O Porto de Santos, o maior da América Latina e um dos mais movimentados do mundo. A partir deste mês, caminhões movidos a gás natural comprimido (GNC) passaram a operar no terminal de contêineres Tecon Santos, administrado pela empresa Santos Brasil.
Ao todo, foram adquiridas 35 unidades do modelo Scania P 340, que utilizam GNC como combustível, que pode ser abastecido com o gás fóssil GNV ou renovável biometano. Com motor de nove litros e capacidade máxima de tração de 78 toneladas, os veículos contam com oito cilindros de armazenamento de gás e prometem reduzir em até 20% as emissões de CO₂ quando abastecido com GNV e 90% com biometano, na comparação com caminhões equivalentes a diesel.
O investimento foi de R$ 40 milhões e faz parte do Plano de Transição Climática da Santos Brasil, que tem metas ambiciosas até 2040: diminuir em 70% as emissões diretas de gases de efeito estufa (escopos 1 e 2) e em 30% as emissões indiretas (escopo 3).
Essa aquisição representa apenas o início de um movimento maior. A empresa planeja substituir, gradualmente, os 140 caminhões a diesel de sua frota por alternativas menos poluentes ou de emissão praticamente nula.
A Scania, fabricante dos veículos, vem apostando fortemente nessa tecnologia. Nos últimos seis anos, a marca já comercializou 1.500 caminhões movidos a gás natural e projeta vender mais mil unidades até o fim de 2025. Para impulsionar ainda mais esse mercado, a montadora tem oferecido subsídios e condições facilitadas para aquisição dos modelos sustentáveis.
Os caminhões adquiridos são do modelo P 340, configurados especificamente para atender às necessidades operacionais do Tecon Santos após um estudo detalhado. Com motor de 9 litros, 340 cavalos de potência e torque de 1.600 Nm entre 1.100 e 1.400 rpm, os veículos são equipados com a transmissão Scania Opticruise G25CM de 14 marchas, que garante trocas rápidas e eficiente aproveitamento do torque. O entre-eixos de 3.950 mm acomoda perfeitamente os oito cilindros de gás, enquanto o eixo traseiro R885 assegura uma robusta capacidade máxima de tração (CMT) de até 78 toneladas.
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A Multilixo, braço de gestão de resíduos do Grupo Multilixo terá parte de sua frota movida com biometano como fonte de energia — um avanço importante em seu projeto de descarbonização. Os veículos atenderão áreas estratégicas e de alta emissão de carbono, como as regiões da Avenida Paulista, Berrini e Faria Lima.
O biocombustível será produzido pela UTGR Jambeiro, a unidade de tratamento e geração de resíduos do Grupo Multilixo, responsável por operar a primeira usina autossustentável de biometano do Brasil.
“O projeto de descarbonização contempla uma série de iniciativas voltadas para a renovação da frota e a redução contínua das emissões de CO₂. Isso transforma não apenas nossa operação, mas também agrega valor à cadeia de nossos clientes, reforçando seus compromissos ESG”, afirma Lucas Urias, diretor de Planejamento Estratégico e Novos Negócios do Grupo Multilixo.

A estratégia prevê a migração de 20% da frota nos próximos cinco anos, com um investimento estimado em R$ 200 milhões.
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Biometano: 7º Fórum Sul Brasileiro começa esta semana com foco em resiliência
De 8 a 10 de abril, a cidade de Bento Gonçalves (RS) será palco de um dos principais encontros da cadeia de biogás e biometano do país. O 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano (FSBBB) reunirá mais de 700 participantes, entre especialistas, pesquisadores, produtores, representantes do setor público e privado, além de empresas nacionais e internacionais. A proposta é clara: debater soluções sustentáveis que aliem geração de energia limpa à destinação adequada de resíduos, com destaque para o papel estratégico do biogás na transição energética e na resiliência climática.
O retorno do evento ao Rio Grande do Sul acontece em um momento simbólico. Após a cheia histórica de 2024, o estado vive o desafio da reconstrução. E é nesse cenário que o biogás ganha protagonismo como tecnologia capaz de transformar passivos ambientais em ativos energéticos e econômicos.
A abertura oficial será no dia 8 de abril, às 9h, seguida do painel “Biogás e Resiliência Climática”, às 9h30, primeiro de uma série de dez debates que se estendem até o dia 9.
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“Temos a oportunidade de mostrar que o biogás é uma grande possibilidade para a produção de energia limpa no Brasil”, afirma Suelen Paesi, coordenadora do Fórum e pesquisadora da Universidade de Caxias do Sul (UCS). “Plantas de biogás permitem um processo eficiente de destinação de resíduos, ao mesmo tempo em que reduzem o impacto ambiental”, explica.
A pesquisadora destaca ainda que o conteúdo do FSBBB dialoga diretamente com as pautas da COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). “A captura do metano e sua conversão em energia verde é essencial para mitigar o aquecimento global e os efeitos das mudanças climáticas”, reforça.
Melhores do Biogás
Além dos debates, o evento contará com o Espaço de Negócios, onde mais de 50 marcas apresentarão tecnologias, equipamentos e soluções voltadas ao mercado global de energias renováveis. Empresas de nove países estarão representadas. Outro destaque será a entrega do prêmio Melhores do Biogás Brasil, que reconhece iniciativas inovadoras e bem-sucedidas no setor, além do Momento Startups do Biogás, voltado à apresentação de novos projetos e tecnologias.
O último dia do Fórum, 10 de abril, será dedicado a visitas técnicas, com três roteiros distintos que permitirão aos participantes conhecer de perto plantas produtoras de biogás e biometano, com foco em resíduos urbanos, industriais e da agropecuária.
Já no dia anterior à abertura, 7 de abril, a agenda contempla eventos pré-fórum direcionados a produtores rurais, extensionistas, agentes públicos e pesquisadores, incluindo uma sessão de negócios.
Um setor em expansão com enorme potencial
De acordo com o Panorama do Biogás no Brasil 2023, divulgado pelo CIBiogás, o país possui atualmente uma capacidade instalada em operação de 4,15 bilhões de Nm³. No entanto, o potencial estimado é 20 vezes maior: 84,6 bilhões de Nm³, com 10,8 bilhões possíveis de serem alcançados a curto prazo.
Atualmente, o Brasil conta com 1.365 plantas de biogás em operação. O Paraná lidera em número de unidades, seguido por Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo.
Realização e parceiros
O 7º FSBBB é promovido pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Embrapa Suínos e Aves (de Concórdia, SC) e o Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás, de Foz do Iguaçu (PR). A organização é da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindústria (SBERA).
A programação completa pode ser conferida no site oficial do evento:
biogasebiometano.com.br/programacao2025
Volvo Penta
No estande da marca os visitantes poderão conhecer mais sobre as tecnologias que permitem o uso de biogás em motores para geradores de energia elétrica, uma solução sustentável para produtores rurais e indústrias. Estará exposto o motor G13, desenvolvido para operar com gás (GNV, biometano e biogás).
Especialistas da marca também estarão no evento para fornecer informações sobre o produto e discutir como as soluções da empresa contribuem para a eficiência energética e a redução de emissões de carbono nos processos produtivos.