Se nas edições anteriores da Agrishow a presença de motores a etanol em tratores e máquinas ainda era tímida e experimental, a feira de 2025 consolidou o combustível renovável como protagonista no agronegócio brasileiro. Este ano, o etanol invadiu com força o coração do campo, impulsionando tratores, colhedoras, caminhões, ônibus e picapes com tecnologia de ponta. Em um setor sedento por soluções sustentáveis e eficientes, os lançamentos mostraram que o futuro já é uma realidade.
Grunner lidera a transição com a primeira “Smart Machine” a etanol
O grande destaque foi a Grunner, empresa brasileira que apresentou o ATR E, o primeiro transbordador de cana-de-açúcar movido 100% a etanol. Com um sistema inédito de combustão desenvolvido pela Sistemas DSA, o ATR E substitui apenas injetores e centrais eletrônicas do motor diesel original, mantendo 80% da estrutura mecânica. A conversão é rápida e reversível, durando cerca de quatro horas.
Leia também:
Noma do Brasil amplia portfólio de produtos com a linha Work Series
Agrishow 2025: DAF destaca soluções para o agronegócio
Toyota apresenta primeira picape a biometano do Brasil
“É uma revolução silenciosa. Estamos mudando o DNA da máquina sem alterar sua alma” afirmou João Pedro Rassi, CEO da Grunner. O protótipo começa a operar ainda este ano em um projeto-piloto de 6.500 hectares.
John Deere aposta no 8R a etanol para grãos e cana
A gigante John Deere apresentou o 8R movido a etanol, adaptado com tecnologia de ciclo Otto para manter desempenho semelhante ao diesel. A proposta é reduzir emissões e custos em lavouras de grãos e cana, com uma solução realista e escalável. Embora ainda em fase de testes, o protótipo é visto como estratégico para o mercado brasileiro.

Case IH e FPT: motores dedicados a etanol
A Case IH também entrou no jogo com força. A marca levou à Agrishow sua primeira colhedora de cana-de-açúcar de duas linhas movida integralmente a etanol, que apresentou consumo de apenas 2,6 litros por tonelada de cana colhida. Já a FPT Industrial, do grupo CNH, desenvolveu motores dedicados a etanol — o Cursor 13 e o N67 Etanol — otimizados para esse combustível renovável.
Volare: o híbrido brasileiro com etanol
O Volare Attack 9 Híbrido é um projeto ousado que aponta para o futuro do transporte limpo no Brasil. A combinação de um motor elétrico de 220 kW com um motor 1.0 a etanol — que atua como gerador para as baterias — elimina a necessidade de infraestrutura de recarga. Com autonomia de até 500 km, o modelo tem previsão de lançamento comercial para 2026 e promete revolucionar o mercado com sua proposta de híbrido 100% compatível com a malha de abastecimento do país.

O etanol como protagonista da sustentabilidade
No centro dessa revolução está o etanol — combustível renovável, abundante e já bem estabelecido na infraestrutura brasileira. Estudos apresentados durante a feira indicam que o uso de etanol pode reduzir em até 90% as emissões de gases de efeito estufa em relação ao diesel.
Entretanto, desafios persistem. A menor densidade energética do etanol exige ajustes logísticos, como tanques maiores ou reabastecimentos mais frequentes. Além disso, as tecnologias a etanol ainda estão em fase de testes e validação, com previsão de comercialização a partir de 2026.
Instagram: estou sempre trocando ideias por lá também. Me segue no Instagram, e vamos continuar essa conversa.
Cummins
Não foi apenas no setor de máquinas que o etanol brilhou. A Cummins apresentou seu motor conceito B6.7 a etanol, prometendo potência de 325 cv e torque de 895 Nm, equiparável a motores diesel.
Conclusão: o futuro está no campo
Se a Agrishow 2025 revelou algo, é que o futuro da mecanização agrícola será movido a biocombustíveis. De tratores inteligentes a colhedoras robustas, o etanol emerge como solução concreta para um agronegócio mais verde, competitivo e alinhado com as metas globais de sustentabilidade.
No pé vermelho das lavouras paulistas, o som dos motores agora carrega o perfume doce da cana-de-açúcar. E com ele, a esperança de uma nova era para o campo brasileiro.