A escalada tarifária promovida por Donald Trump nos últimos meses reacendeu a guerra comercial entre EUA e China, levando o gigante asiático a buscar novos fornecedores agrícolas. Em abril, a China adquiriu 2,4 milhões de toneladas de grãos, principalmente soja do Brasil, consolidando o país como seu principal parceiro no setor — movimento já previsto no artigo “Pegue o próximo desvio; soja a caminho da China“, publicado pelo Frota News e assinado pelo jornalista Jorge Görgen.
A decisão da China está diretamente ligada às tarifas impostas por Trump, que elevaram as taxas sobre produtos chineses para até 145%. Como resposta, o governo chinês aplicou tarifas igualmente severas a grãos norte-americanos, como soja, milho e carne suína, impactando diretamente o tradicional eixo comercial entre as duas maiores economias do planeta.
Nesse novo cenário, o Brasil surge como a principal alternativa para suprir a demanda chinesa por grãos. A competitividade do agronegócio brasileiro, aliada à confiança comercial já estabelecida com a China, tem favorecido esse aumento nas exportações. Outros países, como Argentina e Ucrânia, também começam a se beneficiar dessa reconfiguração.
Ao mesmo tempo, o movimento chinês revela uma estratégia de médio e longo prazo: reduzir a dependência dos EUA, diversificar fornecedores e fortalecer sua segurança alimentar. Essa mudança estrutural pode reposicionar permanentemente o Brasil como player estratégico no fornecimento de commodities.
Apesar dos benefícios imediatos, especialistas alertam para a volatilidade do cenário internacional. A dependência excessiva de um único comprador e a imprevisibilidade da geopolítica global exigem planejamento de longo prazo e estratégias de mitigação de risco por parte dos exportadores brasileiros.
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