De acordo com o Indicador de Inadimplência realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Quatro em cada dez brasileiros adultos (41,50%) estavam negativados em fevereiro de 2025, representando 68,76 milhões de consumidores. Houve um crescimento de 3,22% no número de inadimplentes no Brasil em relação a fevereiro de 2024. Esse aumento tem gerado preocupação e levantado dúvidas sobre o futuro econômico do país. Uma vez que a inadimplência é um fator negativo para investimentos e crescimento econômico.
O endividamento dos brasileiros ocorre por diversas razões: desde a falta de educação financeira até o aumento constante da inflação, especialmente de alimentos. Por exemplo, um número crescente de brasileiros tem utilizado o cartão de crédito como complemento de renda, muitas vezes recorrendo a mais de um cartão para equilibrar as finanças, em especial para o consumo de itens básicos como alimentação. O uso excessivo dessa modalidade pode levar ao aumento da inadimplência, uma vez que os juros elevados dificultam o pagamento das dívidas.
Diante desse cenário de pressão orçamentária das famílias, o governo federal propôs uma medida inédita e controversa: o uso do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) como garantia para um novo tipo de crédito consignado.
O crédito do trabalhador: mais uma promessa inócua do governo Lula
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em uma campanha publicitária, divulgou a seguinte mensagem: “Apertou o orçamento? O juro tá alto? Pega o empréstimo do Lula!”. O vídeo, publicado nas redes sociais, gerou grande repercussão, pois a medida defendida pelo governo tende a aumentar ainda mais o endividamento da população. A própria declaração da ministra evidencia essa contradição: ao invés de buscar soluções como a redução de impostos ou a criação de programas sociais eficazes, a alternativa oferecida pelo governo é simplesmente mais crédito, agora com o FGTS como garantia.
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O FGTS, por sua vez, é um instrumento utilizado para financiar programas como o Minha Casa Minha Vida e obras de infraestrutura, como pavimentação e saneamento básico. O fato de o governo permitir o uso desse fundo como garantia para empréstimos bancários levanta um questionamento importante: por que o trabalhador continua tendo o saque do FGTS limitado, enquanto os bancos podem usá-lo como garantia de pagamento?
Outro ponto relevante é que, embora o novo consignado ofereça juros menores em comparação a outras modalidades de crédito, o trabalhador continuará exposto a riscos significativos. O desconto do pagamento do empréstimo será feito diretamente na folha salarial e, caso haja perda do emprego, o valor da dívida poderá ser renegociado com a instituição financeira. Se todas as alternativas falharem, o FGTS será utilizado como último recurso, garantindo assim que os bancos não sofram prejuízos. O trabalhador, porém, não conta com garantias, apenas com mais uma dívida e um agravante: a perda parcial de sua reserva financeira. E fica a pergunta diante dessa proposta: se usar o FGTS como garantia é um alívio, por que o trabalhador não pode sacá-lo livremente? Seria o bem-estar da população menos prioritário que a saúde dos bancos?
Da falsa solução ao risco real: paliativos que agravam o problema
Medidas como essa têm pouco efeito na percepção pública e apenas reforçam a falta de compromisso com as promessas feitas durante a campanha eleitoral. Quem frequenta os supermercados sabe que os preços dos alimentos continuam em alta. Enquanto o salário perde poder de compra, tornando-se insuficiente para cobrir despesas básicas. Como resposta, o governo anunciou recentemente mais uma medida controversa e que pode apresentar riscos à saúde dos brasileiros: uma possível flexibilização da fiscalização sanitária do país, uma tentativa de reduzir o preço dos alimentos ao custo de menor rigor na qualidade dos produtos comercializados.
Isso levanta um questionamento fundamental: se a flexibilização sanitária não representa riscos à saúde, por que essa medida não foi adotada antes? Será que o governo, pressionado pela alta dos alimentos e pela queda na popularidade, adota essa estratégia desesperada e aposta em soluções arriscadas e imediatistas para tentar conter o descontentamento popular, mesmo que isso coloque em risco a segurança alimentar da população? Aguardamos as próximas soluções que o governo oferecerá e verificamos se o que ele já apresentou até o presente momento realmente funciona ou não. Aliás, ao que tudo indica o crédito do trabalhador e a possível flexibilização sanitária são apenas paliativos para os problemas reais da população brasileira.