sexta-feira, junho 20, 2025

Reestruturada, GOL avalia diversificar frota com jatos Embraer

Após encerrar seu processo de reestruturação nos EUA, companhia aérea estuda diversificação de frota e pode abrir diálogo com a Embraer para novos modelos de aeronaves regionais

A GOL Linhas Aéreas finalizou, na sexta-feira (6), seu processo de reestruturação judicial nos Estados Unidos, encerrando oficialmente a tramitação sob o Capítulo 11 da Lei de Falências. Com isso, a companhia brasileira inicia uma nova etapa com foco em fortalecimento operacional, expansão de malha e, principalmente, na possibilidade de diversificar sua frota — o que pode abrir espaço para uma parceria inédita com a fabricante brasileira Embraer.

A movimentação marca a superação de uma crise que se arrastava desde a pandemia de Covid-19, agravada por atrasos na entrega de aeronaves da Boeing e alto endividamento. Em janeiro de 2024, a GOL entrou com o pedido de proteção judicial em Nova York e, 498 dias depois, deixa o processo com cerca de US$ 900 milhões em liquidez e redução significativa da alavancagem, que deve cair de 5,4 vezes para menos de 3 vezes até 2027.

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GOL
Celso Ferrer, CEO da Gol

Segundo o CEO da companhia, Celso Ferrer, a nova GOL está “mais enxuta, eficiente e preparada para crescer com foco no cliente”. Parte desse plano envolve receber cinco novas aeronaves Boeing 737 MAX ainda em 2025. No entanto, há uma peça estratégica adicional que pode redesenhar a estrutura da frota da empresa: a possível entrada da Embraer no portfólio de aeronaves.

Embraer entra no radar

Embora a GOL tenha, historicamente, operado com uma frota padronizada da Boeing — um de seus pilares operacionais —, fontes do mercado indicam que a companhia estuda a adoção de aviões regionais, e a Embraer é vista como uma forte candidata a suprir essa demanda.

A perspectiva ganha força diante dos planos da GOL de ampliar suas rotas para cidades médias e novas operações internacionais de curta distância, como o Sul da Flórida até a Argentina. Nesse cenário, a família de jatos E2 da Embraer, especialmente o E195-E2, se torna uma alternativa natural para ampliar a capilaridade da malha sem comprometer a eficiência.

Executivos da GOL evitam comentar oficialmente sobre negociações com a Embraer, mas fontes próximas à companhia confirmam que estudos internos avaliam os custos operacionais e a compatibilidade técnica da frota regional brasileira, revela o site especializado em aviação Airway. A possibilidade de leasing, com apoio de financiadores como Castlelake e Elliott — os mesmos que injetaram US$ 1,9 bilhão para a saída do Chapter 11 — também é considerada como viabilizadora do negócio.

Estratégia e cenário regulatório

A adoção de aviões menores da Embraer poderia representar um movimento relevante não apenas para a GOL, mas para o setor aéreo nacional como um todo, descentralizando voos das grandes capitais e fortalecendo a aviação regional — um dos pilares do plano de governo federal para o setor aéreo.

Além disso, a movimentação da GOL acontece paralelamente à discussão de fusão com a Azul, conduzida sob o guarda-chuva do Abra Group, investidor controlador de GOL e Avianca. Analistas avaliam que, com a saúde financeira restaurada, a GOL pode adotar uma postura mais autônoma, tornando a aliança com a Azul menos urgente ou estratégica.

No entanto, qualquer expansão da frota dependerá da aprovação da ANAC e do CADE, sobretudo em um ambiente de possível consolidação de mercado.

Embraer: oportunidade estratégica

Para a Embraer, a eventual entrada da GOL como cliente representaria um marco importante. A fabricante já é fornecedora da Azul e tem presença forte nos Estados Unidos, Europa e África. O fornecimento de jatos para a GOL ampliaria sua presença doméstica e poderia consolidar ainda mais sua liderança global no segmento de jatos regionais.

Além disso, a demanda por aeronaves mais sustentáveis, eficientes e de menor capacidade se encaixa perfeitamente na proposta da linha E2, cuja versão E195-E2 é hoje o jato mais silencioso e econômico da sua categoria. A GOL, por sua vez, busca melhorar sua performance ambiental e já manifestou interesse em soluções com menor pegada de carbono.

Conclusão

Com o fim do processo de recuperação judicial e novo fôlego financeiro, a GOL projeta um ciclo de crescimento com inovação, eficiência e foco regional. A possível aliança com a Embraer poderá reconfigurar o transporte aéreo no Brasil, fortalecendo a indústria nacional e levando conectividade a cidades médias hoje pouco atendidas.

Nos bastidores, as tratativas já começaram. A aviação brasileira pode, em breve, decolar para um novo capítulo — desta vez, com duas empresas nacionais dividindo o protagonismo nos céus.

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