sexta-feira, junho 20, 2025

Enel trava operação de 175 ônibus elétricos: O transporte do futuro está esperando a luz… literalmente

A novela “Enel Brasil vs. Eletromobilidade” ganha mais um capítulo digno do Troféu Mico Internacional Edição Faltou Luz — ou pelo menos de um troféu joinha do Fantástico. O enredo? Um escândalo internacional que virou meme no grupo da família e vexame deluxe para a Prefeitura de São Paulo, que comprou 175 ônibus elétricos, mas esqueceu de combinar com a tomada.

Sim, os veículos estão prontos, lindos e parados — tipo aquele tênis de corrida que você compra e nunca usa. Motivo? Falta de energia elétrica. Isso mesmo: o transporte “do futuro” está preso no passado por culpa da Enel, que prometeu a infraestrutura e até agora só entregou fios soltos e sonhos frustrados.

Como cereja do bolo, a Prefeitura usa uma cláusula de contrato como desculpa e dá um calote gourmet nos fornecedores. Moral da história: enquanto os ônibus descansam nas garagens, a cidade continua rodando no diesel… e no deboche.

Agora, a notícia é a seguinte:

A Mercedes-Benz do Brasil enfrenta um prejuízo estimado em R$ 300 milhões após entregar 175 ônibus elétricos modelo eO500U para a cidade de São Paulo e não receber o pagamento correspondente. O imbróglio envolve a Prefeitura da capital paulista, as empresas operadoras de transporte público e, principalmente, a concessionária de energia Enel, responsável por fornecer a infraestrutura elétrica necessária para que os veículos entrem em operação.

Os ônibus foram entregues entre agosto de 2024 e fevereiro de 2025 às concessionárias Sambaíba, Metrópole Paulista e MobiBrasil, como parte do programa de eletrificação da frota paulistana. No entanto, os veículos permanecem estacionados nas garagens, sem previsão de entrada em circulação.

O entrave está no modelo de financiamento adotado pela Prefeitura: o pagamento à montadora só é realizado quando os ônibus começam efetivamente a operar nas ruas. Como a infraestrutura de recarga elétrica — como cabines de transformação e pontos de conexão à rede — ainda não foi concluída pela Enel, os veículos estão parados, e a Mercedes-Benz segue sem receber pelos lotes entregues.

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Enel no centro da crise novamente

A Enel Distribuição São Paulo é apontada como responsável direta pelo atraso. De acordo com fontes da indústria e da própria administração municipal, a concessionária não finalizou a instalação da rede elétrica necessária nas garagens das operadoras, o que impossibilita o carregamento das baterias dos ônibus.

“A situação é crítica. Os veículos estão prontos e disponíveis, mas parados por conta da ausência de energia elétrica. Isso não apenas afeta a Mercedes-Benz financeiramente, como compromete o cronograma de transição energética da frota de ônibus da cidade”, afirmou Walter Barbosa, vice-presidente de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.

Proposta de mudança contratual

Diante do impasse, a Mercedes-Benz sugeriu à Prefeitura a revisão do modelo atual de financiamento. Uma das propostas é que o pagamento aos fornecedores seja desvinculado da operação efetiva dos veículos, ou que sejam previstas multas para as partes responsáveis por atrasos, como a Enel.

Apesar da pressão da indústria, o prefeito Ricardo Nunes já declarou publicamente que não pretende alterar o modelo contratual vigente, alegando que ele garante maior controle do uso de recursos públicos. A administração municipal reconhece os atrasos na entrega da infraestrutura elétrica, mas afirma que está acompanhando o cronograma da Enel.

Impacto direto na população

Atualmente, cerca de 100 ônibus elétricos novinhos permanecem fora de circulação. Além do prejuízo à montadora, a situação representa um revés para a política de mobilidade urbana sustentável da cidade, que prevê a eletrificação gradual de toda a frota até 2038.

A crise acende o alerta sobre a viabilidade dos contratos de subvenção no setor público e sobre a necessidade de planejamento integrado entre fabricantes, operadoras e concessionárias de energia — especialmente em um momento em que a mobilidade elétrica ganha protagonismo nas políticas ambientais e urbanas.

Um futuro incerto

A crise evidencia a fragilidade na articulação entre diferentes setores — montadoras, concessionárias, operadoras de transporte e fornecedoras de energia — quando o assunto é mobilidade elétrica em larga escala. A Mercedes-Benz, uma das maiores fabricantes de ônibus do mundo, agora espera uma solução que não só libere os pagamentos, mas que evite novas paralisações em futuros contratos.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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