sexta-feira, dezembro 5, 2025

A difícil estrada da eletrificação de cargas — e o novo passo da Volkswagen

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Caminhões elétricos enfrentam barreiras, e a Volkswagen busca destravar o setor com o eletropostos no Rio de Janeiro

A eletrificação no transporte de carga é um desafio muito mais complexo do que no transporte de passageiros urbanos que tem apoio de políticas públicas e financiamento subsidiado. Mesmo na Europa — onde os incentivos governamentais e a infraestrutura de recarga estão muito mais avançados do que no Brasil —, os ônibus elétricos já representam 22,7% das vendas de veículos pesados de passageiros, enquanto os caminhões elétricos não passam de 3,8%.

O desafio para veículos de carga é tamanho que levou Christian Levin, CEO global da Scania e presidente do Conselho Executivo do TRATON Group, a desabafar sobre as dificuldades dessa transição, em entrevista publicada no Brasil com exclusividade pela Frota News: Entrevista exclusiva: Não é falha de engenharia, é falha de política”, critica CEO da Scania sobre eletrificação

Agora, imagine o grau de frustração quando se fala em eletrificação de veículos de caminhões em um país como o Brasil, onde a infraestrutura pública para automóveis ainda engatinha. Apesar disso, a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) mantém sua convicção: acredita no futuro elétrico e segue investindo na consolidação do e-Delivery, o primeiro e ainda único caminhão elétrico produzido no país.

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Pioneira na eletromobilidade no transporte de cargas brasileiro, a VWCO dará um passo adiante ao participar do programa internacional Laneshift Rio, iniciativa global liderada pela C40 Cities e pelo The Climate Pledge, voltada à ampliação da infraestrutura pública de recarga na cidade do Rio de Janeiro. A montadora fará parte da Aliança Cidade-Empresa Laneshift, contribuindo com consultoria técnica e experiência de campo no desenvolvimento de soluções para o transporte comercial sustentável.

O e-Delivery está entre os veículos que serão utilizados no projeto para testar e aperfeiçoar um modelo de hub público de recarga. Segundo a VWCO, a participação no Laneshift representa uma oportunidade concreta de colaborar com o poder público e demais parceiros na construção de uma infraestrutura robusta de recarga, condição essencial para que o transporte elétrico de cargas ganhe escala. Uma iniciativa positiva, mas, mais representativa como agenda ESG da VWCO do que uma solução para logística.

Difícil será convencer o frotista de que ele poderá contar, todos os dias, com vagas disponíveis para recarregar os caminhões em pontos públicos — sujeitos a filas, disputas de espaço e eventuais falhas técnicas. O setor de logística precisa de eletropostos instalados dentro de suas próprias garagens, onde haja previsibilidade: vaga garantida, energia suficiente e carregadores com ao menos 99% de disponibilidade. Afinal, trata-se de um caminhão com agenda de entregas e horários rígidos a cumprir. Ainda assim, a infraestrutura pública pode atender parte da demanda — mesmo que, por enquanto, de uma minoria que não precisa da rigidez na operação de logística urbana.

A colaboração entre setor público e privado é essencial para acelerar a descarbonização do transporte de carga. Com o Laneshift, temos a oportunidade de testar modelos reais de recarga pública e contribuir com nossa experiência em veículos elétricos para tornar essa transição uma realidade concreta nas cidades brasileiras, diminuindo a dependência dos clientes de infraestrutura própria e ampliando as oportunidades para expansão de suas frotas”, afirma Roberto Cortes, CEO e presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus.

O programa Laneshift prevê a instalação de 15 novos eletropostos públicos até 2028. Desde julho, a aliança opera um projeto demonstrativo de recarga no Rio de Janeiro, com dois eletropostos abertos ao público: o Eleposto Carioca, na Barra da Tijuca — o primeiro hub de recarga em área pública da cidade —, e outro na Avenida Brasil. Ambos funcionam como verdadeiros laboratórios urbanos para testar modelos de operação, cobrança e integração de veículos comerciais elétricos à malha urbana.

O piloto já contabiliza mais de 1.000 sessões de recarga e 35 MWh consumidos, envolvendo diferentes modelos de veículos de carga que circulam na capital fluminense. Atualmente, 20% de todas as recargas públicas do Rio de Janeiro já correspondem ao transporte de carga, demonstrando o potencial do segmento. Os dados coletados nessa fase de testes servirão de base para a expansão da rede de recarga prevista no Plano Estratégico 2025-2028 da cidade, com apoio técnico do Laneshift e participação ativa da VWCO.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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