As frotas de veículos pesados movidas a gás natural fóssil veicular e biometano poderão circular pelas estradas mineiras em breve. Pelo menos no que depender da Gasmig (Companhia de Gás de Minas Gerais). A empresa tem planos de investir R$ 5,8 bilhões até 2033, o maior aporte próprio já feito pela empresa. O projeto contempla a construção de mais de 1 mil quilômetros de linhas de distribuição no Sul de Minas e Triângulo Mineiro. Posteriormente, a distribuição chegará ao Vale do Jequitinhonha.
Então, neste artigo, entenderemos os benefícios ambientais e econômicos do biometano, empresas que já utilizam, e as perspectivas para este biocombustível no Brasil.
Inicialmente, a ideia é começar com a distribuição do gás natural veicular (GNV) e, assim que possível, com o biometano, um gás verdadeiramente sustentável por ser três vezes menos poluente do que o GNV. Estudos realizados pela Iveco e o governo italiano comprovaram que o biometano comprimido pode levar a uma redução de gases que alteram o clima em até 96% em comparação ao diesel, e uma redução de emissões de óxido de nitrogênio de até 72%.
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Além de poluir menos, o biometano é um biocombustível que faz parte da economia circular. Isso, porque ele é produzido a partir da reciclagem de lixos e resíduos orgânicos das cidades, fazendas e indústrias de alimentos. Além de R$ 7,2 bilhões sendo aplicados na construção de usinas de biogás e biometano, a Tupy adquiriu a MWM Motores e Geradores em 2022 e as duas empresas estão construindo bioplantas em fazendas do agronegócio para produção de biometano e biofertilizante no País, com uso de resíduos do agro.
O uso de biometano produzido em aterros do Rio de Janeiro já abastecem caminhões da frota que faz o transporte da L’Oreal para São Paulo. Em breve, a PepsiCo também vai abastecer sua frota a partir de um posto de abastecimento que está sendo construído em sua unidade de Itu (SP). A Cocal, empresa do setor sucroenergético, realizou o retrofit de 20 equipamentos, incluindo caminhões usados Volvo VM a diesel, em veículos a gás. Estes veículos e equipamentos agora operam exclusivamente com biometano, um combustível sustentável produzido a partir dos resíduos da cana-de-açúcar.
Infraestrutura e corredores
Atualmente, Minas Gerais conta com quatro corredores de GNV que conectam o estado aos outros três da região Sudeste e à Bahia: o Corredor GNV BH-Rio (BR-040), o Corredor GNV Fernão Dias (BR-381), o Corredor GNV Vitória (BR-381/262) e o Corredor GNV Rio-Bahia (BR-116/381). Vale lembrar que, para abastecer caminhões é preciso ter bombas de abastecimento diferente de veículos leves, pois precisa ser de alta-pressão.
A Gasmig quer assegurar pelo menos um posto de GNV a cada 400 km nas principais rodovias que ligam Minas a outros estados, permitindo que regiões estratégicas sejam alcançadas. A expectativa é de que, até o final de 2025, três novos postos sejam inaugurados em rodovias estaduais e federais. Até o final de 2026, mais oito postos deverão ser adicionados, totalizando 71, conforme as metas da Segunda Revisão Tarifária Periódica.
Investimentos em veículos pesados
O uso do GNV em veículos pesados é uma solução intermediária para a redução de custos operacionais e iniciar a promoção da sustentabilidade no setor de transportes e, o biometano, uma solução promissora.
A vantagem é que os caminhões e ônibus produzidos atualmente pela Iveco e Scania para uso do gás no Brasil é que eles são como os veículos leves com motor flex. Você pode abastecê-los com GNV puro, biometano puro ou uma mistura dos dois. Portanto, os transportadores podem investir em uma frota movida a gás, abastecer com GNV e, futuramente, com biometano, quando este estiver disponível, o que ocorrerá em breve. A Gasmig espera que as transportadoras façam investimentos em frotas de veículos pesados para viabilizar a rede de postos de abastecimento.
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Frota a gás
Apesar de caminhões a gás serem uma novidade no Brasil, essa realidade está mudando rapidamente. De acordo com a Anfavea, o número de novos caminhões movidos a gás licenciados no Brasil nos últimos anos foi de 741 unidades. O volume começou a subir a partir da Fenatran de 2019, quando a Scania fez o lançamento dos seus modelos com modernos motores que garantem ao caminhão o mesmo desempenho em potência e torque de um motor a diesel.
O GNV tem se mostrado uma alternativa econômica, com uma economia de até 15% em relação ao diesel. Empresas que optam por veículos pesados movidos a gás buscam certificações que reconheçam a pegada menor de carbono. Aumentando assim, a sua capacidade de obter linhas de crédito diferenciadas. O biometano promete benefícios maiores porque podemos produzi-lo em qualquer lugar, sem depender de reservas de gás natural, apenas de lixões e resíduos orgânicos.
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Autonomia e economia
Estudos da Gasmig para o cenário do GNV em julho de 2024 mostram que, ao abastecer R$ 100 de GNV, é possível percorrer 391 km em veículos leves e utilitários, com um custo de R$ 0,26/km. Para veículos pesados, o GNV permite um rendimento de até 419 km. Comparado aos 345 km feitos com diesel, considerando a mesma quantidade de combustível consumido.
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