sexta-feira, maio 16, 2025

O Sistema Toyota está ultrapassado? Um olhar analítico sobre a montadora japonesa

Em meio à revolução elétrica da indústria automotiva, a Toyota, maior montadora do mundo, parece nadar contra a corrente. Enquanto Tesla e BYD ganham as manchetes com seus veículos 100% elétricos, muitos se perguntam: o Sistema Toyota de Produção está ultrapassado? Por que a Toyota ainda hesita em mergulhar de cabeça na eletrificação total?

A resposta exige mais do que uma leitura superficial. Está enraizada em uma filosofia centenária, pautada por princípios que resistem ao tempo e às modas passageiras. Para entender o “ritmo Toyota”, é preciso olhar com lupa para o Toyota Way, um conjunto de 14 princípios que norteiam suas decisões estratégicas e operacionais. Três deles (1, 8 e 13), são especialmente relevantes neste momento de transição.

Princípio 1 – Pensar no longo prazo, mesmo em detrimento de ganhos imediatos

No mundo das startups e dos lançamentos apressados, a Toyota parece antiquada. Mas o que para alguns é lentidão, para outros é prudência. A empresa japonesa não cede ao hype, e tampouco acelera em direção a um mercado ainda em formação sem antes mapear todos os riscos.

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Apesar do otimismo em torno dos carros 100% elétricos (EVs), os desafios ainda são substanciais:

  • Autonomia limitada: especialmente em países com grandes extensões territoriais;
  • Infraestrutura de recarga insuficiente: em muitos lugares, simplesmente não há suporte para uma frota elétrica em larga escala;
  • Custo elevado de produção e aquisição;
  • Manutenção altamente especializada;
  • Sustentabilidade questionável das baterias, tanto no processo de extração de lítio quanto na reciclagem;
  • Desvalorização rápida dos EVs no mercado de usados.

Ao não seguir a maré de forma precipitada, a Toyota mostra que está mais preocupada em construir o futuro de maneira sólida do que em conquistar manchetes.

Princípio 8 – Inovação responsável: Usar apenas tecnologias testadas e confiáveis

A história da Toyota é marcada por revoluções silenciosas. O Prius, lançado em 1997, foi o primeiro híbrido produzido em massa — um marco que moldou o caminho para a eletrificação moderna. Mas foi feito com calma, testes rigorosos e confiabilidade japonesa.

Hoje, a marca segue investindo em hidrogênio, híbridos plug-in e combustíveis alternativos, sem abandonar a inovação. Mas, para a Toyota, inovar não é correr. É avançar com consistência.

Princípio 13 – Decisão por consenso e implementação rápida

A Toyota aplica o conceito japonês do Kaizen (melhoria contínua) com obsessão. Antes de qualquer grande movimento, uma pergunta precisa ser respondida: “Você analisou mais quais opções?”

Isso evita reações impulsivas a tendências. A escolha pelos híbridos, pela pesquisa em hidrogênio e pela análise criteriosa da eletrificação total se baseia em dados concretos: viabilidade de infraestrutura, impacto ambiental total (incluindo baterias) e custo-benefício para o consumidor médio.

E os Resultados? A cultura Toyota funciona?

A filosofia da Toyota não só resiste ao tempo, como entrega resultados sólidos. Um exemplo é a volatilidade das ações:

  • Toyota: 1,53 (baixa volatilidade)
  • BYD: 5,60 (volatilidade moderada)
  • Tesla: 83,02 (alta volatilidade)

Isso significa que, enquanto outras empresas oscilam conforme o humor do mercado, a Toyota se mantém estável, confiável e rentável a longo prazo. Para o investidor, fica a pergunta: você prefere apostar em hype ou em consistência?

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam, necessariamente, a visão deste veículo.

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Filipi Goschrman
Filipi Goschrmanhttps://www.frotanews.com.br
Filipi Goschrman é um profissional com ampla experiência em inteligência de mercado, tendência, comportamento e negócios. Há 10 anos, se dedica a analisar e entender o mercado e os consumidores. Responsável pelo planejamento comercial do Frota News, atua também como diretor executivo do Guia de Turismo de São Paulo, Guide SP, uma plataforma de serviços e soluções para o turismo na cidade de São Paulo.
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