Com know-how acumulado desde 2021 na Fórmula 1 e mais de 150 patentes registradas, a marca francesa aposta agora em sua nova geração do sistema híbrido E-Tech — e o plano inclui uma inédita versão flex, em desenvolvido no Brasil para operar com etanol e gasolina.
A estratégia da Renault mira diretamente o consumidor que ainda resiste aos modelos 100% elétricos, mas busca eficiência energética e menor impacto ambiental. E os números mostram que essa abordagem tem fôlego. Segundo a fabricante, as vendas de híbridos cresceram 7,8% na Europa no primeiro trimestre de 2025. No Brasil, os resultados do mercado em geral, segundo dados de emplacamentos, impressionam ainda mais: alta de 72% nos automóveis de passeio e de expressivos 306,9% nos comerciais leves com motorização híbrida, do qual, por enquanto, a Renault está ausente.
Atualmente, a Renault oferece por aqui apenas veículos movidos a combustão ou 100% elétricos. Mas essa realidade está prestes a mudar ainda neste ano.
E-Tech Flex: eletrificação adaptada ao etanol
Na prática, o E-Tech Flex será uma evolução do sistema E-Tech Hybrid 145 já disponível na Europa. Ele combina um motor 1.6 16v SCe a combustão com dois motores elétricos — um principal de 36 kW e um auxiliar de 15 kW — e uma transmissão automática multimodo sem embreagem. A versão brasileira manterá a arquitetura híbrida série-paralelo, agora ajustada para operar com etanol e gasolina, o que pode representar uma vantagem competitiva significativa frente aos híbridos convencionais.
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O primeiro modelo equipado com essa motorização deve chegar ao mercado ainda em 2025. Entre os cotados estão a nova geração do SUV Duster, a picape Oroch e o SUV de sete lugares Bigster, todos construídos sobre a plataforma modular CMF-B, preparada para receber tecnologias eletrificadas.
Além deles, a marca também trabalha em um SUV médio inédito, o Boreal, para disputar espaço com Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, ambos líderes em seus segmentos.
O E-Tech 160 a gasolina
A nova geração do sistema E-Tech a gasolina lançada na Europa trouxe ganhos importantes de desempenho. Nos modelos europeus Captur e Symbioz, o conjunto agora entrega até 160 cv combinados, com melhorias significativas em torque e aceleração. O Captur, por exemplo, reduziu o tempo de 0 a 100 km/h de 10,6 para 8,9 segundos.
A bateria também evoluiu: passou de 1,2 kWh para 1,4 kWh, operando a 230V, o que ampliou a autonomia em modo elétrico e reduziu o consumo médio para 23,3 km/l — com economia de combustível estimada em até 40% frente à geração anterior. Emissões também caíram, partindo de apenas 98 g de CO₂/km no Symbioz.
Mais conforto, mais capacidade de trabalho
As mudanças não ficaram apenas na eficiência energética. A Renault também aprimorou o conforto ao dirigir com a introdução da alavanca eletrônica e-shifter e nova calibração da transmissão, que manteve o sistema de engrenagens “crabots”, mas agora com trocas mais suaves e silenciosas.
A capacidade de reboque da versão E-Tech 160 subiu de 750 kg para 1.000 kg, o que amplia as aplicações dos modelos híbridos também para uso recreativo ou comercial leve — ponto relevante para frotistas e empreendedores que buscam versatilidade com baixo consumo.
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Linha Symbioz também ganha opção mild hybrid
Ampliando ainda mais sua gama, a Renault lançou na Europa uma versão mild hybrid do Symbioz, com motor 1.3 turbo a gasolina e sistema de 12V, que ocupa espaço como concorrente da Fiat. O conjunto entrega 140 cv e 260 Nm de torque, com consumo médio de 17 km/l e emissões a partir de 134 g de CO₂/km.
Considerações finais
Agora, resta saber se a Renault já não fez o “upgrade” do E-Tech 145 Flex para este E-Tech 160 de nova geração, pois colocaria a marca francesa em posição mais competitiva, tanto para os pesados SUV quanto para comerciais leves que precisam de força e eficiência energética.