quinta-feira, novembro 21, 2024

O que está acontecendo nos bastidores da Stellantis? Muitas brigas entre herdeiros

Entre centenas de fabricantes de veículos no Brasil e no mundo, incluindo empresas fornecedoras do setor, eu tenho problema com apenas uma: Stellantis, e veja, que já trabalhei lá, quando ainda era somente Fiat Automóveis, muito humanizada. A Stellantis virou um monstro, tanto para o bem (cria muitos empregos e investe em inovação) e para o mal (quer impor pelo poder econômico, autoritarismo, tirou a autonomia dos assessores de imprensa, que ganha espaço utilizando o poder econômico.

O que esperar de uma empresa como a Stellantis. A filha do Giovanni Agnelli, Margherita, está brigando nas justiça com os filhos pela herança do pai, fundador da Fiat, origem do Grupo Stellantis, dono de marcas como Fiat Professional, Fiat, Peugeot Brasil, Citroën do Brasil, Jeep, Ram do Brasil, e muitas outras. O pivô da briga é o CEO da Stellantis. Esta briga por bilhões de euros de herança deixados por Agnelli é notícia nos principais jornais e revistas de economia do mundo e revelado recentemente. A Stellantis é rica, gigante, e a Stellantis South America, domina o mercado automobilístico na linha abaixo da Linha do Equador, mas com problemas de caráter. Domina muitos jornalistas, menos este. Saiba mais neste artigo do jornal Valor Econômico.
https://lnkd.in/dhiMEZtc

Como jornalista, o que posso fazer é expor para o público o que ocorre nos bastidores, pois eu tenho respeito pelas equipes de comunicação de todas as marcas. No entanto, com a Stellantis está impossível. Eles só fazem o nosso relacionamento piorar.

Abaixo, explico um pouco mais sobre fatos recentes, que publiquei no LinkedIn:

Quando iniciei minha carreira no jornalismo automotivo, há três décadas, enfrentei um desafio logo de início: um acidente ao capotar um carro da Ford Brasil, modelo Fiesta, na época, ainda importado da Espanha. Naquela época, fiz uma ligação crucial para o Gerente de Comunicação da Ford Brasil, o Secco, conhecido como o “Papa em PR no Brasil” e mestre de toda uma geração. Na ligação, eu quis contar sobre o acidente. Ele não quis saber sobre o carro, mas se eu estava bem com a pergunta “o que interessa é saber se você está bem”. Eu, ainda iniciante, estava conhecendo a pessoa considerada um ícone em comunicação corporativa no Brasil e sempre foi uma inspiração para mim.

Há anos, o filho, José Carlos Secco, ajuda perpetuar o trabalho do pai.

Ao longo dos anos, trabalhando no O Debate, Jornal Hoje em Dia, na Fiat Automóveis, na TV Globo SP, na maior editora do mundo no setor automotivo, a Motorpresse, entre outras, sempre me espelhei em abordagens humanizadas, pois sempre tive excelentes mentores. Sempre visei manter um relacionamento humano e educado nas interações entre assessores de imprensa e jornalistas.

Pois é, o oposto ocorre com algumas empresas, principalmente, com a Stellantis South America, que quero distância enquanto ela não quiser ser uma empresa mais humana e parar de praticar comunicação em via de mão única, só para os interesses dela.

Posso contar histórias de que sempre tive excelente relacionamento com as pessoas das áreas de comunicação corporativa. As experiências negativas são raras, portanto, trataremos como exceção. O jornalista Boris Feldman publicou um vídeo crítico sobre o pós-venda da BYD Brasil, e depois, um novo elogiando a atitude positiva da área de comunicação da BYD. O Boris Feldman sempre foi uma referência para as novas gerações de jornalistas no setor.

O Boris Feldman tem muito conhecimento e um senso crítico muito superior à média dos jornalistas. Com as suas análises jornalísticas, já tirou carros do mercado por apontar defeitos com fortes argumentos. Há algumas décadas, General Motors South America pediu a sua cabeça ao jornal Estado de Minas, e a GM perdeu a batalha e ficou vista como montadora que praticava censura utilizando o poder econômico. Depois foi a vez da Toyota do Brasil também perder uma batalha para o Boris Feldman.

Por que fiz esta contextualização? Porque, eu me inspiro em jornalistas com o nível de ética como o do Boris Feldman, e outros que foram meus mentores. Sofro “represálias” de poucas marcas, mas existem. Porém, o meu nível de ética é não baixar a cabeça e continuar praticando um jornalismo ético. Para a minha sorte, a maioria das empresas evoluiu no seu nível ético, e só tenho problemas com duas ou três do setor automotivo.

Meu foco sempre foram meus leitores. E foi com eles em mente que me tornei empreendedor há nove meses, criando o Frota News. Nos primeiros tempos difíceis, com mais contas a pagar do que receitas, contei com o apoio de empresas que valorizaram minha experiência de 37 anos no jornalismo automotivo e não apenas o nome “Frota News”. O Frota News é fruto dessa jornada rica em experiências e anos de trabalho na Fabet São Paulo, uma entidade respeitada na área de logística.

Recentemente, enfrentei uma situação desanimadora com a Stellantis South America. Após escalar um repórter para cobrir um evento em Curitiba devido à minha agenda lotada, ele foi diagnosticado com dengue. Informei a agência do evento Belvitur sobre o diagnóstico e fiquei chocado com a falta de humanidade na resposta. Em meio a um grave surto de dengue em São Paulo, tudo que a atendente da Stellantis Saúde fez foi perguntar se poderia cancelar a passagem do repórter.

Ainda na esperança de algum profissionalismo e cuidado com os convidados, perguntei se eu poderia comparecer ao evento como repórter e recebi um “NÃO” como resposta.

Essa experiência me fez questionar: se essa é como a Stellantis e a Peugeot Brasil tratam um jornalista com décadas de experiência, como será que tratam seus clientes?

Para mim, a Stellantis não está preparada para atender os frotistas brasileiros. A empresa tem um time excelente de assessores de imprensa, mas, eu já tenho provas, que esses assessores não têm liberdade e autonomia, são limitados por outras áreas da empresa. A Stellantis é grande utilizando o poder econômico, mas utilizando a boa comunicação, a ética e a honestidade com o público.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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