quinta-feira, novembro 6, 2025

Caminhão a biodiesel no Brasil polui menos que elétrico na China, aponta estudo da Anfavea

- Publicidade -

Análise do ciclo de vida completo mostra que o Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo e vantagem na corrida global pela descarbonização. É o que mostra estudo inédito da Anfavea

Há três formas principais de medir a emissão de veículos, e elas representam a profundidade da análise ambiental. A primeira é Tanque à Roda (TTW), que mede apenas as emissões do escapamento durante a operação. A segunda, Poço à Roda (WTW) — também conhecida como Energia à Roda — amplia o escopo ao incluir as emissões da cadeia de energia, desde a produção do combustível ou da eletricidade até seu uso no veículo. Por fim, a Berço ao Túmulo (CTG) é a abordagem mais completa: soma o Poço à Roda às emissões geradas pela fabricação, manutenção e descarte final do veículo, oferecendo uma visão total do impacto ambiental de ponta a ponta.

Embora os veículos 100% elétricos a bateria apresentem emissão zero local (tanque à roda), estudos mostram que eles não são necessariamente a melhor solução quando se considera todo o ciclo de vida. Um novo levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em parceria com a Boston Consulting Group (BCG), reforça essa conclusão: um caminhão a diesel com 15% de biodiesel (B15) pode emitir menos poluentes do que um caminhão totalmente elétrico rodando na China.

O B15 se mostra muito mais eficiente do ponto de vista de menos emissões e, rodando com 100% de biodiesel, ele descarboniza quase como um veículo elétrico”, destacou Igor Calvet, presidente da Anfavea, ao apresentar o estudo intitulado Caminhos da Descarbonização: a pegada de carbono no ciclo de vida do veículo.

Estudo pioneiro mede emissões do “berço ao túmulo”

O trabalho, inédito no Brasil, calculou as emissões de CO₂ em todo o ciclo de vida dos automóveis, caminhões e ônibus fabricados no país — da pré-produção ao descarte — e comparou esses dados com os de veículos produzidos em mercados como União Europeia, Estados Unidos e China.

A análise revelou que mais de 94% das emissões dos caminhões e ônibus a diesel ocorrem durante o uso, o que reforça o papel dos biocombustíveis na redução da pegada de carbono. Nos elétricos, o cenário se inverte: a maior parte das emissões vem da produção das baterias e insumos, especialmente em países cuja eletricidade ainda depende fortemente de fontes térmicas.

Brasil tem a matriz mais limpa do mundo

Com 90% de sua matriz elétrica composta por fontes renováveis — hidrelétricas, solar, eólica e biomassa — e 50% da matriz energética total também renovável, o Brasil se destaca globalmente. “Certamente é um dos países, senão o maior, com a matriz mais limpa”, afirmou Calvet.

De acordo com o estudo, ônibus urbanos movidos a diesel com adição de 15% de biodiesel têm as menores emissões de carbono do mundo, e o biometano se mostrou a alternativa mais limpa para o transporte de longa distância, embora ainda limitada por infraestrutura e oferta.

Caminhos múltiplos para a descarbonização

Para o diretor executivo e sócio-sênior do BCG, Masao Ukon, o Brasil já parte de uma posição privilegiada. “O país tem uma pegada de carbono menor, sustentada por sua matriz renovável e décadas de experiência com biocombustíveis e veículos flex. O estudo mostra que é possível avançar ainda mais ao melhorar a eficiência em cada etapa da cadeia produtiva e de uso”, afirmou.

Segundo Gilberto Martins, diretor de assuntos regulatórios da Anfavea, não há uma única rota tecnológica para descarbonizar o transporte. “Biodiesel e gás natural (GNV) são caminhos diferentes que descarbonizam, assim como o HVO, que começa a ganhar espaço no mercado”, disse.

Quando o assunto é transporte público, a avaliação é semelhante: ônibus elétricos e movidos a biometano podem coexistir como soluções limpas e complementares, desde que apoiadas por infraestrutura adequada e políticas de incentivo.

Descarbonização depende da cadeia completa

O estudo reforça que o desafio da descarbonização não se limita ao tipo de motor, mas abrange toda a cadeia produtiva, desde a fabricação de peças e insumos até o descarte e a reciclagem. Essa visão mais ampla está alinhada ao programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que prevê, a partir de 2027, considerar a pegada de carbono no ciclo de vida completo como critério para concessão de incentivos à indústria automotiva.

Acompanhe notícias selecionadas que importam para o setor de transporte de carga e logística:
➡️ Acompanhe nossas redes sociais: LinkedInInstagram e Facebook
➡️ Inscreva-se no canal do Videocast FrotaCast
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Últimas notícias
você pode gostar:

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui