Panorama 2025 revela retrato inédito da frota agrícola brasileira e projeta futuro da mecanização no campo
O agronegócio brasileiro acaba de ganhar uma ferramenta inédita para compreender a real dimensão e os rumos da mecanização no país. O Panorama Setorial de Máquinas Agrícolas no Brasil 2025, lançado pela consultoria [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado, apresenta o primeiro retrato abrangente da frota de tratores, colheitadeiras e pulverizadores em operação no território nacional.
Mais do que números, o estudo revela hábitos de consumo, ciclos de renovação, modelos de acesso às máquinas e expectativas tecnológicas que moldarão o futuro da agricultura nacional. O levantamento se consolida como instrumento estratégico para montadoras, fornecedores de peças, distribuidores, locadoras, instituições financeiras, órgãos públicos e produtores.
“O estudo abrange máquinas agrícolas em culturas-chave como milho, soja, trigo, cana-de-açúcar, café, algodão e arroz, consolidando-se como a pesquisa mais completa já desenvolvida para compreender o presente e projetar o futuro da mecanização do agronegócio nacional”, afirma Luis Vinha, sócio-diretor da [BIM]³.
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Base robusta e alcance nacional
A consistência metodológica sustenta a ambição do projeto. Entre fevereiro e julho de 2025, foram realizadas mais de 700 entrevistas em todas as regiões do país, 80% delas de forma presencial. O estudo alcança margem de erro de 3,4 pontos percentuais e nível de confiança de 95%, assegurando precisão estatística.
A amostra concentrou-se em grandes propriedades — 64% acima de mil hectares —, justamente por reunirem maior número de máquinas por unidade produtiva. Outras fatias incluíram áreas de 51 a 200 hectares (18%) e de 10 a 50 hectares (17%). Para evitar distorções, os dados passaram por reponderação estatística, refletindo a estrutura real da agricultura brasileira.
“Essa construção metodológica garante a confiabilidade dos resultados e coloca o Panorama como referência estratégica para decisões de toda a cadeia produtiva”, explica Gregori Boschi, sócio-diretor da [BIM]³.
Retrato da frota agrícola em 2025
O parque circulante brasileiro soma 1,65 milhão de máquinas agrícolas:
- 1,35 milhão de tratores
- 217 mil colheitadeiras
- 82,5 mil pulverizadores

Outro dado preocupante é a conectividade: apenas 33,9% das propriedades rurais têm acesso à internet, o que limita a adoção de soluções digitais de monitoramento e gestão.
Quem decide no campo
As decisões de compra permanecem concentradas:
- Geração X: 39%
- Geração Y (millennials): 24%
- Baby Boomers: 12%
- Geração Z: 15%
Mais de 70% das aquisições são feitas diretamente pelos proprietários ou familiares, reforçando o caráter estratégico do investimento. Embora o perfil ainda seja predominantemente masculino, algumas culturas, como o café, mostram maior participação feminina — 18% das decisões já são tomadas por mulheres.

Modelos de acesso: a força da locação
A locação de máquinas ganha espaço como alternativa ao alto custo de aquisição:
- 11% das propriedades alugam tratores
- 38% recorrem à locação de colheitadeiras
- 19% utilizam pulverizadores alugados
Esse movimento revela a busca por flexibilidade operacional e atualização tecnológica sem comprometer a produtividade. Além disso, 55% dos entrevistados pretendem adquirir novas máquinas nos próximos dois anos, embora o crédito agrícola continue como gargalo.
“A intenção de compra está clara; o que falta é remover as travas de financiamento para transformar essa demanda em negócio efetivo”, reforça Vinha.
Tecnologia e combustíveis: a transição começa
O futuro da mecanização agrícola passa por máquinas mais inteligentes, conectadas e autônomas. Entre os recursos mais desejados estão cabines tecnológicas, câmbio automático, sensores de ajuste em tempo real e pulverização de alta precisão com leitura a laser.
No abastecimento, o diesel segue dominante (96% em tratores, 90% em pulverizadores e 86% em colheitadeiras), mas sinais de transição já aparecem. O etanol surge como alternativa em até 19% das colheitadeiras, enquanto o biometano desponta com 9% em tratores e pulverizadores.
Pós-venda e percepção de marcas
A autossuficiência do produtor é marcante: 64,8% realizam internamente a manutenção preventiva. Na corretiva, concessionárias e oficinas ganham espaço, mas o peso do reparo próprio continua alto.
Em reputação, John Deere lidera em presença e satisfação, seguida por Jacto e Case IH entre as mais bem avaliadas. John Deere e New Holland figuram entre as marcas mais presentes no campo.
Um setor em transição
Os dados cruzados revelam um agronegócio em movimento:
- Frota envelhecida x intenção de renovação
- Alto custo e burocracia de crédito x ascensão da locação
- Apetite tecnológico x baixa conectividade no campo
- Pós-venda interno x papel decisivo das concessionárias em casos complexos
Para a [BIM]³, esse cenário combina modernização gradual da frota, inovação nos modelos de acesso e digitalização das operações, com sustentabilidade ganhando relevância.
Até 2030, a frota deve atingir 1,8 milhão de unidades — 1,48 milhão de tratores, 231 mil colheitadeiras e 89 mil pulverizadores. “O Panorama 2025 diferencia-se por unir diagnóstico preciso e visão prospectiva, transformando dados em inteligência aplicada para antecipar tendências e embasar decisões em toda a cadeia do agro”, conclui Boschi.
O Panorama 2025 da [BIM]³ marca um divisor de águas para o agronegócio brasileiro: pela primeira vez, o setor dispõe de um retrato fiel de sua frota agrícola aliado a uma bússola para orientar os próximos passos da mecanização no campo.


