A BorgWarner apresenta resultados positivos para 2025, perspectiva de estabilidade para 2026 e crescimento para 2027. A Frota News visitou à fabrica de Itatiba (SP) para conversar com as suas principais lideranças e conhecer as linhas de montagem de turbocompressores para veículos leves e pesados, sistema de ventiladores para radiadores de pesados e sistema de correntes para motores de leves.
A partir de meados de 2026, começa a ser construída uma nova linha de montagem de turbocompressores passará a produzir localmente em 2027 uma linha de turbos para carros de passeio que hoje é fabricada na Europa e destinada a um modelo flex comercializado no mercado brasileiro. O nome da montadora — europeia — permanece sob confidencialidade contratual.
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A linha será transferida integralmente de uma unidade da própria BorgWarner na Europa. A instalação dos equipamentos — bancadas, máquinas de teste e balanceadoras — está prevista para meados de julho de 2026, com ramp-up da produção ao longo de 2027. O investimento não foi revelado, mas a nacionalização permitirá à cliente maior previsibilidade, redução de custos logísticos e mitigação de riscos ligados ao câmbio e ao transporte internacional.
“Com a localização do turbo mitigamos o risco, que hoje é 100% do cliente. Quando o produto passa a ser feito aqui, é o fornecedor quem se responsabiliza pelo estoque, componentes e agilidade de entrega”, afirma Melissa Mattedi, diretora geral da unidade de Itatiba. Ela destaca ainda a vantagem do suporte técnico imediato.
A nova linha, que ocupará espaço já disponível na fábrica — hoje com utilização entre 83% e 85% da capacidade — exigirá a contratação inicial de oito profissionais. Quando atingir o pico de operação, em dois turnos, deverá elevar em cerca de 10% o volume total de turbos fabricados em Itatiba. Um diferencial é a flexibilidade: os equipamentos podem ser adaptados para outros tamanhos de turbo e motores, abrindo caminho para possíveis expansões junto ao mesmo cliente ou a novos contratos.
Terceira montadora de carros leves
A nacionalização marca também a chegada da terceira montadora de veículos leves ao portfólio da BorgWarner no Brasil. A mais recente conquista havia sido a Stellantis, em 2019 — parceria que se ampliou com Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot, culminando no turbo da Fiat Strada lançado em 2022. A empresa também fornece à Volkswagen, cuja linha Tera adotou turbocompressor da marca no início deste ano.
Se o segmento de leves representa o maior volume de produção, o de pesados o de maior valor agregado e sofisticação. Nos pesados, desde a entrada em vigor do Proconve L8 (equivalente ao Euro 6), a BorgWarner fornece turbos ball bearing (mais eficientes) para Scania e Volvo além de soluções convencionais com mancal para Mercedes-Benz, Volkswagen Caminhões e Ônibus e Iveco. Um novo contrato em veículos comerciais também será anunciado no fim de 2025 — com exceção da DAF, todas as grandes montadoras do setor já são clientes.
A executiva afirma que a penetração dos turbos nos carros de passeio no Brasil gira em torno de 50%, sendo metade de participação da BorgWarner. Na Europa, essa taxa chega a 70%, o que indica, segundo Mattedi, tendência de expansão para o mercado brasileiro.
A empresa também intensifica negociações com marcas chinesas instaladas no País — BYD, GWM, Geely, Chery e Omoda Jaecoo.
Desempenho em 2025 e projeções para 2026
A fábrica de Itatiba deve encerrar 2025 com crescimento de 25% no faturamento e de 20% na produção. O impulso veio dos turbos ball bearing para pesados, da maior demanda de veículos flex 1.0 e 1.3, e dos recordes de vendas no mercado de reposição. As correntes de sincronismo — fornecidas a Renault, Nissan e Stellantis — avançaram 25%.
O ano de 2025 também marca os 50 anos da BorgWarner no País. Para Mattedi, é o “ano de ouro” da operação. Mas 2026 deve ser de estabilidade: sem novos lançamentos programados com fornecimento da companhia e com um cenário macroeconômico desafiador — juros altos, crédito restrito e incertezas geopolíticas —, a meta é manter o desempenho atual. “Se não reduzirmos o faturamento já será um ganho”, resume.
O segmento de pesados, tradicionalmente mais resiliente, sentiu impactos após o “tarifaço” e adiou renovações de frota. A empresa, porém, não enfrenta dificuldades com semicondutores, pois utiliza fornecedores de diversas regiões além da China.
Eletrificação e novas oportunidades
A expansão dos veículos eletrificados não preocupa a BorgWarner no curto e médio prazo. Como o avanço no Brasil ocorre principalmente com híbridos, que também utilizam turbos, a demanda permanece. Além disso, a companhia é fornecedora global de componentes para eletrificação — como sistemas térmicos, ventiladores eletrônicos e soluções para gerenciamento de baterias — e está aberta a localizar novas linhas conforme a evolução do mercado.
Além disso, se a eletrificação 100% a bateria vem enfrentando resistência no mundo interior, exceto para ônibus urbanos, no qual a BorgWarner já tem uma solução com grande aceitação e já utilizada pela Mercedes-Benz no Brasil, entre outros países.
Em 50 anos de operação, a unidade de Itatiba já produziu mais de 8 milhões de turbocompressores, 6 milhões de embreagens viscosas e ventiladores, e outros 6 milhões de correntes de sincronismo. A partir de 2027, começa mais um ciclo: com a nacionalização da nova linha, a BorgWarner reforça sua estratégia de diversificação e consolida o Brasil como polo industrial estratégico para motores de combustão e eletrificados.


