No Brasil, a preocupação com a origem e qualidade dos produtos automotivos é uma questão de extrema importância para os proprietários de veículos comerciais. Há alguns anos surgiram evidências alarmantes de que lubrificantes falsificados para motores estão sendo comercializados, colocando em risco os motores e a operação dos frotistas.
Somente em um mês, em outubro de 2022, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) fez uma descoberta ao apreender mais de 100 mil litros de óleo lubrificante de motor falsificado. Essa apreensão lançou luz sobre um problema sério que afeta os transportadores em todo o país.
Os lubrificantes falsificados, ao contrário dos produtos genuínos, muitas vezes carecem dos aditivos essenciais para manter o motor funcionando de maneira eficaz e segura. Esse aspecto, por si só, pode causar danos graves às peças do motor e resultar em custos de reparo que podem facilmente ultrapassar os R$ 20 mil em comerciais leves e até R$ 100 mil em caminhões com motores de 6 cilindros.
Além disso, a utilização de lubrificantes falsificados pode levar a uma série de problemas adicionais. Entre eles, o aumento da temperatura de funcionamento do veículo, o aumento do consumo de combustível e a propensão à formação de borras e vernizes prejudiciais no motor. No caso de veículo comercial, além do prejuízo material, há os danos do período parado para reparos.
Perspectivas positivas com implemento rodoviário com 4º eixo
Fabricantes unidos para combater a falsificação
Diante dessa ameaça crescente à segurança e ao desempenho dos veículos, o Instituto Combustível Legal (ICL) tomou uma iniciativa crucial. O instituto anunciou a criação de um núcleo específico dedicado a combater o mercado irregular de óleos lubrificantes. Esse núcleo conta com a participação de empresas renomadas do setor, incluindo Vibra, Ipiranga, Raízen, Mobil e Petronas.
O ICL enfrenta uma série de desafios no combate às irregularidades no setor de lubrificantes, que incluem a sonegação fiscal, o roubo de cargas, a produção de lubrificantes falsificados por fábricas clandestinas e a venda de produtos sem a aprovação da ANP, incluindo óleos desprovidos de aditivos ou fora das especificações adequadas.
“Já atuamos no combate ao mercado irregular de combustíveis em parceria com os setores público e privado. Estamos presentes para atuar contra a sonegação fiscal, fraudes operacionais (adulteração da qualidade e quantidade nas vendas de combustíveis), entre outros exemplos. No segmento de lubrificantes, integraremos uma visão ainda mais ampla no setor de energia para combater esses atos ilícitos”, analisa Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal.
As iniciativas do ICL
Nos últimos três anos, o ICL tem se dedicado a quatro iniciativas essenciais para construir um mercado de combustíveis mais ético e justo. Isso inclui forças-tarefas de fiscalização, revisões das legislações estaduais, combate ao devedor contumaz e simplificação tributária. Entre as ações mais notáveis do instituto, ademais, destaca-se a realização de workshops destinados às forças policiais e de fiscalização, o fornecimento de apoio em inteligência aos órgãos encarregados de combater o mercado irregular e o suporte logístico para doação a instituições públicas de combustível apreendido em operações realizadas pelas autoridades.
Por fim, em um mercado onde a confiança e a qualidade são essenciais, a luta contra os lubrificantes falsificados é mais relevante do que nunca. Os transportadores devem estar atentos à procedência dos produtos que utilizam em suas frotas e, decerto, apoiar os esforços de organizações como o Instituto Combustível Legal para garantir a integridade de seus motores e a segurança nas estradas brasileiras.