sexta-feira, maio 16, 2025

Agrishow 2025 marca era dos veículos a etanol no agro

Se nas edições anteriores da Agrishow a presença de motores a etanol em tratores e máquinas ainda era tímida e experimental, a feira de 2025 consolidou o combustível renovável como protagonista no agronegócio brasileiro. Este ano, o etanol invadiu com força o coração do campo, impulsionando tratores, colhedoras, caminhões, ônibus e picapes com tecnologia de ponta. Em um setor sedento por soluções sustentáveis e eficientes, os lançamentos mostraram que o futuro já é uma realidade. 

Grunner lidera a transição com a primeira “Smart Machine” a etanol 

O grande destaque foi a Grunner, empresa brasileira que apresentou o ATR E, o primeiro transbordador de cana-de-açúcar movido 100% a etanol. Com um sistema inédito de combustão desenvolvido pela Sistemas DSA, o ATR E substitui apenas injetores e centrais eletrônicas do motor diesel original, mantendo 80% da estrutura mecânica. A conversão é rápida e reversível, durando cerca de quatro horas. 

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“É uma revolução silenciosa. Estamos mudando o DNA da máquina sem alterar sua alma” afirmou João Pedro Rassi, CEO da Grunner. O protótipo começa a operar ainda este ano em um projeto-piloto de 6.500 hectares. 

John Deere aposta no 8R a etanol para grãos e cana 

A gigante John Deere apresentou o 8R movido a etanol, adaptado com tecnologia de ciclo Otto para manter desempenho semelhante ao diesel. A proposta é reduzir emissões e custos em lavouras de grãos e cana, com uma solução realista e escalável. Embora ainda em fase de testes, o protótipo é visto como estratégico para o mercado brasileiro. 

Etanol no agro
John Deree 8R

Case IH e FPT: motores dedicados a etanol 

A Case IH também entrou no jogo com força. A marca levou à Agrishow sua primeira colhedora de cana-de-açúcar de duas linhas movida integralmente a etanol, que apresentou consumo de apenas 2,6 litros por tonelada de cana colhida. Já a FPT Industrial, do grupo CNH, desenvolveu motores dedicados a etanol — o Cursor 13 e o N67 Etanol — otimizados para esse combustível renovável. 

Volare: o híbrido brasileiro com etanol

O Volare Attack 9 Híbrido é um projeto ousado que aponta para o futuro do transporte limpo no Brasil. A combinação de um motor elétrico de 220 kW com um motor 1.0 a etanol — que atua como gerador para as baterias — elimina a necessidade de infraestrutura de recarga. Com autonomia de até 500 km, o modelo tem previsão de lançamento comercial para 2026 e promete revolucionar o mercado com sua proposta de híbrido 100% compatível com a malha de abastecimento do país. 

etanol no agro
Volare Attack 9 Híbrido

O etanol como protagonista da sustentabilidade 

No centro dessa revolução está o etanol — combustível renovável, abundante e já bem estabelecido na infraestrutura brasileira. Estudos apresentados durante a feira indicam que o uso de etanol pode reduzir em até 90% as emissões de gases de efeito estufa em relação ao diesel. 

Entretanto, desafios persistem. A menor densidade energética do etanol exige ajustes logísticos, como tanques maiores ou reabastecimentos mais frequentes. Além disso, as tecnologias a etanol ainda estão em fase de testes e validação, com previsão de comercialização a partir de 2026. 

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Cummins

Não foi apenas no setor de máquinas que o etanol brilhou. A Cummins apresentou seu motor conceito B6.7 a etanol, prometendo potência de 325 cv e torque de 895 Nm, equiparável a motores diesel.

Conclusão: o futuro está no campo 

Se a Agrishow 2025 revelou algo, é que o futuro da mecanização agrícola será movido a biocombustíveis. De tratores inteligentes a colhedoras robustas, o etanol emerge como solução concreta para um agronegócio mais verde, competitivo e alinhado com as metas globais de sustentabilidade. 

No pé vermelho das lavouras paulistas, o som dos motores agora carrega o perfume doce da cana-de-açúcar. E com ele, a esperança de uma nova era para o campo brasileiro. 

 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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