A Hino Motors, subsidiária integral da Toyota Motor Corporation, está no centro de um dos maiores escândalos ambientais da indústria automotiva nos Estados Unidos. A montadora japonesa confessou ter manipulado por quase uma década os testes de emissões de poluentes e consumo de combustível em mais de 100.000 veículos a diesel, violando diretamente a Lei do Ar Limpo (Clean Air Act). As informações são do site Clean Trucking.
O caso ganhou um novo desdobramento nesta semana, quando o juiz Mark A. Goldsmith, do Tribunal Distrital dos EUA, aceitou a confissão de culpa da empresa após investigações conduzidas pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) e o Departamento de Justiça (DOJ). A sentença impõe à Hino uma multa criminal de US$ 521,76 milhões (equivalente a R$ 3,22 bilhões) e a obrigação de pagar mais US$ 1,087 bilhão em confisco de lucros obtidos com a prática fraudulenta.
Além disso, a empresa ficará em liberdade condicional por cinco anos, durante os quais estará proibida de importar motores a diesel para os Estados Unidos. A Hino também terá que implementar um rigoroso programa de conformidade e ética corporativa, incluindo uma nova estrutura de relatórios e auditorias internas.
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Segundo o DOJ, entre 2010 e 2019, engenheiros da Hino apresentaram intencionalmente pedidos falsificados de certificação de motores à EPA. Esses documentos continham dados manipulados sobre emissões de dióxido de carbono e consumo de combustível, além de omitirem informações cruciais sobre softwares embarcados que poderiam interferir negativamente nos sistemas de controle de emissões.
As consequências foram significativas: mais de 105.000 motores a diesel — em sua maioria instalados em caminhões pesados — foram vendidos ilegalmente nos EUA entre 2010 e 2022, operando fora dos padrões ambientais permitidos.
“A Hino importou ilegalmente mais de 105.000 motores que não cumpriam os padrões de emissões dos EUA e mentiu sobre o que estava fazendo”, declarou Adam Gustafson, procurador-geral adjunto interino da Divisão de Meio Ambiente e Recursos Naturais do DOJ. “A conduta criminosa da Hino deu a ela uma vantagem comercial injusta sobre outras empresas cumpridoras da lei, incluindo empresas americanas, e gerou mais de US$ 1 bilhão em receitas brutas.”
Outro crime
Essa não foi a única penalização recente sofrida pela empresa. Em janeiro deste ano, o estado da Califórnia, em conjunto com o California Air Resources Board (CARB), já havia firmado um acordo separado com a Hino, no valor de US$ 236,5 milhões, relacionado às mesmas práticas fraudulentas.
Somadas, as penalidades impostas à empresa ultrapassam US$ 1,6 bilhão, representando um marco histórico na aplicação de leis ambientais nos Estados Unidos.
O caso da Hino lança nova luz sobre a necessidade de reforço na fiscalização e transparência da indústria automotiva global, especialmente em um momento em que a transição para tecnologias mais limpas é cada vez mais urgente. A Toyota, como controladora da Hino, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o escândalo.