Com o anúncio do pacote tarifário pelos Estados Unidos, impondo uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 6 de agosto, o mercado nacional acendeu um sinal de alerta. Apesar das incertezas quanto à efetivação da medida e às possíveis respostas do governo brasileiro, os reflexos já começam a ser sentidos na indústria e no modelo de abastecimento. Nesse cenário de instabilidade geoeconômica, a logística emergencial se destaca como ferramenta estratégica para reduzir impactos e garantir a continuidade das operações.

Segundo o especialista Marcelo Zeferino, CCO da Prestex, com mais de 20 anos de atuação no segmento, a situação abre um leque de oportunidades para empresas que operam com logística rápida e personalizada, voltada para cenários críticos.
“Estamos falando de um serviço diferente do transporte convencional. Enquanto o transporte regular atende demandas previsíveis e programadas, a logística emergencial atua sob urgência — seja para reposição imediata de insumos, ajuste de rotas ou atendimento de demandas fora do padrão, com forte presença do modal aéreo”, explica.
Setores mais impactados e oportunidades
Zeferino destaca que segmentos como aeronáutica, agroindústria, equipamentos industriais e bens de capital serão os mais sensíveis à nova configuração logística, precisando readequar rapidamente seus canais de abastecimento.
“Quando grandes empresas brasileiras que dependem do mercado americano começam a revisar suas estratégias, isso sinaliza realinhamentos profundos na cadeia de suprimentos”, afirma.
Ainda que setores como Óleo e Gás e commodities não estejam no epicentro da crise, eles também podem aproveitar o momento para otimizar suas operações.
“O redirecionamento da produção e a busca por novos mercados exigem agilidade logística. Esse movimento muda o mix de transporte e estoque, abrindo espaço para operadoras especializadas em soluções de alta performance”, completa.
Redistribuição e não paralisação
Questionado sobre o risco de colapso da malha logística, Zeferino aposta em um cenário de redistribuição: “Empresas que antes dependiam de insumos internacionais passarão a buscar soluções locais. Isso reconfigura fluxos, estoques e centros de distribuição. E a logística emergencial é essencial nesse ajuste, entregando rapidez e flexibilidade.”
Cautela e ousadia para atravessar a crise
Para enfrentar a volatilidade do câmbio e as incertezas econômicas, o especialista defende um equilíbrio entre cautela e ousadia. “Algoritmos preditivos, rotas alternativas e gestão integrada de risco para ajustar a malha operacional à demanda real. A ousadia está em enxergar oportunidades onde outros só veem retração. As empresas que se posicionarem bem agora sairão fortalecidas quando a maré virar”, conclui.


