Considerando a proporcionalidade entre os tamanhos das frotas de caminhões e ônibus, o Brasil apresenta um consumo de biodiesel próximo ao dos Estados Unidos. Segundo um relatório recente da Clean Fuels Alliance America, os Estados Unidos deverão ultrapassar o consumo de 5 bilhões de galões de biodiesel em 2024, o que equivale a aproximadamente 19 bilhões de litros. No Brasil, de acordo com a consultoria StoneX, o consumo deve superar 8,5 bilhões de litros no ano passado. Contudo, nos 19 bilhões de litros consumidos pelos Estados Unidos estão incluídos o HVO (biodiesel hidrotratado), um combustível mais limpo do que o biodiesel de primeira geração, e que ainda não é produzido no Brasil.
Em relação às frotas, o Brasil possui, segundo dados do Ministério do Transporte, cerca de 2,5 milhões de caminhões (sem uma estimativa precisa de quantos estão fora de circulação, devido à burocracia para baixa de documentação), 400 mil ônibus, além de furgões e picapes. Já nos Estados Unidos, a frota é composta por 6,5 milhões de caminhões e 807 mil ônibus.
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Nos Estados Unidos, essa estimativa para 2024 ocorre após um ano recorde no uso de combustíveis de baixo carbono (Low Carbon Fuels – LCF), impulsionado por políticas estaduais para acelerar a transição do diesel tradicional. Além disso, fatores como avanços nos padrões técnicos, aumento da capacidade de esmagamento de soja e maior apoio público aos combustíveis limpos têm contribuído para essa tendência.
“Consumidores e empresas estão exigindo combustíveis mais limpos e, cada vez mais, optando por biodiesel e diesel renovável para atender a essas demandas”, afirmou Donnell Rehagen, CEO da Clean Fuels Alliance America. “Nossa indústria se tornou uma força central no esforço global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.”
Políticas estaduais nos Estados Unidos
Alguns estados americanos têm desempenhado papel fundamental no aumento do uso de combustíveis limpos:
- Novo México: Tornou-se o quarto estado a implementar um Padrão de Combustível de Transporte Limpo.
- Nebraska: Expandiu seu programa de varejo de biodiesel, permitindo maior participação de revendedores locais. O estado também aprovou incentivos para a produção de combustível de aviação sustentável (SAF).
- Califórnia: O uso de biodiesel e diesel renovável cresceu significativamente, representando agora 75% do suprimento de diesel do estado e gerando 45% dos créditos de carbono, mais do que qualquer outro combustível.
- Iowa: Alcançou um recorde de 486,5 milhões de galões de biodiesel vendidos em 2023, quase o triplo do volume de 2007. Esse crescimento, impulsionado por incentivos fiscais e investimentos em infraestrutura, fortalece o papel de Iowa como líder em energia renovável.
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Aplicações e impactos
O biodiesel e o diesel renovável são amplamente utilizados na aviação, no transporte marítimo, ferroviário e de cargas pesadas, tornando-se especialmente atraentes para grandes frotas de caminhões.
Em novembro de 2023, o Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia (CARB) aprovou normas mais rigorosas para o Padrão de Combustível de Baixo Carbono (Low Carbon Fuel Standard – LCFS), vigente desde 2011. Esse padrão já reduziu a intensidade de carbono do mix de combustíveis da Califórnia em quase 13%, eliminando cerca de 70% do diesel tradicional utilizado no estado.
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Ainda assim, desafios permanecem. Em 2023, a Clean Fuels Alliance e especialistas do setor introduziram especificações atualizadas, como misturas de biodiesel mais altas, adaptadas aos motores modernos. A produção de biodiesel e diesel renovável nos Estados Unidos demanda mais de 454 milhões de quilos de óleo de soja por mês, com um aumento de 30% na capacidade de esmagamento. Cerca de 20 novas plantas ou ampliações estão em desenvolvimento.
Situação no Brasil
No Brasil, o uso do B100 (biodiesel puro) é limitado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), devido à insuficiência da produção. Apenas alguns frotistas, como JBS e Amaggi, possuem licença para utilizar biodiesel puro em suas operações. Segundo Valter Gomes da Vieira Junior, gestor de frotas da Amaggi, a homologação de caminhões por fabricantes como Volvo e Scania tem permitido abastecer com B100.
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