interno e a produção, retomando o patamar de 3 milhões de unidades vendidas até o próximo ano. 
  • Reequilibrar a balança comercial, aumentando as exportações e controlando o excesso de importações. 
  • Qualificar as compras públicas de máquinas e veículos, protegendo a indústria local, os empregos e a inovação. 
  • Promover a descarbonização com foco na matriz energética brasileira, destacando a participação do setor na COP 30, que será realizada em Belém (PA). 
  • Fortalecer a capacitação dos trabalhadores e melhorar as condições de trabalho no setor. 
  • Estabelecer uma política sustentável e contínua de renovação de frota, priorizando a segurança e a sustentabilidade. 
  • Incentivar o desenvolvimento e a produção de novas tecnologias no Brasil. 

 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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