domingo, fevereiro 9, 2025

Indústria nacional de máquinas agrícolas e de construção na “Rua 25 de Março” 

Assim como deveria ocorrer no segmento de caminhões e ônibus, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) realizou uma coletiva de imprensa exclusiva para jornalistas especializados em veículos, com foco principal em máquinas agrícolas e de construção, além de outros veículos comerciais. Essa iniciativa traz mais visibilidade e informações relevantes para esses setores. 

Nas coletivas mensais realizadas com a imprensa que cobre o setor automotivo, o foco costuma estar voltado para automóveis de passeio, relegando menos espaço para os segmentos de caminhões, ônibus e máquinas. Abaixo, apresentamos os principais dados divulgados na coletiva de máquinas agrícolas e de construção. 

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O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, apresentou o balanço de vendas de máquinas no ano passado. Houve resultados negativos no segmento agrícola e positivos no de construção. Além disso, ele também destacou a crescente presença de máquinas chinesas nesse mercado, especialmente em compras públicas do governo federal, comparando essa situação à famosa Rua 25 de Março, conhecida pela diversidade de produtos em termos de preço, origem, qualidade e garantia “soy yo”.

Um estudo em andamento 

Um estudo conduzido pela Anfavea revelou que, em 29 licitações envolvendo 2.132 produtos, 32% das máquinas autopropulsadas adquiridas pelo governo federal pertenciam a empresas que não possuem etapas fabris no Brasil. Esse cenário foi descrito como “a invasão das máquinas importadas nas compras públicas do país”. 

Máquinas
Fabricantes de veículos e máquinas com fábricas no Brasil

Nas licitações, é comum que as empresas vencedoras adquiram as máquinas mais baratas, descartando-as ao final das obras, já que o custo foi coberto por recursos públicos. 

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Segundo Márcio de Lima Leite, a próxima etapa do estudo demonstrará que algumas empresas realizam uma “maquiagem” de produção local. Elas criam uma estrutura mínima para obter o selo “Made in Brazil”, prática comum na Zona Franca de Manaus. 

Máquinas
A capacidade de produção da indústria brasileira para veículos e máquinas

“Há empresas com menos de 20 empregados que claramente não possuem capacidade de produção local. Algumas operam de forma transitória, mantendo apenas escritórios modestos. Isso é vergonhoso, e detalharemos essas situações em breve. Além disso, é importante observar que a manutenção dessas máquinas tende a ser inadequada nesses casos”, destacou o presidente. 

Máquinas
Fabricantes de máquinas agrícolas e de construção no Brasil

Déficit comercial e a presença chinesa 

Devido à invasão das máquinas chinesas, o setor de máquinas agrícolas e de construção registrou déficit comercial em 2024 pelo segundo ano consecutivo. Assim, mais de 55% das máquinas autopropulsadas importadas vieram da China e 26% da Índia. A participação da China nas importações de máquinas nas Américas dobrou em 2024, passando de 20,7% para 43%. No segmento de construção, essa participação aumentou de 7,7% para 12,7%, segundo Lima Leite. 

“Sem uma política pública bem estruturada, os investimentos brasileiros poderão ser comprometidos. De 2020 a 2024, as importações totais de máquinas cresceram três vezes, de 12,8 mil para 20,6 mil unidades, enquanto as exportações aumentaram apenas 1,6 vez, no mesmo período. Atualmente, o déficit é de 5,8 mil unidades”, explicou. 

Retomada do imposto de importação 

A Anfavea defende o retorno do Imposto de Importação sobre esses equipamentos ao índice tradicional de 14%. Atualmente, essa alíquota está em 12,6%, após ter sido reduzida para 8% em 2022 e reajustada gradativamente desde então. 

Lima Leite também mencionou que, com o aumento das barreiras aos produtos chineses nos Estados Unidos, promovido pelo governo Trump, o Brasil pode se beneficiar em termos de exportações. No entanto, essa mesma política pode levar a um aumento da oferta de máquinas chinesas no mercado brasileiro. 

Resultados de vendas 

As vendas de equipamentos para construção no Brasil atingiram 37,1 mil unidades em 2024, representando um crescimento de 22% em relação às 30,4 mil unidades comercializadas em 2023. Por outro lado, no segmento de máquinas agrícolas, foram vendidas 48,9 mil unidades em 2024, contra 61 mil em 2023, o que representa uma queda de 19,8%. 

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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