quinta-feira, novembro 21, 2024

VW Meteor Hybrid e outras soluções para redução das emissões de poluentes

A engenharia da Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) é totalmente brasileira e sempre desenvolveu produtos para as condições do Brasil e países com condições similares. Em cada Fenatran, ela sempre apresenta caminhões conceitos em conformidade com as tendências. O e-Delivery já foi caminhão conceito e há alguns anos é realidade em muitas frotas de distribuição e serviços. Na Fenatran de 2022, a VWCO apresentou VW Meteor Optimus movido a HVO e, na Fenatran deste ano, apresentou o caminhão conceito VW Meteor Hybrid. 

A VW também apresentou o VW Constellation 26.280 Biometano que será testado por clientes a partir de 2025. Porém, vamos apresentar este modelo em outro artigo, pois o tema biometano merece um artigo exclusivo e, neste, o foco será veículo híbrido e HVO. Mas já adianto que a VWCO investir em caminhão movido a biometano é uma notícia muito boa.

Tração inteligente

Este novo Meteor Hybrid conta com sistema de tração inteligente desenvolvido em parceria com a Suspensys. Dotado de um motor a diesel e um eixo auxiliar elétrico, esse protótipo vem com tecnologia embarcada para gerenciar o uso de cada trem de força de forma automática, de acordo com a rota e a disponibilidade de bateria, antecipando até mesmo topografias à frente na estrada. 

Assine, gratuitamente, a Newsletter Frota News 

O conjunto proporciona mais capacidade de tração já que o terceiro eixo se torna trativo, transformando o modelo em um 6×4 sempre que necessário. Isso se traduz em mais torque para aclives ou força para a partida, quando o veículo-conceito traciona um reboque carregado. Estudos preliminares indicam que essa configuração pode reduzir o tempo de viagem graças à potência adicional. Em subidas de serra, por exemplo, o modelo ganha até 20% de velocidade graças a seu adicional de 35% de força trativa nas rodas. 

Vazio, pode rodar como 4×2 

Por outro lado, também há sistema para elevar o eixo auxiliar quando não estiver tracionando, acarretando menor desgaste dos pneus. O custo operacional se beneficia ainda da menor exigência do conjunto diesel e do sistema de freios. Além disso, o sistema de regeneração recupera energia nas desacelerações, aumentando a eficiência e a economia de bateria. A ampliação de sua autonomia varia em função da operação e da rota. 

Desta vez, o conceito agrega soluções para a eletrificação ao mesmo tempo em que flexibiliza a necessidade de infraestrutura, já que o modelo pode rodar somente com o motor a diesel se não houver possibilidade de carregamento em viagens de longa distância ou mesmo receber uma recarga em sistema de baixa voltagem (com 220V). O veículo também possui o sistema de recarga rápida de alta voltagem, com o sistema padrão CCS2. 

Leia também: 

Maior estudo para a “Descarbonização da Mobilidade” com tecnologias brasileiras

Outras soluções da indústria de ônibus e implementos  

São soluções híbridas como esta que podem tornar o transporte com veículos pesados mais viável, logicamente, dependendo do valor de aquisição e da manutenção. Produtores de implementos rodoviários, como a Randon, também estão oferecendo implementos com eixo elétrico como auxiliar no conjunto da composição cavalo mecânico mais carreta. 

No segmento de ônibus, a Volkswagen desenvolveu e apresentou em algumas feiras o e-Volksbus híbrido, que tinha um motor 1.4 flex, podendo ser abastecido com etanol. Este motor a combustão funcionaria como um gerador de energia para as baterias, mas o projeto foi deixado, e foi desenvolvido outro ônibus elétrico e-Volksbus 100% a bateria que já está em produção. 

Ainda sobre ônibus híbrido, a Marcopolo apresentou na última Lat.Bus, o Volare Attack 9 Híbrido, uma alternativa focada na realidade brasileira. O micro-ônibus tem as suas baterias carregadas por um pequeno motor movido a etanol. Assim, ele é livre de tomadas de carregadores caros, pois a energia (etanol) pode ser encontrado em um dos 41.000 postos de combustível espalhados pelo Brasil, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo). 

Solução com motor Horse como gerador 

A Volare utiliza um moderno motor turbo 1.0 de três cilindros da Horse, empresa fabricante de motores da Renault e Geely. O motor no protótipo da Volkswagen foi um motor maior e muito mais caro, o que fez a empresa seguir com o 100% elétrico a bateria.   

A solução da Volare combinada com motores e geradores elétricos da Weg. Com isso, o modelo tem autonomia de até 450 km com um único abastecimento e apenas três pacotes de baterias armazenando 122 kWh. Isso não só proporciona uma maior capacidade de transporte de passageiros, mas também garante que o veículo seja uma opção viável em qualquer região do Brasil, graças à sua neutralidade no ciclo do CO² e à possibilidade de gerar créditos de carbono. Outra grande vantagem do Attack 9 Híbrido é o seu alto grau de nacionalização.   

Mais sobre o Meteor Hybrid 

Para elevar ainda mais os ganhos ambientais e de eficiência, o conceito do Meteor Hybrid apresenta pacote aerodinâmico composto por um sofisticado conjunto de defletores, que vão desde o teto, passando pelas laterais da cabine e chassi, incorporando também extensores para considerar o pack de baterias, para assegurar a maior aerodinâmica, juntamente com uma proteção de borracha em toda a parte inferior. Já as calotas contam com um design especial para diminuir o arraste. 

A bordo da cabine, o motorista passa a desfrutar um maior campo de visão, com alcance de mais de dois quilômetros, proporcionado com o sistema de câmeras e monitores que elimina pontos cegos e permite melhor visibilidade noturna em virtude de sensores infravermelhos, além de colaborar com um menor coeficiente de arrasto aerodinâmico. Não é necessário qualquer ajuste durante manobras e ainda tem um maior controle dos obstáculos no movimento de ré. 

Testes iniciais estimam que o conceito Meteor Hybrid pode reduzir em até 10% o consumo de diesel, dependendo da topografia de sua operação. Isso reflete diretamente nas emissões de CO2e, podendo corresponder a mais de 25 toneladas evitadas por ano. E o potencial pode ser ainda maior: a redução supera 90% se abastecido com HVO (óleo vegetal hidrotratado), também conhecido como diesel verde, como é o caso do modelo em apresentação nesta Fenatran de 2024. Nesse cenário, seriam 230 toneladas evitadas. 

diesel verde
O diesel verde já é utilizado em diversos países e o Brasil acelera em busca de novas soluções

HVO 

O HVO, já amplamente utilizado nos países na Europa e Estados Unidos, segundo a Frota News apurou com a Neste, empresa da Finlândia, com exportação para diversos países no mundo. Inclusive, executivos da Neste já estiveram em reunião com a diretoria da CNT (Confederação Nacional do Transporte) em Brasília.   

Então, por que o Brasil não produz o HVO, também conhecido como diesel verde? 

O Brasil ainda não produz o HVO (óleo vegetal hidrotratado), também conhecido como diesel verde, em larga escala devido a alguns fatores principais, segundo a Frota News apurou com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis). 

Meteor Hybrid
Gráfico mostra em quais setores o uso do diesel verde cresce no mundo em comparação com os combustíveis fósseis

Regulamentação: Ainda não há uma regulamentação específica para o uso do HVO no Brasil. Isso significa que o mercado ainda está se adaptando e aguardando diretrizes claras para a produção e comercialização desse biocombustível. 

Infraestrutura: A produção de HVO requer investimentos significativos em infraestrutura, como biorrefinarias especializadas. Embora existam projetos em andamento, como a primeira biorrefinaria dedicada à geração de HVO em Manaus, que deve entrar em operação em 2025, a capacidade produtiva ainda é limitada. 

Concorrência com outros biocombustíveis: O Brasil tem uma longa tradição na produção de biocombustíveis, especialmente o biodiesel e o etanol. A introdução do HVO no mercado enfrenta desafios relacionados à concorrência com esses biocombustíveis já estabelecidos. 

Custo de produção: O custo de produção do HVO pode ser mais alto em comparação com outros biocombustíveis, o que pode dificultar sua competitividade no mercado brasileiro. 

Apesar desses desafios, o HVO está começando a ganhar espaço no Brasil como uma alternativa para reduzir as emissões no transporte, especialmente de carga e aviação. Com o tempo, é possível que o país desenvolva a infraestrutura e a regulamentação necessárias para aumentar a produção desse biocombustível.   

Quem quiser aprofundar mais sobre o tema de diesel verde e biodiesel, indicamos o livro “Biodiesel e Diesel Verde no Brasil: Panorama Recente e Perspectivas”, dos autores: Artur Yabe Milanez, Guilherme Baptista da Silva Maia, Diego Duque Guimarães e Cleiton Leandro Alves Ferreira.  

Meteor Hybrid
Livro para se aprofundar no tema de biocombustíveis

Nos siga no LinkedIn!

 

 

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
- Publicidade -

ASSINE NOSSA NEWSLETTER

Últimas notícias
você pode gostar:

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui