Desde a invenção da roda, a mudança de tecnologia era com intervalos de tempos confortáveis e suficientes para adaptação. Registros apontam que a roda foi inventada há 4 milênios a.C. Dizem também que a roda não foi inventada, mas copiada. Um primata viu um coco cair da árvore e apenas teve um insight. Isso é história. A realidade atual é que as mudanças tecnológicas não nos permitem ficar sem se atualizar de um dia para o outro. E para se adaptar às mudanças é necessária muita resiliência.
Na semana passada, comprei um aparelho de telefone fixo em um supermercado. O aparelho é igual ao de décadas atrás. Difícil de achar, pois, mesmo muito barato, R$ 39,90, ninguém quer mais. Já o meu celular, comprado há menos de um ano, já está ultrapassado para o hoje. Então, comece a aceitar essa grande mudança: o veículo com motor movido por combustível fóssil é como o aparelho de telefone fixo e o celular é como o veículo elétrico.
Porém, a maior dificuldade, inclusive para países ricos, é a quantia de dinheiro envolvida. O veículo tradicional vai custar cada vez menos e desvalorizar menos. O veículo elétrico de hoje vai ser ultrapassado amanhã e vai desvalorizar mais por, como ocorreu com os telefones celulares, ficará muito obsoleto rapidamente.
Grandeza de valores
Para ainda usar o celular como analogia, limitada, temos aparelhos de smartphone entre R$ 200 e R$ 15 mil. Os carregadores de celulares vem com o aparelho e podem ser ligados em tomadas comuns, residenciais. E mesmo que precise comprar um carregador de celular, ele custa entre R$ 50 e R$ 150 reais.
Aqui começa o buraco negro nesta analogia. Os veículos elétricos variam entre R$ 146 mil e R$ 2 milhões considerando as tecnologias atuais. Um caminhão pesado movido a hidrogênio pode ultrapassar os R$ 3 milhões. Parece que a conversa começou a ficar mais elitista? Ainda não falamos dos valores dos carregadores rápidos. A conta vai aumentar e esperamos que abaixe um pouco com o ganho de escala. Temos que esperar para ver.
Sobre carregadores, podemos comprar o de celular por valores entre R$ 50 e R$ 150 reais. O carregador para veículo elétrico parte de R$ 7 mil no Mercado Livre. No Ali Express, desde que possa esperar alguns meses, encontra a partir de R$ 1.300. Mas são carregadores de baixíssima capacidade, que podem levar mais de 12 horas para carregar uma bateria pequena. Mas temos sistemas eficientes, como os da ABB e Siemens, por R$ 300 mil (incluindo a construção da infraestrutura de instalação), que vai recarregar a bateria em minutos. Precisava custar tão caro?
Além do elétrico puro
Porém, temos que fazer essa transição tecnológica, não só para o elétrico, pois temos no radar biometano, HVO, hidrogênio verde, entre outras tecnologias. Vale lembrar que a célula de combustível também utiliza eletricidade, mas não tem nada a ver com o elétrico como conhecemos. Mesmo assim, devido à dependência de muitos componentes importados, um caminhão a gás hoje custa de 40% a 50% mais caro do que o mesmo modelo a diesel.
Alguém vai ter que pagar esta conta financeira. Ainda falaremos da conta intelectual.
Há grandes empresas querendo pagar esta conta, todas com compromissos com a redução de GEE (gases que provocam o efeito estufa, como o CO₂), com o Pacto de Paris, entre outros compromissos com investidores e clientes. Os pagantes de impostos também fazem parte da lista dos pagantes da conta, mesmo que inconscientemente.
Agora vamos falar sobre a conta intelectual, pois as pessoas vão ter que construir novos conhecimentos ou contratar quem tem tais conhecimentos.
Precisamos conhecer mais
Abaixo, vou deixar, neste artigo, apenas algumas perguntas sobre o conhecimento básico, mas necessário, sobre os veículos elétricos. Como missão, vamos responder às perguntas em próximos artigos no Frota News de forma contínua sobre a mudança de tecnologia:
Qual é o principal componente de um veículo elétrico? E qual é mais instável?
Esta resposta é fácil. A bateria. No entanto, qual bateria? A mais comum é a de lítio (Li-íons). Por que os especialistas não estão felizes com a dependência do lítio, além do seu alto custo e impacto negativo ambiental?
Sabia que é possível dobrar a autonomia dos caminhões?
Quais tecnologias que estão para chegar em termos de bateria, a curto, médio e longo prazo? O que sabemos sobre sódio sólido? E o nióbio? Existem mais de U$ 400 bilhões investidos para o desenvolvimento de baterias mais baratas, mais leves, menores, com carregamento rápido e maior durabilidade em termos de autonomia e vida útil. Tudo sem esquecer da reciclagem. Os U$ 400 bilhões investidos ainda não deram a resposta que gostaríamos, mas versões intermediárias, melhores do que as atuais, estão chegando.
Portanto, é muito importante saber sobre isso. A chegada de uma nova tecnologia faz a anterior perder valor mais do que a substituição do iPhone A pelo B. Quando o assunto é veículo, a diferença ultrapassa a cada de centenas de milhares de dólares, e não mil dólares como ocorre com os celulares.
Qual a diferença entre um carregador veicular elétrico AC para um DC? Quantos kW são necessários para o seu desejo de tempo para recarga da bateria?
Mudança contínua
Para não me alongar muito, paro por aqui, pois ainda há muitas questões a serem discutidas sobre mudança de tecnologia. Mas tenha certeza, há bastante investimento em pesquisas que vão nos trazer as respostas. Mas esteja preparado para muitas mudanças renovadoras e contínuas para esta transição necessária para a mobilidade de pessoas e cargas, e, como mídia jornalística, é nosso papel fazer perguntas e trazer as respostas na medida que vão surgindo.
Nos siga também no LinkedIn!
Leia também: A TRANSPEDROSA ESTÁ CONTRATANDO MOTORISTAS E AGREGADOS
[…] Leia também: Resiliência Para Mudança De Tecnologia: De Petróleo Para Energia Renovável […]