sexta-feira, dezembro 5, 2025

Pesquisa CNT: Empresas de ônibus investem em renovação da frota e estrutura de manutenção

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O setor de transporte rodoviário interestadual de passageiros atravessa uma fase de transição. Ao mesmo tempo em que preserva suas raízes familiares, investe em modernização da frota, estrutura de manutenção interna e diversificação de serviços. É o que revela a mais recente Pesquisa CNT Perfil Empresarial 2024, aliada aos dados de mercado do primeiro quadrimestre de 2025 divulgados pela Anfavea sobre as vendas de chassis nos primeiros quatro meses deste ano.

Enquanto o transporte aéreo amplia sua participação nas viagens de longa distância, os ônibus seguem relevantes, especialmente por sua capilaridade, menor custo e conectividade com regiões fora do alcance dos aeroportos. Esse cenário demanda maior profissionalização das empresas, estratégias de renovação e qualidade nos serviços.

Frota mais nova e voltada ao conforto do passageiro

Os dados da CNT mostram que a frota das empresas que atuam no segmento regular interestadual é, majoritariamente, composta por veículos das classes executiva, double decker e convencional com banheiro. A idade média da frota gira entre 4 e 10 anos, com predominância de veículos com motor traseiro (85%), mais silenciosos e confortáveis.

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A preocupação com o passageiro também se reflete nos itens de bordo: 92,6% da frota possui ar-condicionado, 88,7% tem banheiro e 66,8% oferecem Wi-Fi. A conectividade e o conforto se tornam cada vez mais decisivos na escolha da empresa por parte do usuário.

Em termos ambientais, 72% dos ônibus a diesel operam com motores da fase P7 do Proconve (Euro 5), e outros 9% já utilizam a tecnologia P8 (Euro 6), mais eficiente em redução das emissões. Embora os veículos elétricos ainda representem uma parcela mínima, a presença dessa tecnologia no setor já é uma realidade em expansão para rotas até 300 km.

manutenção própria

Fonte: CNT

Manutenção sob controle: maioria adota oficinas próprias

Manter a frota operando com segurança e pontualidade exige estrutura técnica de suporte. Nesse quesito, a pesquisa aponta que 62,2% das empresas realizam manutenção em oficinas próprias. O modelo híbrido, que combina serviços internos e terceirizados, é adotado por 35,6% das transportadoras. Apenas 2,2% dependem exclusivamente de prestadores externos.

A centralização das oficinas nas mãos das operadoras proporciona maior agilidade nas rotinas de revisão, economia em contratos e padronização dos processos técnicos. Em um setor onde o tempo de parada impacta diretamente os custos e a experiência do cliente, esse diferencial torna-se estratégico.

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Empresas familiares mantêm protagonismo

Mesmo com a pressão por modernização, o setor mantém uma forte base familiar. Cerca de 93% das empresas são controladas por famílias, das quais 73,8% já estão na segunda ou terceira geração. Embora a cultura organizacional esteja enraizada em modelos tradicionais, há um movimento visível em direção à profissionalização da gestão: 42,9% operam com administração híbrida, unindo dirigentes familiares e executivos externos.

A estrutura jurídica reflete essa origem. Mais de 86% das empresas têm formato de sociedade limitada (Ltda.), o que permite maior controle familiar e simplicidade administrativa. A maior parte está sediada nas regiões Sudeste e Sul, com operação nacional sustentada por redes de filiais – presentes em 91% das companhias ouvidas.

Outro dado relevante: 84,4% das empresas não dependem exclusivamente do transporte interestadual. Atuando também com cargas, fretamento e linhas urbanas, elas buscam diluir riscos e ampliar oportunidades de receita.

Crescimento nas vendas de chassis aponta para renovação da frota

O mercado de ônibus apresenta sinal claro de recuperação em 2025. Segundo a Anfavea, foram emplacados 7.729 chassis entre janeiro e abril, crescimento de 32,4% em relação ao mesmo período de 2024. Nesta estatística estão inclusos todos os tipos de chassis, desde micro-ônibus até rodoviários 8×2.

A liderança permanece com a Mercedes-Benz, que comercializou 3.889 unidades no quadrimestre, seguida pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (1.966), Agrale (1.123) e Iveco (775). Esta última teve o maior salto proporcional: 252,3%. O avanço é atribuído à retomada de investimentos em renovação de frota por parte das empresas e à maior oferta de crédito.

Os dados de produção no primeiro quadrimestre da Fabus (Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus — leia-se de carrocerias), confirma em crescimento do setor e uma melhor visão por segmento.

Entre janeiro e abril de 2025, foram produzidas 8.626 carrocerias de ônibus no Brasil. Participação por segmento:

  • Urbanos: 3.446 unidades — 39,95%
  • Rodoviários: 2.536 unidades — 29,40%
  • Intermunicipais: 86 unidades — 1,00%
  • Micro-ônibus: 2.040 unidades — 23,65%
  • Miniônibus: 518 unidades — 6,01%
manutenção própria
Fonte: CNT

A predominância dos modelos urbanos e rodoviários destaca a crescente exigência por serviços mais modernos, confortáveis e eficientes nas operações municipais e interestaduais. A presença relevante dos micro e miniônibus também sinaliza a importância de frotas adaptadas para rotas regionais e serviços diferenciados.

A divisão da produção por segmento mostra a predominância dos ônibus urbanos (39,95%) e rodoviários (29,40%), refletindo a crescente demanda por serviços de transporte mais modernos, eficientes e confortáveis em linhas urbanas e interestaduais.

Este cenário projeta não apenas um aumento na idade média da frota nacional, mas também reforça o movimento de qualificação dos serviços prestados, em resposta à concorrência com modais alternativos e operadores irregulares.

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Desafios permanecem, mas o setor demonstra força

Embora resiliente, o transporte rodoviário interestadual convive com desafios importantes. O custo do diesel e a infraestrutura rodoviária deficiente seguem como entraves para a expansão sustentável.

Ainda assim, a combinação de empresas tradicionais, com base familiar sólida, gestão cada vez mais técnica e forte estrutura de manutenção, aponta para um setor em renovação. Com investimentos crescentes em tecnologia, conforto e eficiência, o transporte por ônibus segue como peça-chave na mobilidade brasileira — especialmente fora dos grandes eixos urbanos e aeroportuários.

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Marcos Villela Hochreiter
Marcos Villela Hochreiterhttps://www.frotanews.com.br
Atuo como jornalista no setor da mobilidade desde 1989 em diversas redações. Também nas áreas de comunicação da Fiat e da TV Globo, e depois como editor da revista Transporte Mundial por 22 anos, e diretor de redação de núcleo da Motor Press Brasil. Desde 2018, represento o Brasil no grupo do International Truck of the Year (IToY), associação de jornalistas de transporte rodoviário de 34 países. Desde 2021, também atuo como colaborador na Fabet (Fundação Adolpho Bósio de Educação no Transporte, entidade educacional sem fins lucrativos). Em 2023, fundei a plataforma de notícias de transporte e logística Frota News, com objetivo de focar nos temas que desafiam as soluções para gestão de frotas.
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