Para a Frota News, o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é um dia para balanço, pois entendemos que todos os dias são importantes, sem exceção. Nesse período chega à redação muitas história, e, sempre selecionamos boas histórias que nos inspiram.
O presente especial lança um olhar sobre a influência transformadora com mulheres em um setor que não precisamos ficar repetindo que foi historicamente dominado por homens: o universo do transporte e automotivo. Será isso ainda verdade ou estamos mudando se tivermos um olhar mais positivo? Desde as pioneiras que moldaram a invenção do automóvel até as líderes contemporâneas que desafiam estereótipos e promovem mudanças significativas, este conjunto de reportagens celebra a trajetória feminina na construção de um trânsito mais seguro e equitativo. Exploramos como a prudência, a empatia e a liderança feminina estão redefinindo padrões e inspirando um futuro em que a segurança e a igualdade caminham lado a lado.

Mulheres e a evolução da segurança no trânsito
A trajetória das mulheres no universo automotivo é marcada por desafios e contribuições significativas. Embora no Brasil a permissão para que mulheres dirigissem tenha sido conquistada apenas em 1932, seu papel na segurança viária remonta ao século XIX.

Em 1888, Bertha Benz ficou conhecida como a “mãe do automóvel” ao realizar a primeira viagem de longa distância em um carro motorizado. Outras pioneiras também deixaram marcas profundas na segurança viária: Florence Lawrence, atriz e inventora, criou as setas e a luz de freio, enquanto Mary Anderson patenteou o limpador de para-brisa em 1903, aumentando a visibilidade em dias de chuva.
Estatísticas comprovam maior prudência feminina ao volante
Apesar de estereótipos machistas que questionam a capacidade feminina ao volante, os dados mostram o contrário. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2022, apenas 12% dos sinistros registrados envolviam mulheres, mesmo representando 50,2% dos motoristas habilitados no país.
Especialistas apontam que mulheres adotam um comportamento mais cauteloso no trânsito. “Elas respeitam mais os limites de velocidade, usam cinto de segurança com mais frequência e são menos propensas a dirigir sob efeito de álcool”, afirma Giovanna Varoni, diretora da ACTRANS-MG.
As condutoras contribuem para uma cultura de respeito e segurança viária. Segundo Adalgisa Lopes, presidente da ACTRANS-MG, a percepção espacial diferenciada das mulheres aumenta a consciência situacional, prevenindo acidentes.
Além disso, a empatia é um diferencial. “Mulheres promovem um ambiente de respeito no trânsito, reduzindo níveis de agressividade e atenuando conflitos”, destaca Varoni. A adoção dessas práticas por todos os motoristas pode transformar a segurança viária no Brasil.
Liderança feminina no agro e nas estradas
A segurança viária não é o único setor impactado pelo crescimento da participação feminina. No agronegócio, as mulheres ampliam sua presença, atuando em todas as fases da cadeia produtiva.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), quase 11 milhões de mulheres trabalham no agronegócio brasileiro. No Sistema Campo Limpo, que promove a logística reversa de embalagens de defensivos agrícolas, engenheiras e coordenadoras desempenham papel essencial na gestão ambiental.
Glaucy Ortiz, gerente de inspeção e defesa sanitária vegetal no Mato Grosso do Sul, reforça a importância da diversidade no setor: “A agronomia oferece vastas possibilidades, e a presença feminina vem crescendo tanto em números quanto em qualificação”.
Iniciativas da Iveco
O Caminhos para Elas é um programa da Iveco voltado para promover a equidade de gênero no setor de transporte, incentivando a participação feminina em uma área historicamente dominada por homens. O programa busca oferecer capacitação, suporte e oportunidades para mulheres que desejam ingressar ou se fortalecer na profissão de motorista de caminhão.
Por meio de aulas EAD e aulas práticas as mulheres tem acesso a diversos conteúdos para estarem mais capacitadas a enfrentar as estradas. Além disso a Iveco e o Sest Senat, aproxima essas mulheres de empresas transportadoras para conseguir que essas mulheres tenham mais oportunidades no mercado de trabalho.
História inspiradora da empresáriia Maria Celia

Também a DAF Caminhões homenageia lideranças femininas no transporte com história inspiradora de Maria Celia da Silva , uma história marcada por desafios e conquistas. Ela se tornou uma empresária de sucesso, construindo uma frota de 27 caminhões.
Antes de ingressar no setor de transportes, Maria Celia trilhou um caminho diversificado no mundo dos negócios. Atuou como vendedora de café, bicicletas e imóveis, além de ter experiência na política como vereadora e empresária no ramo de armazéns. Sua entrada no transporte de cargas se deu com seis caminhões, expandindo gradativamente sua empresa até consolidar a Transcelestial. Fez diversos cursos de empreendedorismo, treinamentos em sindicatos e atuou em todas as áreas da Transcelestial para dominar o assunto e ter mais bagagem para ampliar meus negócios.
Atualmente, 33% da equipe da DAF no Brasil é composta por mulheres, e 22% delas ocupam cargos de liderança. Na alta gestão, 10% das posições são ocupadas por mulheres, incluindo Larisa Gambrell, que, em 2024, tornou-se a primeira presidente da DAF no Brasil.
Mulheres rompem barreiras na engenhareia viária
A presença feminina na engenharia viária também tem aumentado. Na CART Concessionária de Rodovias, engenheiras e técnicas ocupam posições estratégicas. Juliana Carvalho, engenheira de obras, destaca: “Nossa presença reforça que competência e técnica são os verdadeiros critérios para um bom trabalho”.

Jéssica Slompo, primeira mulher a ocupar o cargo de técnica de segurança do trabalho na CART, defende que a segurança no trabalho é uma questão de comprometimento. “Nosso papel é garantir que todos voltem para casa em segurança”, enfatiza.
Dados do CONFEA mostram que apenas 20% dos engenheiros no Brasil são mulheres, mas a mudança está em curso. Na CART, 31% dos colaboradores são mulheres, e a participação feminina na engenharia cresceu 20% nos últimos anos.
Presença feminina no TRC
No setor de transporte rodoviário de cargas, a inserção feminina ainda enfrenta desafios. Segundo o Índice de Equidade no TRC 2023-2024, mulheres representam apenas 26% da força de trabalho no setor. Apenas 3% atuam como motoristas e 3% ocupam cargos de liderança.
Entretanto, iniciativas estão mudando esse cenário. Projetos como “Vez&Voz”, do Setcesp, e “A Voz Delas”, da Mercedes-Benz, incentivam a participação feminina. Empresas que adotam políticas de equidade relatam maior retenção de talentos, melhora no ambiente organizacional e redução de acidentes.
Joyce Bessa, vice-presidente da Pauta ESG na NTC&Logística, destaca a importância dessas mudanças: “A equidade de gênero não deve ser apenas um objetivo, mas uma realidade que construímos diariamente”.
Conclusão
A contribuição feminina para a segurança viária e para setores tradicionalmente masculinos é inegável. Seja ao volante, no agronegócio, na engenharia viária ou no transporte de cargas, as mulheres estão provando que a competência não tem gênero. A valorização da prudência, do respeito e da responsabilidade que elas trazem para esses setores é essencial para um futuro mais seguro e igualitário para todos.