Em um país de dimensões continentais como o Brasil — o quinto maior do mundo em extensão territorial, atrás apenas de Rússia, Canadá, China e Estados Unidos, com um território de mais de 8,5 milhões de km² —, sabemos da importância do transporte rodoviário para a movimentação da economia. Os caminhoneiros são, sem dúvida, o pilar fundamental de toda a cadeia de suprimentos do Brasil, garantindo o abastecimento nacional, desde alimentos e combustíveis até medicamentos e matérias-primas, muitas vezes transportando esses insumos de grandes centros urbanos para regiões remotas. Mas, para que isso aconteça, os motoristas profissionais enfrentam inúmeros desafios ao longo de suas jornadas.
Desafios enfrentados nas estradas
Um levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou que quase metade das rodovias avaliadas no Brasil estão em condições precárias. Como exemplo, podemos citar a BR-319 (Amazonas–Rondônia), que apresenta trechos com lama e buracos, e a BR-163 (Pará–Mato Grosso), fundamental para o escoamento da produção agrícola, mas que sofre com falta de pavimentação em alguns trechos e atoleiros em épocas de chuva.
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Várias rodovias essenciais, como a BR-319, têm obras interrompidas há anos, seja por falta de verbas públicas ou má gestão, aumentando o risco de acidentes.
Há ainda a insegurança e a falta de policiamento nas estradas, sendo o roubo de cargas uma realidade em muitas regiões. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, registram altos índices. A ausência de postos policiais e de monitoramento por câmeras contribui para a maior exposição dos motoristas ao risco.
Outro aspecto importante são os pedágios elevados em rodovias que não apresentam melhorias, como falta de conservação e pouca sinalização. Isso resulta em aumento dos custos operacionais, principalmente para os motoristas autônomos.
Esses desafios representam um problema constante para a categoria, e políticas públicas voltadas à melhoria da infraestrutura nacional contribuiriam ainda mais para o fortalecimento da economia brasileira.
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Atuação essencial no abastecimento
Em 2018, presenciamos a paralisação dos caminhoneiros por dez dias, gerando perdas altíssimas para o país. Na ocasião, os brasileiros sentiram os efeitos imediatos da greve: falta de combustíveis, aumento de preços nos supermercados, escassez de medicamentos e até paralisação de indústrias.
Esses efeitos não apenas evidenciaram a força desse modal, como também a relevância do trabalho desses profissionais para a nossa economia.
Considerando que mais da metade da carga no Brasil é transportada pelas rodovias, é fato notório que os caminhoneiros conectam diversas regiões, ligando áreas produtoras a centros consumidores.
Além disso, como já abordado em outro texto, o agronegócio — pilar fundamental da nossa economia — depende fortemente do trabalho dos caminhoneiros para o escoamento da produção.
Propostas para a valorização
Não há como discordar da importância da categoria para o Brasil, embora existam pouquíssimas políticas governamentais voltadas à valorização e à melhoria da qualidade de vida daqueles que, a peso de ouro, carregam o país.
Como apresentado ao longo deste texto, são necessários investimentos tanto em infraestrutura quanto na conscientização sobre o trabalho desempenhado pelos caminhoneiros. A sociedade como um todo deve buscar e defender esses avanços, visando não apenas o bem comum, mas também o reconhecimento da dedicação e do empenho desses profissionais.
Para isso, é essencial exigir que os governos federal, estaduais e municipais invistam em políticas públicas eficazes, como a criação de pontos de parada equipados com estrutura adequada para oferecer conforto e descanso; além disso, são urgentes estradas bem conservadas e maior segurança, com policiamento reforçado nas rodovias.
Também são necessárias políticas de crédito e incentivos fiscais para a aquisição e manutenção dos veículos.
Devemos, ainda, garantir o acesso dos caminhoneiros à saúde, considerando que eles enfrentam jornadas exaustivas, com poucas oportunidades de repouso, o que compromete sua saúde física e mental, contribuindo para o surgimento de doenças cardiovasculares, depressão e ansiedade.