sexta-feira, junho 20, 2025

A expansão dos biocombustíveis no Mato Grosso do Sul

O Mato Grosso do Sul vive um momento de transformação econômica impulsionado pela força dos biocombustíveis. A agroindústria voltada à produção de energia renovável tem sido responsável por alavancar o desenvolvimento do estado, com reflexos diretos no crescimento do PIB, na geração de empregos e na competitividade nacional e internacional do setor.

Em 2025, a economia sul-mato-grossense deve crescer 4,8%, segundo estimativas do governo estadual — um desempenho expressivo que supera em 2,8 pontos percentuais a previsão de crescimento do PIB brasileiro. Esse avanço é liderado, em grande parte, pelo segmento de bioenergia, que já representa 17% do Produto Interno Bruto estadual.

De acordo com a Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), o estado alcançou uma produção histórica de 4,2 bilhões de litros de etanol na safra 2024/2025, consolidando-se como o quarto maior produtor do país. A meta é ambiciosa: ser o segundo maior produtor até 2027, ficando atrás apenas de São Paulo. Para 2034, o objetivo é ainda mais ousado — alcançar 48,5 bilhões de litros de biocombustíveis, ante os 35 bilhões produzidos em 2024.

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Crescimento em todas as frentes

O avanço da bioenergia no estado não se restringe ao etanol. Em 2024, a produção de biodiesel foi de 9,4 bilhões de litros, com meta de chegar a 14,3 bilhões até 2034. A produção de diesel verde (HVO) ainda é inexistente, mas há expectativa de alcançar 13,6 bilhões de litros em dez anos. Já o SAF (combustível sustentável para aviação) teve início com 0,9 bilhão de litros, mirando 6,5 bilhões em 2034.

Outro destaque é o biometano, que teve produção de 1,8 bilhão de Nm³ em 2024, e deve atingir 3,3 bilhões de Nm³ até 2034. O etanol de milho, alternativa crescente no portfólio energético do estado, somou 7,3 bilhões de litros em 2024, com projeção de quase dobrar — chegando a 14,3 bilhões de litros — na próxima década.

Desafio: falta de mão de obra

Apesar do otimismo com os números, a rápida expansão do setor traz consigo um grande desafio: a escassez de mão de obra. Segundo empresas do ramo, setores como o de transporte já enfrentam dificuldade para encontrar trabalhadores qualificados. Isso ocorre porque a velocidade de crescimento da agroindústria de biocombustíveis supera a capacidade atual de formação e alocação de profissionais.

Hoje, o setor emprega cerca de 30 mil pessoas diretamente no estado e conta com 22 usinas de bioenergia em operação. A expectativa é que esse número aumente com os investimentos programados para os próximos anos.

Protagonismo global

O destaque de Mato Grosso do Sul reflete um cenário global de crescimento dos biocombustíveis. Segundo a Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), o setor movimentou US$ 320 bilhões em 2023, o equivalente a aproximadamente R$ 1,6 trilhão, considerando a cotação média do dólar. Esse volume contribuiu com 10% da expansão do PIB mundial e foi responsável pela criação de mais de 2,8 milhões de novos postos de trabalho no planeta.

Nesse contexto, o Brasil — e especialmente o Mato Grosso do Sul — tem papel de liderança, combinando recursos naturais abundantes, políticas públicas de incentivo e uma cadeia produtiva altamente tecnificada.

Perspectivas

Com metas bem definidas, capacidade produtiva crescente e forte apelo sustentável, o Mato Grosso do Sul se posiciona como um polo estratégico na transição energética brasileira. A consolidação do estado como referência nacional em biocombustíveis depende agora da superação de gargalos na qualificação de mão de obra e de investimentos em logística, pesquisa e inovação. A corrida já começou — e o estado quer chegar na frente.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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